segunda-feira, 26 de junho de 2006

Praia paradisíaca é risco para saúde


Rio de janeiro

Considerada uma das praias mais limpas do Estado, e um paraíso para os surfistas, a Macumba não escapa da poluição. De acordo com análise encomendada à Universidade do Grande Rio(Unigranrio) pelo deputado estadual Carlos Minc (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alerj, a praia é um risco para a saúde dos banhistas. Segundo o relatório coordenado pelo oceanógrafo David Zee, as águas apresentam de 2.400 a 24.000 coliformes fecais por 100 ml, enquanto que o índice máximo estipulado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) é de 1.000. Além disso, a análise constatou a presença de três bactérias, a escherichia, a estaphilococcus e a enterococcus, que provocam doenças como diarréia, furunculose, hepatite e infecção urinária. Diante do quadro apresentado, Minc vai pedir uma ação no Ministério Público contra o município e o Estado por negligência.

De acordo com o deputado, caberia aos órgãos destas esferas o monitoramento, a despoluição e a sinalização das áreas contaminadas. "Não há sequer uma placa na praia avisando aos banhistas os trechos poluídos e os liberados para banho. É um absurdo que Vargem Grande e Pequena, próximas à Prainha, área de preservação ambiental, não tenham sequer um plano de saneamento. A poluição vai aumentar cada vez mais, especialmente com o novo projeto da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla)", desabafa o deputado.

O órgão estadual pretende interligar os canais das Tachas, do Cortado e do Portelo ao canal de Sernambetiba, que desemboca na Macumba, para revitalizar as lagoas da Zona Oeste por meio do recebimento de água limpa do mar. Em compensação, o oceano é contaminado por esgoto in natura proveniente das lagoas. Hoje, apenas com as interligações já existentes, com as Lagoas de Jacarepaguá, da Barra e da Tijuca, são despejados na Macumba, por segundo, 800 litros de esgoto sem tratamento. Com a realização das obras da Serla essa quantidade tende a aumentar.

"Não sou contra o projeto da Serla, mas o plano só pode ser executado se aliado a medidas de saneamento básico. Caso contrário, além de não resolver o problema das lagoas, vai contaminar as praias da região, já prejudicadas pelo atraso nas obras do emissário da Barra", diz Minc. As obras do emissário e da Estação de Tratamento da Barra, atrasadas em mais de quatro anos, mesmo quando finalizadas, não vão resolver o problema do lançamento de esgoto em todas as lagoas da Zona Oeste. O emissário vai lançar a 5.000 m da costa apenas 30 % do esgoto produzido em prédios da Barra, de Jacarepaguá e de uma parte do Recreio, percentual que corresponde ao total de residências ligadas à rede de esgoto."

Segundo o oceanógrafo, o boom imobiliário na região da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá não for acompanhado por obras de saneamento básico, todo o esgoto produzido pelos moradores da Zona Oeste vai contaminar as praias, inclusive as Áreas de Preservação Ambiental", afirma Zee.

Fonte: Jornal do Brasil

Nenhum comentário: