Este projeto encerra uma longa caminhada, iniciada em novembro de 2000, quando foi criado o Programa Genoma Brasileiro. O objetivo inicial era formar uma Rede Nacional, composta por 27 laboratórios, divididos em 18 estados, para seqüenciar o DNA do microorganismo Chromobacterium violaceum. A Rede Nacional, que envolveu cerca de 200 cientistas brasileiros, decifrou o DNA da Chromobacterium violaceum no primeiro ano de execução do projeto. Com este feito, os pesquisadores investiriam no sucesso da fórmula de trabalho para seqüenciar mais dois microorganismos: o Mycoplasma synovia e Mycoplasma hyopneumoniae. Com os seqüenciamentos completos, os pesquisadores avançaram para uma próxima fase do projeto que testou as funcionalidades dos códigos genéticos decifrados.Reunidos em Brasília, no Seminário de Acompanhamento & Avaliação, no final de ano passado, os coordenadores dos laboratórios apresentaram os resultados alcançados ao longo desses seis anos para uma banca de consultores.
O seminário realizado na capital federal permitiu uma avaliação crítica do programa tanto no aspecto científico e tecnológico como no aspecto de política pública implementada pelo MCT/CNPq para ampliar as pesquisas nacionais na manipulação de genoma. Aplicação médica e industrial A Chromobacterium violaceum, bactéria encontrada principalmente no rio Negro, na região amazônica, possui significativo potencial biotecnológico. Estudos anteriores mostraram que essa bactéria pode ser eficaz no tratamento de algumas endemias, como a doença de Chagas e a leishmaniose. Além disso, apresenta excelente potencial para a produção de polímeros plásticos biodegradáveis. Descrevendo a seqüência dos pares de bases, isto é, cada uma das ‘letras químicas' que compõem o DNA, da bactéria, os pesquisadores encontram as possibilidades de desvendar o seu significado biológico. Com o seqüenciamento, abre-se o caminho para os estudo sobre as proteínas produzidas pela bactéria que podem dar origem a novos compostos, produtos e serviços.
Bibliotecas genômicas
O caminho percorrido para o sequeciamento começa com a constituição das chamadas bibliotecas de DNA. Nessa fase, o genoma do microorganismo é repartido em inúmeros fragmentos minúsculos. Esses pequenos trechos de DNA são então clonados e inseridos no genoma de outro microorganismo, no caso, a Escherichia coli. As bibliotecas de DNA são então distribuídas aleatoriamente entre os laboratórios participantes do trabalho cooperativo. Em cada um deles, os seqüenciadores começam a descrever em detalhes a ordem em que se sucedem as bases nitrogenadas no genoma. Em seguida, reúne-se os fragmentos seqüenciados e os reposicionam na ordem em que figuram o genoma da bactéria. A partir desse ponto pode-se começar a anotação dos genes. A Chromobacterium violaceum possui em toda sua estrutura 4,2 milhões de pares de bases nitrogenadas.
Patentes
A atual coordenadora técnica, Ana Tereza Vasconcelos, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCT), do Rio de Janeiro, destacou que as conquistas da Rede ganham relevância no cenário da genômica nacional por terem saído do estado de sequenciamento do DNA dos microorganismos e chegado até a estudos das possíveis funcionalidades do genoma. "Já entramos com o pedido de registro de diversas patentes testadas durante o projeto e a fase de estudo das funcionalidades foi importante para comprovar a relevância dos nossos pedidos", afirmou.
Fonte: CNPQ
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