Pelo menos 225 mil cariocas vivem sob o risco de desabamento de encostas. Essa é a população afetada por 319 pontos já vistoriados pela Geo-Rio e com projeto de contenção orçado. A lista foi entregue ao Tribunal de Contas do Município (TCM), que aponta queda nos últimos anos nos gastos com esse tipo de obra pela prefeitura. Em 2002, foram executados R$ 13,23 milhões, enquanto no ano passado o número caiu para R$ 5,1 milhões. A previsão para este ano é de R$ 2,7 milhões.
Segundo balanço de maio deste ano, para livrar a cidade dos riscos de deslizamentos, seria necessário investir R$ 117 milhões. Como não há dinheiro suficiente para as obras, a Geo-Rio vem realizando as intervenções em casos de emergência e de acordo com o maior número de pessoas afetadas. Mesmo no inverno, quando as chuvas são mais fracas e menos freqüentes, quem vive em áreas de risco não dorme sossegado. É o caso de morados do Morro do Borel, na Tijuca. Por conta de uma chuva intensa, no mês passado, famílias de 10 casas da localidade conhecida como Ladeira do Moreira que estão perto de barranco tiveram que se mudar para a casa de parentes. “A cada chuva surgem novos pontos de risco e o problema se multiplica. Sempre mandamos fax para a prefeitura e ninguém responde”, conta a tesoureira da associação de moradores, Márcia Rodrigues.De acordo com Márcia, é comum moradores se alojarem na casa de amigos ou familiares para evitar um mal maior. Só no Borel, a Geo-Rio tem programadas sete obras, apesar de o local já ter recebido o Favela-Bairro.
No fim da Rua André Cavalcanti, entre o Bairro de Fátima e Santa Teresa, moradores aguardam há oito anos por uma intervenção. Em 1998, com as chuvas de verão, houve um deslizamento que arrastou parte de algumas casas. Apesar do trabalho de contenção feito na época, um trecho do terreno, nos fundos do número 173, continuou com risco. Por conta disso, algumas famílias se mudaram, mas só conseguiram vender as casas recentemente. Em três anos, verba encolheu a 20%
Por causa do atraso das obras, os novos moradores resolveram tomar a iniciativa de retirar o barranco. “Já perdemos a esperança de ver uma solução definitiva”, contou Ivan Emilson Carnevale, 51 anos, que mora próximo ao local desde os anos 60 e já viu três desabamentos no morro.
Fonte: O Dia
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