sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Dez cachoeiras e uma nevada no caminho

Porto Alegre

Por mera casualidade do calendário, os ambientalistas acabaram realizando rafting pelo Rio Pelotas no período climático mais difícil deste ano. A expedição ocorreu entre 1º e 4 de setembro, justo quando uma frente fria carregada de vento e umidade foi sucedida por uma massa de ar polar, que fez os indicadores de temperatura despencarem.

O resultado é que, no primeiro dia de acampamento, as equipes enfrentaram rajadas com velocidade de até 60 km/h no rumo contrário da correnteza. A ventania era tamanha que os barcos não saíam do lugar. De tal forma que conseguiram percorrer apenas 12 quilômetros rio abaixo. No segundo dia, uma tempestade de granizo (pedras de gelo) castigou os remadores. Em função do frio, muitos deles só suportaram a temperatura da água com proteção de trajes de borracha especiais para mergulho. Durante o dia, a temperatura, próxima de 0°C, era suportável porque o sol estava descoberto. Mas à noite, os aventureiros só conseguiram agüentar congelantes -5°C com grandes fogueiras acesas à margem do rio. Pelo menos, o frio espantou os mosquitos. - O almoço consistia em sanduíches frios improvisados na barranca do rio. Comida quente só à noite, no fogareiro improvisado à beira das barracas - descreve Miriam. Mesmo que quisessem, os ambientalistas não tinham onde buscar comida durante o dia, já que os barcos trafegavam entre fendas e longe de qualquer aglomeração humana. O acampamento era montado por uma equipe de apoio que seguia em dois jipes por estradas empedradas situadas entre São José dos Ausentes, Bom Jesus e Vacaria. Os remadores, dos quais apenas dois são profissionais, enfrentaram uma maratona. Remavam das 8h às 17h30min, com pequenas pausas, até o limite da exaustão. A conseqüência não se fez esperar: bolhas, calos, pequenos cortes provocados pelas rochas e muita dor nos braços. Cruzaram no caminho por cinco riachos e 10 cachoeiras. O pior momento climático, apesar de belo, foi a neve que se abateu sobre os cânions no dia 4 de setembro. O frio e o cansaço foram intensos. Por pura sorte, os remadores só pegaram a neve quando estavam em terra firme, ao amanhecer. A friagem trouxe um efeito colateral: dor de garganta para alguns integrantes do grupo. Nada que a paisagem deslumbrante não compense.

Fonte: Zero Hora

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