Na última sexta-feira (8/10), em São Paulo, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) realizaram nova reunião para discutir como o setor agropecuário irá se comportar sob a nova demanda mundial por produtos de baixo carbono.
Este encontro, continuidade de outras reuniões e discussões, teve o setor privado, público e sociedade civil organizada unidos para discutir metas e meios de se diminuir os impactos ambientais da produção de alimentos (agricultura e pecuária) sem diminuir a produtividade.
O analista de Projetos Especiais da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Victor Salviati, participante do último encontro, destaca que esta discussão é relevante por dois motivos principais. “O Brasil é um dos países que mais produz e exporta commodities agrícolas no mundo e o (esperado) pioneirismo do Brasil nas discussões climáticas internacionais com relação às ações ligadas à mudança do uso do solo, como por exemplo, desmatamento para produção de grãos e criação de gado”, afirma.
Para ele, esse cenário apresenta duas oportunidades distintas, mas complementares: quebrar o paradigma que a produção agrícola tem que estar ligada ao desmatamento e ao impacto negativo no meio ambiente; e mudança da lógica econômica para valorizar a floresta em pé.
O evento, ao longo do dia, teve em seu formato palestras e fóruns de discussões com o objetivo de fomentar e incentivar o debate dos temas apresentados. Com isso, foi possível reunir diversos dados e estratégias de baixo carbono a serem aplicados à agropecuária.
Podem ser citados como destaque: o investimento sólido e planejado em infraestrutura para escoar a produção e interligar centros produtores aos compradores, diminuindo custos e as respectivas emissões oriundas do transporte; treinar o agricultor sob a luz das novas técnicas e práticas de baixo carbono fazendo uma ponte entre o setor produtivo e a Academia; fortalecer os agricultores que seguem práticas e técnicas sustentáveis valorizando seus respectivos produtos estabelecendo políticas de incentivos; criar metodologias e estabelecer outras para mensurar e monitorar tais avanços; e incentivar iniciativas de conservação de biodiversidade e produção sustentável. Neste último caso, o REDD+ pode ser citado como exemplo, já que há a conservação do ecossistema mais o incremento do estoque de carbono via manejo florestal.
“Graças a este evento e as discussões que se seguem, o Brasil poderá se posicionar ao mundo como um País que preza tanto pelos fatores socioeconômicos (produtividade) quanto pelos ambientais (conservação da biodiversidade). Antes do Brasil ser o celeiro do mundo, somos o País que possui mais espécies de plantas e animais que qualquer outro lugar no planeta, e isso não pode ser esquecido”, destaca Salviati.
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