terça-feira, 29 de julho de 2008

Recifes de Abrolhos são maiores do que se imaginava

Cientistas anunciaram que o sistema de recifes dos Abrolhos, que já é o maior e mais biodiversificado do Atlântico Sul, tem quase duas vezes o tamanho que se imaginava anteriormente. Isso porque o coral zoanthus do arquipélago, incorpora a areia à sua estrutura de construção de recifes. "Tínhamos algumas pistas oferecidas pelos pescadores locais, quanto à existência de alguns recifes, mas não na escala que viemos a descobrir", anunciou em comunicado Rodrigo de Moura, um especialista em vida marinha da Conservation International Brazil, uma organização sem fins lucrativos. Ele afirmou que "é altamente incomum descobrir uma estrutura de recife dessas dimensões e abrigando tamanha abundância de peixes".

Usando varreduras laterais de sonar para produzir um mapa tridimensional do leito do mar, os pesquisadores encontraram recifes anteriormente desconhecidos com coral pilqueta e de outras variedades, a uma profundidades de entre 20 e 73 metros, bem ao largo da costa sul da Bahia, Brasil. "Os recifes recentemente descobertos apresentam grande abundância de vida, em alguns locais abrigando densidade de vida marinha 30 vezes superior à dos recifes mais conhecidos e mais rasos", afirmou Guilherme Dutra, diretor do programa marinho da Conservation International Brazil. Apenas uma fração dos habitats marinhos localizados na região dos Abrolhos estão protegidos, agora.

Espécies marinhas que só existem no Brasil ¿ entre as quais corais macios, moluscos e peixes- encontram abrigo em Abrolhos, que apresentam também os corais M. caverosa.
No Simpósio Internacional de Recifes de Coral de Fort Lauderdale, Flórida, no começo de julho, cientistas da Universidade Federal do Espírito Santo e da Universidade Federal da Bahia, bem como representantes da Conversation International Brazil, anunciaram que o sistema de recifes dos Abrolhos é quase duas vezes maior do que se estimava anteriormente. Peixes como o caranho, existente em Abrolhos, ao longo da costa brasileira, dependem dos recifes de coral para alimentação e abrigo.

Mas os corais estão sofrendo em função das alterações climáticas. A acidez crescente do oceano está alterando a química das águas marinhas a ponto de gerar a possibilidade de que, por volta de 2050, animais marinhos como corais, moluscos e lagostas venham a deixar de produzir suas cascas protetoras, de acordo com um estudo publicado este mês pela revista "Science".
A ilha de Santa Bárbara é a maior do arquipélago brasileiro dos Abrolhos, sede do maior sistema de corais do planeta, no Atlântico Sul. Pesca excessiva, poluição, presença de sedimentos gerados pelo desenvolvimento da costa, fazendas de camarões, prospecção de petróleo e conversão de terras ao uso agrícola em larga escala estão entre as ameaças locais aos recifes de corais da região, dizem cientistas da Conservation International Brazil.

Uma recente expedição constatou que os recifes da área cobrem duas vezes a área estimada previamente, o que gerou apelos por proteção mais ostensiva aos habitats. Os cientistas planejam agora estudar a vida das novas estruturas de recifes.

Fonte: The New York Times

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