sábado, 30 de dezembro de 2006

Destaques da Nature de Dezembro/2006

Pesquisadores sugerem que composição da flora intestinal pode favorecer tendência à obesidade. Em outro estudo, cientistas mostram que o dragão de Komodo pode se reproduzir sem sexo, por partenogênese

Fêmea virgem de dragão de Komodo gera filhotes de forma assexuada

Apesar de nunca ter tido contato com um macho de sua espécie, Flora, uma fêmea de dragão de Komodo (o maior lagarto do mundo) que vive no Zoológico de Chester, Reino Unido, espera o nascimento de oito filhotes. Exames de DNA feitos em três filhotes que morreram comprovaram que as crias foram produzidas por partenogênese, processo muito raro em vertebrados em que a fêmea gera descendentes sem que seus óvulos tenham sido fertilizados. A história de Flora não é a única do gênero. A vida íntima de outra fêmea desse réptil, Sugai, mantida em cativeiro no Zoológico de Londres, sugere que esses animais, hoje ameaçados de extinção, são capazes de alternar as duas formas de reprodução, sexuada e assexuada, dependendo da presença de machos em seu ambiente. Depois de ter mantido as últimas relações sexuais com um parceiro há dois anos, Sugai foi capaz de gerar quatro filhotes por partenogênese no zoológico londrino. A descoberta tem implicações na criação em cativeiro do dragão de Komodo, lagarto endêmico da Indonésia que pode passar dos 100 quilos e medir mais de 3 metros. Normalmente, os zoológicos mantêm apenas fêmeas em exibição, enquanto os machos, sem residência fixa, passeiam de um criadouro a outro a fim de fecundar várias parceiras. Segundo os autores do trabalho, manter machos e fêmeas da espécie juntos poderia evitar a partenogênese e contribuir para aumentar a diversidade genética da espécie.

Bactérias favorecem obesidade. Gordos têm maior quantidade de microorganismos que estimulam ganho de peso

As causas da epidemia global de obesidade podem ir além dos maus hábitos alimentares. Segundo estudo de cientistas da Universidade de Washington (EUA), a composição da flora intestinal dos gordos é distinta da dos magros e essa diferença pode favorecer o acúmulo de gordura.

A equipe de cientistas liderada por Jeffrey Gordon observou que, em relação a indivíduos magros, as pessoas obesas têm 20% a mais de bactérias do filo Bacteroidetes e 90% a menos do filo Firmicutes. Esses são os dois grupos principais de microorganismos encontrados nos intestinos que ajudam no processo de digestão dos alimentos. Os pesquisadores, que estudaram 12 pessoas submetidas a um regime de baixa caloria, também perceberam que a população de bactérias num mesmo indivíduo se altera à medida que ele perde ou ganha peso. Ou seja, a flora intestinal varia conforme a quantidade de gordura presente no corpo. Mas essa comunicação do organismo com as bactérias é de mão dupla. Quando se muda a composição das populações de bactérias no intestino, e isso foi demonstrado até agora em camundongos, pode se favorecer ou dificultar o ganho de peso.

Fonte: Nature online

Nenhum comentário: