Servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estão em estado de alerta para uma possível convocação de greve. A decisão foi tomada ontem (27) , após a realização de assembléias-gerais nos estados, e se deve às mudanças no órgão federal, segundo informou a presidente da Associação dos Servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Asibama-DF), Lindalva Cavalcanti.
Estão marcadas para quarta-feira (2), às 9 horas, novas assembléias para os servidores decidirem se farão greve ou não. O anúncio do desmembramento do Ibama em duas instituições e a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, nova autarquia federal que executará as ações da política nacional de unidades de conservação da natureza revoltou os servidores do Ibama, segundo a líder sindical.“Nós estamos em estado de alerta porque o governo federal tomou uma decisão sem discuti-la, por meio de medida provisória. Nós entendemos que ela simplesmente acaba com a unicidade da gestão ambiental”, declarou Lindalva Cavalcanti, em entrevista à Agência Brasil. A assessoria de imprensa do Ministério do Meio Ambiente informou que a ministra Marina Silva se reuniu com o presidente substituto do Ibama, Márcio Freitas, neste início de noite, e vai receber representantes dos servidores públicos. Ela divulgou, à tarde, um comunicado dirigido a eles sobre as mudanças no instituto e no ministério.A medida provisória (MP) que cria Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade foi publicada hoje no Diário Oficial da União.
A presidente da Asibama-DF disse que os motivos apresentados pela ministra para a criação do novo órgão são inconsistentes: “A criação desse órgão não nos convenceu. Um dos pontos levantados pela ministra foi a relevância das unidades de conservação. As unidades de conservação têm relevância aqui dentro do Ibama também”.Cavalcanti acrescentou que os servidores estão mobilizados porque não podem “permitir que tudo aquilo que foi conquistado com o Ibama seja quebrado”. Ela afirmou que as transformações propostas pela ministra irão fragilizar o órgão federal. “Nós entendemos que esse processo é para tornar o Ibama desacreditado e fazer com que ele caia em estado de inanição e deixe de atuar da forma que precisa”. Para a presidente da Asibama-DF, as mudanças podem estar sendo usadas pelo governo para desviar a atenção das polêmicas relacionadas as concessões de licenciamento ambiental: “O licenciamento do Ibama está sendo bombardeado por empresas como Odebrecht [que será uma das responsáveis pela construção das usinas no Rio Madeira, caso a construção seja autorizada], e algumas autoridades instituídas estão tentando cada vez mais fragilizar os nossos técnicos e descaracterizar o conhecimento deles”.
Lindalva Cavalcanti disse que, além das empresas interessadas, há pressão do Ministério Público, que acompanha os processos. Destacou, porém, que os técnicos responsáveis pelas concessões trabalham “indiferentemente da questão de pressão”. De acordo com ela, atualmente o Ibama tem mais de 5 mil servidores.“Por decisão da assembléia nós vamos dizer que não vamos participar do processo de estruturação desse novo órgão”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil
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