Pescadores de Bebedouro denunciaram ontem mais um caso de poluição no Riacho Silva, localizado no bairro. José Martins, conhecido como “Mano Pescador”, afirma que um agrotóxico utilizado pela rede ferroviária está contaminando tanto a vegetação local quanto o riacho. “A vegetação está seca, queimada, como se fosse fogo. É o resíduo desse veneno que está sendo levado ao Riacho Silva”, enfatiza.
“Mano Pescador” explica que a água contaminada do riacho vai para a Lagoa Mundaú, o que provoca a morte do sururu, do massunim e da taioba que não têm como se deslocar de uma maré para outra e também a contaminação dos peixes que se alimentam de vegetação. A situação, de acordo com ele, já se arrasta há cerca de dois anos. “A CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) alega que é o excesso de água doce na lagoa que elimina o sururu. Mas, acho que é o agrotóxico”, salienta. Para “Mano Pescador”, além de crime ambiental, o uso de agrotóxicos na linha do trem representa prejuízo para quem vive da pesca. “Nesse período de chuva, o peixe perde seu sabor natural. É o agrotóxico entrando no sangue dele”, acrescenta o pescador, afirmando que o problema ocorre com todo tipo de pescado que se alimenta de vegetação como curimã, cambino e tilápia.
Diante do quadro, a venda do peixe que antes era vendido por aproximadamente R$ 8 caiu consideravelmente. Ele destaca que, durante a 2ª Conferência Estadual de Aqüicultura e Pesca, da qual fez parte, foi constatado que a colocação de agrotóxico nas áreas de risco provoca envenenamento do habitat e das espécies que dele fazem parte. “Há dois anos, eu fiz uma denúncia desse mesmo veneno à CBTU. O superintendente, na época o Adeilson Bezerra, disse que ia mandar uns técnicos fazerem vistoria na área. Mas ele não deu uma resposta, e o veneno continua sendo colocado até hoje”, conclui.
A gerente de Comunicações e Marketing, da CBTU, Ângela Granjeiro, que assumiu a pasta em março, disse que, desde então, nenhuma denúncia havia sido formulada pelos pescadores. Ela prometeu se inteirar do caso, através de documentos da administração anterior, para dar uma resposta aos mesmos.
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