Por Tatiana Félix, da Adital
O relatório "Os impactos da soja na safra 2009/2010" realizado pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil, divulgado nesta quarta-feira (28), mostrou que, além do estado do Mato Grosso continuar apresentando problemas ambientais e trabalhistas devido à atividade produtiva da soja, a região Oeste da Bahia, também tem despontado como território de expansão da
sojicultura. O relatório revela também a relação das usinas de biodiesel com a cadeia produtiva do grão.
O coordenador do CMA, Marcel Gomes, disse que este já é o terceiro relatório que tem por objetivo monitorar os impactos do cultivo da soja no meio-ambiente e nas relações trabalhistas. Dezenas de fazendas
que cultivam o grão já foram autuadas por crime ambiental, caracterizado pelo desmatamento e impedimento de regeneração de vegetação nativa, e por trabalho escravo.
O estado do Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, deve ser responsável por 18,7 milhões de toneladas de soja na safra de 2009/10, o equivalente à 28% da produção nacional. "A soja em grão é como se fosse dinheiro em caixa", disse ele, referindo-se a um dito popular. Talvez seja por isso, que a atividade
esteja em expansão na Bahia, já que a região do Cerrado é tida como propícia para a expansão do agronegócio.
Segundo ele, como a Moratória da Soja monitora apenas o desmatamento na região amazônica, o bioma Cerrado fica livre para a expansão da sojicultura. A Moratória da Soja é um pacto firmado desde 2006 entre a Associação Brasileira de Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), ONGs ambientalistas e o Ministério do Meio Ambiente, para rastrear a produção da soja no bioma amazônico.
Mas, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, dos dez municípios que mais plantam soja na Bahia, seis foram campeões em desmatamento do cerrado entre 2002 e 2008: Formosa do Rio Preto, São
Desidério, Correntina, Jaborandi, Barreiras, Riachão das Neves. E o desmatamento nesta região é que tem preocupado os ambientalistas.
De acordo com o estudo, a estimativa é que os problemas causados pelo cultivo da soja devem se tornar ainda mais complexos, devido à expansão da atividade e ao aumento da produção do biodiesel nacional,
já que 80% de sua composição vem da oleaginosa.
Embora o Selo Combustível Social determine o cumprimento de regras nas relações entre usinas e agricultores, ele não garante que a produção da soja, resultado do trabalho escravo ou de impactos ambientais, fique fora da composição do biodiesel. Os problemas ambientais não têm interferido nos acordos de compra de soja para biodiesel.
"Com estes relatórios conseguimos fazer com que o setor da soja discuta os problemas causados pelo cultivo do grão, mas o problema é que o avanço para por aí, não tem avançado na questão da
sustentabilidade", disse. "A gente procura apontar muito isso, a permanência dos problemas", finalizou.
Para ter acesso ao relatório acesse o site:
Fonte: Envolverde/Adital
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