Antonio Luiz Cerdeira
Durante 18 meses Antonio Luiz Cerdeira, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, esteve na Universidade do Mississippi, EUA, para estudar e comparar a eficiência e os efeitos de herbicidas tradicionais e do glifosato, atualmente o herbicida mais utilizado no mundo em plantas geneticamente modificadas.
Construiu 30 gráficos com o potencial efeito do herbicida em diferentes espécies de plantas daninhas e doenças. Apesar de toda polêmica que cerca o assunto, Cerdeira explicou que existem algumas vantagens no uso de sementes transgênicas, como a eficiência, o custo, a necessidade de apenas uma ou duas aplicações de herbicidas e a flexibilidade de plantio. Além disso, o glifosato substituiu uma lista de produtos que são muito mais tóxicos ao meio ambiente e ao homem, como arsenicais, dinitroanilinas, triazinas, cloroacetamidas e bentazon em algodão, milho e soja. Existem vários problemas potenciais, esclarece o pesquisador. “A resistência das plantas daninhas ao próprio herbicida aumentou”, enfatiza. “Atualmente, ele não é mais tão eficiente. Além disso, algumas espécies que não apareciam com freqüência, aumentaram sua incidência devido a falta de seus competidores naturais controlado pelo herbida. É preocupante a possibilidade de alguns cruzamentos do gene da planta transgênica com a erva daninha relativa, tornando a erva também resistente, o chamado fluxo gênico”.
Embora controversos, nos EUA existem casos de danos do glifosato no cultivo do algodão. Pode também ocorrer injúria do herbicida na soja transgência em condições adversas de temperatura e umidade, que supostamente não deveria acontecer, diz Cerdeira. “Além disso, pode haver a deriva do herbicida para outras culturas”. O pesquisador explica que se o gene de uma planta transgênica se mover e se expressar em outra, essa que recebeu o gene poderá ter algumas vantagens de adaptação ao meio ambiente, principalmente se tiver mais de um fator de transgenia como resistência a insetos e ao próprio herbicida, enfatiza. “Isso aumenta a viabilidade de alguma planta daninha virar um problema sério no meio ambiente”. Ele conclui que muitos parâmetros ainda precisam ser avaliados, como os riscos, benefícios, economia e aceitação pelo consumidor.
O pesquisador apresentou esses trabalhos, em setembro de 2007 no V Congresso Brasileiro de Biossegurança e no V Simpósio Latino Americano de Produtos Transgênicos, na Universidade Federal de Ouro Preto, MG. O evento contou com a participação de especialistas brasileiros e internacionais, vindos da Europa, Estados Unidos, Canadá, Oriente Médio, África e América Latina. Órgãos internacionais também enviaram especialistas em biotecnologia, incluindo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Organização Mundial de Saúde (WHO) e o Departamento de Pesquisa do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos, o USDA. Paralelamente, foi realizado também o V Simpósio Latino-Americano de Produtos Transgênicos, assim como o Simpósio Preparatório à 4ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP4) e à 9ª Conferência das Partes para a Convenção de Biodiversidade (COP9), organizados pelo PRRI, Fundação de Pesquisa Pública e Regulatória que reúne 26 países de todos os continentes.
Fonte: Embrapa
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