terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Proprietários da Fazenda Monte Verde vêem produtividade aumentar com o Silvipastoril



O produtor Rafael Hirle, filho do proprietário da Fazenda Monte Verde, localizada no município de Teófilo Otoni, na região leste de Minas Gerais começou a utilizar a recuperação de pastagens já há alguns anos, e logo depois incluiu o plantio de árvores em sua iniciativa.

Segundo Hirle, ele já conhecia a tecnologia de recuperação de áreas degradas com pastagem, mas apenas se utilizava de gramíneas. “Por fazer parte de outros projetos desenvolvidos no estado já sabia dá importância de se recuperar o pasto, mas a gente se utilizava de braquiária (gramínea exótica muito utilizada por pecuaristas)”, disse.

Quando foi procurado pela Engenheira Agrônoma Marianna Vilar para participar do Projeto Rural Sustentável (PRS), ficou conhecendo outras formas de recuperação por meio do plantio de árvores e arbustos na propriedade. De acordo com Rafale, a melhora da produção leiteira é visível. “Podemos notar que o gado gosta de estar entre a vegetação mais alta, longe do calor e além disso a água que era pouca está voltando aos rios próximos da propriedade.”, ressaltou.

Sistema Silvipastoril integra Pecuária e Conservação de Florestas
Foto: Fabrício Ângelo
No local foram cultivadas espécies como Flamboyant, Sapucaia, Mulungu, Ipê, Jamelão, Aroeirinha e Ingá. Os proprietários estão entusiasmados com os resultados e pretendem recompor uma área de floresta que existia há muitos anos. “Infelizmente nossos antepassados não tinham essa visão e “limpavam” as áreas para o gado. Hoje vemos que muitos problemas que temos como falta de água e solo infértil foram causados por isso”. Mas ele não os culpa, “era uma cultura que existia e nosso desafio é além de recuperar essas terras mostrar que existem novos meios de se produzir com lucratividade e amo tempo preservando nosso bem maior que são os recursos naturais”, afirmou.

De acordo com a Agente de Assistência Técnica do PRS , Marianna Villaça, a criação de animais ao ar livre, em uma pastagem adequadamente arborizada, é capaz de contribuir para o sequestro de carbono, para menor emissão de óxido nitroso e para a mitigação da emissão de gás metano, “e talvez os benefícios mais importantes são o bem-estar animal e o aumento de absorção e infiltração de água no solo ", destacou.

Foi Marianna quem levou o Projeto Rural Sustentável ao produtor Rafael e seu pai Salmir propondo que a propriedade servisse de exemplo a outros fazendeiros da região. “Ao ver a vontade da família Hirle em regenerar suas terras não só com gramíneas, mas incluir outros tipos de vegetação percebi que seria uma ótima oportunidade para mostrar que é possível produzir mais e ser ambientalmente sustentável”, enfatizou. 

Recuperação de pastagem com gramineas na Fazenda Monte Verde


Recuperação de florestas e pastagens é fundamental para a região
Janaína Mendonça Pereira é chefe regional do Instituto Estadual de Florestas ((IEF-MG)) da região Nordeste do Estado. Segundo ela, uma das formas mais importantes para a conservação da floresta é sensibilizar o proprietário rural de que ele é o grande guardião dos recursos naturais. “Somos vitimas de uma sociedade que sempre foi incentivada a dominar a natureza, e muitas políticas públicas foram direcionadas para isso. Agora se não nos apressarmos, pagaremos um preço caro no futuro”, salientou.

Para Janaína Mendonça ações como essas vão esclarecer 
incentivar as novas gerações de agricultores da importância de 
se manter florestas e matas ciliares intactas
Para a chefe do IEF, os Vales do Mucuri e do Jequitinhonha em Minas Gerais vem sofrendo com a escassez hídrica e se não forem tomadas providências em pouco tempo será impossível produzir com rentabilidade na região. “O sistema de inclusão do componente arbóreo nas pastagens e também nos topos de morro é uma metodologia que vai auxiliar muito na recuperação dos lençóis freáticos e no melhoramento do solo, e por isso nós do IEF junto com projetos como o Rural Sustentável estamos apostando que ações como essa vão esclarecer e incentivar as novas gerações de agricultores da importância de se manter florestas e matas ciliares intactas”, enfatizou.

Sobre o Projeto
O objetivo do Projeto é melhorar a gestão da terra e das florestas por agricultores nos biomas Amazônia e Mata Atlântica para o desenvolvimento rural sustentável, redução da pobreza, conservação da biodiversidade e proteção do clima; e promover a implantação de um projeto de grande escala que possa, contribuir para o desenvolvimento do Plano de Agricultura de Baixo Carbono - Plano ABC através do fomento de implantação de tecnologias em propriedades rurais.

Este projeto de cooperação técnica tem como o executor e gestor financeiro o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Esta Cooperação Técnica é financiada pelo Fundo Internacional para o Clima (International Climate Fund - ICF) do Ministério da Agricultura, da Alimentação, da Pesca e dos Assuntos Rurais do Governo Britânico (DEFRA), tendo como beneficiário o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio da Secretaria de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo

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