terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Sistema Silvipastoril modifica paisagem e aumenta produtividade em propriedades rurais do Leste de Minas Gerais

Por Fabrício Ângelo


Reunir a criação de gado, com a produção de lavouras ao mesmo tempo em que se preserva a floresta nativa. Isso é possível por meio do sistema produtivo de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF).

O ILPF é uma das tecnologias apoiadas pelo Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), política pública que incentiva a organização e o planejamento de atividades agropecuárias consideradas sustentáveis e que ajudem o país a reduzir suas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs), conforme acertado dentro do Acordo de Paris.

Dentro do ILPF o Sistema Silvipastoril integra a pecuária, plantação de pastagens e o componente arbóreo. Segundo pesquisa publicada pela unidade da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa Florestas), “a prática de arborização da pastagem confere maior sustentabilidade ao sistema pecuário brasileiro, impactando de forma positiva na atividade junto à opinião pública”.

Além disso arborizar pastos em áreas já abertas, com espécies nativas de ocorrência regional, significa estabelecer um novo paradigma pecuário para as regiões. Incluir o componente arbóreo nas pastagens, degradadas ou não, nos diversos biomas, melhora o bem-estar animal, podendo constituir-se, inclusive, em uma alternativa de melhoria do solo, via diminuição de erosão, aumento de fertilidade e ciclagem de nutrientes, dependendo da espécie utilizada. (Embrapa, 2009, p.5)

Professor Dr. Rogério Martins Mauricio afirma que investir em 
biomassa significa reduzir o desmatamento .
Para o professor Dr. Rogério Martins Mauricio, pesquisador e docente da Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ) em Minas Gerais e membro do Centro Brasileiro de Pecuária Sustentável (CBPS), as mudanças climáticas globais devem afetar cada vez mais a atividade agropecuária e defende a utilização de modelos de produção que estimulem a geração de biomassa (matéria orgânica de origem animal ou vegetal) e a utilização de arbóreas consorciadas com a produção animal. “A biomassa produzida pelas árvores nativas e por arbustos forrageiros pode substituir os fertilizantes químicos, ser utilizada como uma forma de energia, além de auxiliar na fixação do nitrogênio. Além disso, em tempo de preocupações intensas com aquecimento global e seus efeitos essa biomassa representa uma forma natural de sequestro de carbono”, afirmou.


Outro ponto destacado por Martins é que investir em biomassa significa reduzir o desmatamento e diversificar as fontes de alimentação de animais e até seres humanos.

“Hoje os sistemas Silvipastoris podem ser compostos por árvores e gramíneas, e além de produzir esse material orgânico também pode representar importante componente no conforto térmico do animal”, disse.
Gado entre as árvores inseridas na pastagem altera a paisagem da propriedade
Ainda de acordo com Rogério Martins um dos principais objetivos do sistema é modificar a paisagem da região em que está inserido, sendo um processo agroecológico produtivo de alta eficiência. “Temos o desejo de que essa tecnologia não seja usada por apenas um ou dois produtores, mas sim que ao ver todas as vantagens que ela proporciona, outros se sintam motivados a aplica-la criando assim um modelo de grande extensão”, salientou.

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