Por Nefa Costa, da Agência Fapeam
Um dos desafios no estado do Amazonas é desenvolver estratégias e iniciativas que visem a integração da conservação ambiental, redução de emissões gases prejudiciais ao planeta e a valorização dos serviços florestais. Dentre as alternativas encontradas para atingir esta meta encontram-se algumas iniciativas pioneiras desenvolvidas nos laboratórios de pesquisas.
Uma destas alternativas vem do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) desenvolvida especialmente para ser aplicada em Unidades de Conservação (UCs). Trata-se da utilização de “madeira caída” na marchetaria, técnica de ornamentar superfícies planas de móveis ou produção de pequenos objetos de madeira, por meio da aplicação de materiais diversos numa única peça.
A técnica que aproveita diversas espécies regionais de madeira foi desenvolvida por meio do projeto 'Transformações no modo de vida dos habitantes da reserva extrativista (Resex) Auati Paraná a partir da introdução de uma estratégia de Desenvolvimento Sustentável', vinculado ao Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR), com apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq).
Realizada sobre a coordenação do Dr. em Ciências Humanas, Marcelo Gustavo Aguilar Calegare, o projeto se destaca como uma idéia inédita, por evitar o corte de árvores vivas e contribuir para a não emissão de gases nocivos ao meio ambiente, o desmatamento florestal e ainda constituir-se com uma alternativa econômica de geração de renda para os habitantes de UCs.
Uso sustentável de madeira
Segundo Calegare, em pesquisa na Resex Auati-Paraná no município de Fonte Boa – AM, que fica localizado 678 quilometros a oeste de Manaus, uma microrregião do Alto Solimões, permitiu um levantamento do volume de madeira caída na área, um teste de toxicidade e um estudo sobre o custo-benefício para a produção de pequenos objetos de madeira. “Para alcançar esses objetivos, obtemos apoio da Associação Agroextrativista da Auati-Paraná (AAPA), por meio do qual foi ministrado um curso para ensinar as técnicas de marchetaria e produção dos objetos de madeira”, disse o pesquisador.
A iniciativa demonstrou que o manejo de madeira caída é adequado às condições de infra-estrutura e cultura dos habitantes dessa Resex. Segundo Calegare, o prosseguimento das iniciativas veio pela aprovação do projeto ‘Aproveitamento da madeira de árvores caídas para geração de renda e melhoria da qualidade de vida das comunidades tradicionais na Resex Auati-Paraná, Amazonas – Brasil’, aprovado pelo Programa de Desenvolvimento Rural para a Região Autônoma da Madeira (Proderam) no ano de 2010/2011.
Pesquisa continuada
inda de acordo com Calegare, na continuação da pesquisa por meio do apoio da FAPEAM, indicadores socioambientais estão sendo desenvolvidos para conseguir mensurar quais são as transformações no modo de vida dos habitantes das comunidades da Resex Auati-Paraná.
“A partir desse projeto de marchetaria com uso de madeira caída, pretendemos criar uma unidade demonstrativa que possa ser replicada em outras áreas, de maneira que torne possível a mensuração de transformações na vida das pessoas. Como resultado parcial, já estamos validando junto aos habitantes da Resex estes indicadores”, finalizou.
Sobre o Programa DCR
O programa de Desenvolvimento Científico Regional consiste em apoiar, com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados em outros estados e no Amazonas, interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Amazonas.
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