segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mostra revela universo que inspirou Darwin a criar a teoria da seleção natural

Por Haendel Gomes, da Fiocruz

O Ano Internacional da Biodiversidade – lançado oficialmente em janeiro pela Organização das Nações Unidas em Berlim – marca a comemoração especial da data pelo Museu da Vida da Fiocruz, com a exposição Evolução e natureza tropical. O objetivo é mostrar como os trópicos inspiraram os cientistas na formulação da teoria da evolução por seleção natural, a partir da biodiversidade brasileira, uma das mais ricas do planeta. A inauguração ocorre em 4 de maio, na sala de exposições temporárias do Museu, um espaço de integração entre ciência, cultura e sociedade coordenado pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), e permanecerá em cartaz até 31 de julho.

Entre as atrações estarão uma miniatura da embarcação que trouxe o naturalista britânico Charles Darwin aos trópicos e a réplica de uma tartaruga – feita em resina - das Ilhas Galápagos, medindo 1,5m. Importantes obras, como The origin of the species by means of natural selection, de Darwin; Travels on the Amazon, de Alfred Wallace; e Voyage au Bresil, do zoólogo suíço Louis Agassiz, amigo do imperador Dom Pedro 2º, e que também esteve no país, fazem parte da mostra. Outro importante personagem é o alemão Fritz Muller, cientista que morou em Blumenau (SC) a partir de meados do século 19 e apoiou Darwin e sua obra. O público de todas as faixas etárias vai poder participar de atividades lúdicas, entre as quais um bingo com a biodiversidade vista por Darwin em terra brasileira e um jogo com os tentilhões, pássaros encontrados pelo naturalista nas Galápagos.

Um dos aspectos importantes que marcam Evolução e natureza tropical é que Wallace e Darwin construíram suas teorias da evolução por seleção natural de modo independente, por meio de intensos estudos em outras regiões do mundo, embora tenham visitado o Brasil no século 19. Ressalte-se que, enquanto Darwin passou quatro meses no Rio de Janeiro, tendo morado em Botafogo e visitado a região norte fluminense, bem como a Ilha de Fernando de Noronha e Salvador, Wallace mapeou o Rio Negro, no Amazonas, contribuindo de maneira significativa para a hipótese da seleção natural.

Na sala de exposição, distribuídos em seus 340m² de área, serão reunidos exemplares de mamíferos (preguiça, morcego), fósseis e peixes (fluminenses e amazônicos); frutos, sementes de palmeiras; instrumentos científicos – microscópio, barômetro, cronômetro, sextante, inclinômetro, semelhantes aos usados pelos naturalistas; uma maquete do HMS Beagle (navio que trouxe Darwin); borboletas para representar o mimetismo mulleriano e visualização por intermédio de microscópio de crustáceos da Ilha de Santa Catarina estudados por Fritz Muller; rochas do Rio de Janeiro; modelos em resina de animais das Galápagos – iguana, uma tartaruga com mais de 1,5m de comprimento e pássaros marinhos – e ferramentas usadas para tortura de escravos, além de instrumentos científicos do século 19, animais taxidermizados (empalhados). Em sua passagem pelo país, Darwin ficou chocado com as condições dos escravos. A réplica do HMS Beagle que fará parte da mostra tem 70cm de comprimento, 25cm de largura e 50cm de altura. A ideia é levar a outras três capitais essa exposição, cuja organização tem patrocínio da Roche Brasil.



Serviço

Evolução e natureza tropical

Visitação: de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30. Sábados, das 10h às 16h. Entrada gratuita.

Museu da Vida: Avenida Brasil 4.365 - Manguinhos

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