quinta-feira, 24 de maio de 2007

Metais encontrados em aterro sanitário em São Paulo são alvo de pesquisa

Igor Cruz

Um estudo feito em Ribeirão Preto (SP) avaliou os níveis de metais no chorume, líquido escuro, gerado em aterros sanitários, que contém altas concentrações de compostos orgânicos e inorgânicos. Publicados na revista Cadernos de Saúde Pública, os resultados da pesquisa mostram que os valores médios de cádmio, cromo, cobre, manganês e mercúrio se encontram dentro dos limites máximos permitidos por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Contudo, as concentrações de chumbo e zinco estão acima desses limites. O trabalho foi coordenado pela professora Susana Inês Segura Muñoz, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

Lagoa de tratamento de chorume em aterro sanitário

Apesar dos valores encontrados para chumbo e zinco estarem acima dos parâmetros exigidos pela resolução, Susana explica que isso não representa risco para a população da cidade, porque o chorume, antes de ser despejado no curso de água, é levado para a Estação de Tratamento de Esgotos de Ribeirão Preto. “Estudo feito pelo nosso grupo, nessa estação, analisou as concentrações de metais na entrada e na saída do esgoto e os valores dos metais encontrados, após o tratamento, estavam todos abaixo do limite máximo permitido pela resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente”, conta.

Porém, em locais onde o chorume é gerado sem infra-estrutura de captação e tratamento, os metais podem causar danos à saúde. Em baixas concentrações, muitos metais são necessários para o crescimento dos seres vivos, mas uma exposição prolongada a níveis elevados pode prejudicar os organismos. Entre os possíveis efeitos do chumbo estão danos aos ossos e ao sistema nervoso, anemia, diarréia e gastrite. Interferência no metabolismo, irritação do trato intestinal e, nos casos mais graves, problemas nos rins são exemplos de possíveis prejuízos associados ao zinco.

Em locais onde, em vez de aterros sanitários bem estruturados, existem lixões a céu aberto, o chorume pode contaminar as águas, tanto as superficiais como as subterrâneas, o que afeta os potenciais usos dos recursos hídricos. Por isso, as áreas de despejo do lixo não devem ser consideradas ponto final para muitos resíduos, pois, quando eles são atingidos pela água, principalmente das chuvas, metais e outras substâncias tóxicas neles presentes se disseminam pelo ambiente. Para evitar que isso aconteça, é necessário garantir, nos aterros sanitários, o adequado funcionamento do sistema de coleta, tratamento e monitoramento do chorume, como ocorre no aterro sanitário de Ribeirão Preto. Além disso, é importante monitorar constantemente a qualidade das águas subterrâneas, que, em muitas cidades brasileiras, são fonte de abastecimento para a população. Os metais analisados no estudo fazem parte da composição de tintas, plásticos, produtos de limpeza, óleos lubrificantes, pesticidas, medicamentos, pilhas e baterias. São produtos que requerem cuidados ao serem jogados no lixo. “A coleta seletiva representa uma das melhores alternativas para evitar que grandes quantidades de metais, provenientes dos resíduos sólidos, sejam despejadas nos aterros sanitários”, conclui Susana.

Fonte: Fiocruz

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