quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Biocombustíveis ameaçam florestas, diz cientista

A primatologista Jane Goodall disse na quarta-feira que o desenvolvimento dos biocombustíveis está prejudicando florestas na Ásia, na África e na América do Sul, além de contribuírem com as emissões de gases do efeito estufa. "Estamos devastando florestas agora para cultivar cana e óleo de palma para biocombustíveis, e nossas florestas estão sendo cortadas por tantos interesses que fica cada vez mais importante salvá-las agora", disse Goodall, que participa da Iniciativa Global Clinton, um evento filantrópico anual do ex-presidente norte-americano Bill Clinton.

O programa climático da ONU considera que os biocombustíveis são baixos emissores de carbono, porque o cultivo das matérias-primas consome dióxido de carbono, um dos principais agentes do aquecimento global. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido um ferrenho defensor dos biocombustíveis em discursos na própria ONU e junto a líderes de outros países. Mas críticos dizem que a demanda por biocombustíveis estimula empresas a cortarem e queimarem florestas para abrir espaço para lavouras, o que aumenta as emissões de carbono e leva a erosão e danos aos ecossistemas. "O biocombustível não é a resposta a tudo, depende de onde vem", afirmou ela. "Tudo isso significa melhor educação sobre se os combustíveis estão vindo de onde são necessários".

Goodall disse que o problema é especialmente grave na floresta tropical indonésia, onde há grande produção de óleo de palma. Em Uganda, onde Goodall mantém uma ONG voltada à preservação de grandes primatas, os produtores também estão tentando comprar enormes terrenos florestais para cultivar cana, o que segundo ela já acontece no Brasil. O Instituto Goodall trabalha com um grupo recém-formado de oito países com florestas, o F8, liderado pela Indonésia. Esse grupo pretende criar um sistema pelo qual os países ricos pagariam para que as florestas não sejam derrubadas. A proposta pode ser formalmente apresentada em dezembro na reunião climática da ONU em Bali.

Cientistas dos países florestais tentam avaliar precisamente quanto dióxido de carbono os ecossistemas acumulam. A estimativa preliminar é de que seja aproximadamente o dobro do carbono já presente na atmosfera, segundo Goodall.

Fonte: Reuters

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