quinta-feira, 28 de junho de 2007

Mundo terá 9 bilhões de pessoas em 2050, diz ONU

Urbanização deve engrossar ainda mais as favelas, diz ONU

O mundo terá em 2050 cerca de 2,5 bilhões de habitantes a mais do que hoje, elevando o total de moradores do planeta a 9 bilhões, estima um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta quarta-feira. E até 2030, cinco bilhões de pessoas viverão nas cidades, o equivalente a 60% da população, disse o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

No ano em que o mundo ultrapassa uma marca de mais de 50% de seus 6,6 bilhões de moradores vivendo em centros urbanos, o UNFPA dedicou seu relatório anual Situação da População Mundial 2007 ao tema da urbanização. O crescimento urbano ocorrerá quase que exclusivamente no mundo em desenvolvimento, onde em 2030 viverão 80% da população das cidades, disse a ONU. Em 30 anos, a população urbana nos países ricos aumentará em apenas 100 milhões de pessoas, o equivalente a 11% da população urbana atual nesses países. Na América Latina, 200 milhões de moradores urbanos adicionais até 2030 significarão um aumento de 50% em relação a hoje. Já na Ásia e na África, carros-chefes do crescimento das cidades, a população urbana dobrará neste período. Com as cidades desses continentes crescendo ao ritmo de um milhão de habitantes por semana, quase sete em cada dez cidadãos urbanos serão asiáticos ou africanos em 2030, previu o estudo.

Favelas

O cenário de concentração do crescimento urbano em cidades do mundo em desenvolvimento fez o UNFPA alertar para a conseqüente explosão das favelas. Atualmente, um bilhão de pessoas vive em favelas, 90% das quais estão nos países em desenvolvimento e 40% na Índia ou na China. "Na África Subsaariana, a urbanização tornou-se virtualmente sinônimo de crescimento das favelas; 72% da população urbana da região vive sob condições de favela, comparados a 56% no Sul da Ásia", disse o relatório. "A população de favelas na África Subsaariana quase dobrou em 15 anos, alcançando cerca de 200 milhões em 2005."
Para os brasileiros, as favelas viraram a maior ilustração das grandes cidades, com milhões de habitantes. Mas o relatório ressaltou que a maior parte do crescimento se dará em cidades de menos de 500 mil habitantes. "É preciso concentrar a atenção onde o crescimento é maior", afirmou a diretora-executiva do UNFPA, Thoraya Ahmed Obaid. "A batalha para alcançar a meta de reduzir à metade a pobreza extrema antes de 2015 (parte das Metas do Milênio) se dará nas favelas mundiais. Portanto, é preciso prestar maior atenção às cidades menores, proporcionando-lhes recursos como informação e assistência técnica (para encarar desafios futuros)." Obaid acrescentou que "a urbanização é inevitável", e que o processo deveria ser "uma força para o bem".

Migração campo-cidade

O relatório disse que o crescimento urbano do futuro não se dará pela migração do campo para as cidades, e sim pelo próprio aumento das populações que já vivem nelas, e criticou políticas oficiais de alguns países de proibir ou desencorajar a movimentação do mundo rural para o urbano. Tais políticas, hoje comuns, por exemplo, na China, também caracterizaram a América Latina nos anos 70. "A transição urbana na América Latina ocorreu apesar de muitas políticas antiurbanas explícitas. De modo geral, a transição urbana foi positiva para o desenvolvimento", observou o relatório. "Uma atitude proativa em relação ao inevitável crescimento urbano teria minimizado muitas de suas conseqüências negativas, particularmente a formação de favelas e a falta de serviços urbanos para os pobres."

Fonte: BBC Brasil

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