O fato, segundo o meteorologista e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Isimar Azevedo dos Santos, ocorre porque, diferentemente do Atlântico Norte, que banha a costa dos Estados Unidos, o Atlântico Sul é pouco estudado por não ter rotas de navegação importantes. Pensando em aumentar o número de informações disponíveis sobre estes ciclones, profissionais de Estados Unidos, Austrália e de países do Cone Sul (Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil) estarão reunidos para o Encontro Internacional sobre Ciclones do Atlântico Sul - Previsão de Trajetórias e Riscos, entre os dias 19 e 21 de maio, no hotel Rio Othon Palace (Av. Atlânica, 3264, Copacabana) no Rio de Janeiro. O evento conta com o apoio da FAPERJ.
Segundo Santos, que coordena o encontro, apesar de a maior parte da população acreditar que o Brasil é um país livre da ameaça de ciclones, a afirmativa não é bem verdadeira. “Um exemplo é o ciclone que atingiu no começo deste mês algumas cidades do estado de Santa Catarina, no sul do país”, afirma Santos. Segundo informações da Agência Brasil – órgão de comunicação oficial da presidência da República –, deixou mais de 1.600 pessoas desabrigadas em várias cidades de lá. “Aqui no Brasil, os ciclones que nos afetam são chamados extratropicais, sempre associados às frentes frias”, explica o meteorologista. “Embora no Rio se formem muito distantes da costa, eles afetam de forma indireta o estado por meio de fortes ressacas que atingem as praias do litoral. Além disso, importantes setores da economia fluminense, como portos, turismo, lazer, navegação e pesca estão sujeitos a prejuízos decorrentes desses fenômenos”, acrescenta o meteorologista.
O encontro faz parte do projeto “Estudo de Ciclones no Atlântico Sul e Impactos na Costa do Estado do Rio de Janeiro”, sigla Ciclones, projeto financiado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, órgão de fomento à pesquisa ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia). O Ciclones se integra a alguns dos objetivos do projeto internacional denominado Thorpex, desenvolvido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à ONU, e que se propõe a aperfeiçoar as previsões meteorológicas de alto impacto como os ciclones extratropicais e os tropicais (que se transformam em furacões). “No caso do sul e sudeste do Brasil, eles ocorrem eventualmente e acontecem com maior freqüência no outono. Em geral, podem ser previstos entre sete a dez dias antes de ocorrerem”, ensina Santos.
O coordenador do evento explica que, em geral, os ciclones se formam nos oceanos e necessitam de uma forte base de dados meteorológicos para serem reconhecidos. Neste ponto, Azevedo dos Santos destaca o desenvolvimento que a meteorologia brasileira vem tendo nos últimos 15 anos. “Esta ciência necessita de uma grande base tecnológica e seu desenvolvimento no país está diretamente ligado ao avanço tecnológico e econômico que nosso país tem passado”, explica Santos. “Hoje, os órgãos responsáveis por pesquisas meteorológicas em nosso país empregam modelos com níveis altos de previsão. Temos ainda alguns pequenos erros, umas dificuldades pontuais em regiões mais carentes de recursos econômicos, como é o caso da Amazônia”, acrescenta Santos.
Por último, ele chama a atenção para o maior intercâmbio, que vem acontecendo nos últimos cinco anos, entre a base de dados das duas grandes instituições responsáveis pela pesquisa e operação de meteorologia: o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Apesar de as duas instituições possuírem diferentes programas na área de observação, monitoramento de terra e previsão numérica de tempo, elas têm buscado integrar mais sua base de dados. Este ponto, inclusive, será tema de um dos painéis de nosso evento; a geração e divulgação integrada de dados meteorológicos”, conclui o meteorologista.
Confira o site oficial do evento: www.lpm.meteoro.ufrj.br/meeting
Veja também: - http://www.inpe.br/- http://www.inmet.gov.br/
Fonte: Faperj
Nenhum comentário:
Postar um comentário