sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Coruja e a (des) Informação Ambiental

* Por Ivan Ruela

Era mais uma tarde típica de calor em Cuiabá, quando me deparei com uma cena, no mínimo, revoltante. Um rapaz de cerca de uns 30 anos, trajando uniforme de vigilante, tentando matar uma coruja jogando contra ela, uma garrafa PET. A tentativa de assassinato foi sob uma marquise de um supermercado, no pacato bairro chamado “Recanto dos Pássaros”, nesta capital. Em tempo! Antes de parecer um trocadilho, a Coruja é uma ave, não um pássaro. Pássaros são integrantes da ordem dos Passeriformes. Corujas são da ordem dos Strigiformes. Todo pássaro é uma ave, nem toda ave é um pássaro.

Sentindo-me incomodado e intrigado com essa situação, perguntei o porquê daquele ato, uma maldade com um ser indefeso. O vigilante cuiabano, explicou rebatendo: “Coruja não serve pra nada, come filhote de passarinho, é bicho feio e dá azar, tem que morrer mesmo”. Disse a ele que poderia ser abordado ou até preso porque aquilo que fazia naquele momento configurava em crime ambiental. “Crime ambiental? Não tem Polícia Ambiental no Mato Grosso, o IBAMA não prende os madeireiros que estão destruindo a Amazônia, vão prender quem mata uma coruja? Eles deveriam me agradecer, porque este animal é uma praga!”. “Por falar em praga, as corujas são devoradoras de insetos, cobras e ratos”, expliquei ao impaciente vigilante. “Ratos? Ela come ratos? Odeio ratos! Meu irmão morreu de Leptospirose lá no “Nortão” (como se costuma chamar o norte do MT). Vou deixar essa bichinha em paz então.”

Tirei a foto da rapineira, e enviei a um amigo e Ornitólogo, Marcus Canuto, de Belo Horizonte. Trata-se da “Coruja buraqueira” (Athene cunicularia). Ela faz seu ninho em buracos no solo, aproveitando às vezes de tocas de animais, como o tatu. O casal se reveza nessa “engenharia”, alargando a cova para a reprodução. Decidi me informar melhor sobre a “Buraqueira”, para daqui pra frente, ter mais argumentos quando me deparar com uma situação parecida com a do vigilante, ou por pura curiosidade. Somos dotados de preconceito e de ignorância frente às questões ambientais, como por exemplo, as interações ecológicas. Isso se dá por preguiça intelectual ou por falta de informação mesmo. Outra questão que pude perceber neste bate papo, foi a descrença do brasileiro frente a alguns órgãos públicos, como o IBAMA. A PM Ambiental, no Mato Grosso, ao menos, está em vias de ser reativada.

O humilde vigilante, distante destas informações, não tem culpa por não ter acesso a elas. Esse desafio pertence a um grupo de pessoas que precisam deixar vaidades de lado e atuarem de forma mais conjunta e abrangente numa multidisciplinar Informação e Educação Ambiental, seja formal ou informal, em todas as frentes. Biólogos, Gestores e Engenheiros Ambientais, Jornalistas, Advogados, Veterinários, Dirigentes públicos e universitários, Professores e Geógrafos, são atores fundamentais para o sucesso dessa jornada. Outros cidadãos sempre serão bem vindos nesta difusão.

* Ivan Ruela é Gestor Ambiental e Coordenador da Rede Brasileira de Informação Ambiental, REBIA, no Mato Grosso. ivanruela25@yahoo.com.br

Chevron oil demands Crude filmmaker hand over unseen footage

Company goes to court arguing that unused scenes from critical Amazon documentary may help it fight pollution claims

Rory Carroll, The Guardian

The oil giant Chevron is trying to force a filmmaker to hand over hundreds of hours of documentary footage about pollution in the Amazon in the latest twist in a multibillion dollar lawsuit.

The company wants to view unused material from the award-winning documentary Crude, about an environmental catastrophe in Ecuador's oil-producing Amazon region, to bolster its defence in one of the biggest lawsuits in history.

The 105-minute film sympathises with alleged victims of oil contamination but lawyers for Chevron hope 600 hours of raw footage shot over three years will include segments that could help them fend off potential damages of $27.3bn (£17.9bn).

The case has alarmed both environmentalists, who fear Chevron will get ammunition, and investigative filmmakers, who fear their integrity and ability to protect sources will be compromised.

Joe Berlinger, who directed Crude, said he would fight the request to hand over his tapes and digital archives. A district court in Manhattan is due to hear the case tomorrow.

"This is a violation of the first amendment and journalistic privilege," Berlinger said in a telephone interview. "Just because they want to look at my footage doesn't mean they have the right to look at my footage."

Crude, which premiered last year, focuses on the 17-year legal battle between Chevron and 30,000 Ecuadoreans who say their land, rivers, wells, livestock and own bodies were poisoned by decades of reckless oil drilling in the rainforest.

The plaintiffs say Texaco – which was taken over by Chevron in 2001 – dumped 68bn litres of waste water between 1972 and 1990, causing an epidemic of diseases such as leukaemia. Some have called it "the Amazon's Chernobyl".

Chevron says scientific tests show the water is safe, that the diseases have other causes, that Texaco cleaned up the site and that pollution since then is the fault of the state company Petroecuador.

An Ecuadorean judge based in Lago Agrio – a jungle town named after Texaco's headquarters – is expected to rule on the lawsuit within two months. Chevron, braced for defeat in what it says is a biased tribunal, has vowed to fight on.

Kent Robertson, a company spokesman, said one version of Crude showed the plaintiffs' legal team participating in a focus group with a supposedly neutral court expert – a scene edited out of the DVD version.

"We believe that Mr Berlinger may have also unwittingly captured on film other instances of improper collaboration between court experts and the plaintiffs' representatives that would further demonstrate the illegitimate nature of the entire Lago Agrio trial," said Robertson. "Through our discovery request we are simply asking to review Mr Berlinger's film archive to establish if there are other documented instances of misconduct."

The director said there was no smoking gun and that the controversial scene was not of a focus group but a routine meeting that indicated no wrongdoing. It was edited out on the basis of audience reaction at the Sundance film festival, a standard industry practice, he said.

Crude was a balanced film that gave Chevron's side of the story, Berlinger said. Had the Ecuadorean plaintiffs demanded the footage he would have rebuffed them too.

The filmmaker found himself in a similar legal battle when prosecutors and defence lawyers demanded raw footage from another documentary, Paradise Lost, about the murder of young boys.

He won that case but is unsure about beating a corporate behemoth. "I am hopeful but not confident. Chevron have the most expensive law firm in New York and very deep pockets. I have very thin pockets."

Berlinger said he had received support from hundreds of other filmmakers who feared a "chilling" impact on documentaries if sources' protection could not be guaranteed.

Both sides said they would appeal against an unfavourable ruling. Berlinger said he would comply if he was ultimately ordered to hand over footage. "I won't destroy it. I believe very strongly in the principles at stake here but I'm also the father of two children. I'm not willing to go to jail over this."

Pesquisadores da Coppe desenvolvem método inédito para reciclagem de plástico

Débora Motta, da Agência Faperj

Do plástico usado ao plástico novo. Pensando em minimizar os efeitos ambientais negativos do excesso de plástico descartado sem critérios pela sociedade, pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) desenvolveram uma nova técnica de reciclagem desse material. Testes realizados no Laboratório de Modelagem, Simulação e Controle de Processos da instituição mostraram que é possível criar resinas plásticas produzidas a partir do reaproveitamento de até 40% de material plástico já utilizado.

O método escolhido pela equipe foi a reciclagem com produção in situ, que possibilita incorporar materiais plásticos usados a plásticos virgens no próprio ambiente da reação química. Por meio da polimerização em suspensão, foram realizadas misturas moleculares de poliestireno reciclado e de poliestireno virgem, usando copos descartáveis. “A técnica é simples. Basicamente dissolvemos o plástico usado numa solução com reagentes e depois adicionamos o material direto no reator para fazer mais plástico”, diz o professor José Carlos Pinto, responsável pelo projeto.

Ao contrário de outras técnicas de reciclagem, como a mecânica, esse método mantém a qualidade do produto final, pois a adição de plásticos reciclados não interfere no andamento da reação química de polimerização. “O plástico usado foi reincorporado como matéria-prima do processo sem grandes transformações químicas. As propriedades finais do produto são similares às propriedades dos polímeros não-reciclados”, assinala.

Além de copos descartáveis, a técnica pode ser empregada com outras famílias de materiais à base de poliestireno, de poliacrilatos, de polimetacrilatos e de poliacetatos, como aqueles utilizados para fabricar capas de CD, isopor, interiores de geladeira e carcaças de televisão, entre outros produtos. “O próximo passo é testar a técnica com cargas de isopor recicladas. O isopor não é biodegradável, mas pode ser facilmente reciclado e utilizado para fabricar isopor novo”, adianta José Carlos.

A Coppe já encaminhou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) a solicitação de patente para a nova técnica, que poderia ser facilmente incorporada ao setor produtivo para uso em escala industrial, devido ao seu baixo custo. “Para as fábricas se adaptarem a essa tecnologia, precisariam apenas fazer pequenos ajustes, como adicionar na linha de produção um recipiente para misturar o plástico reciclado com os reagentes”, explica.

Impactos da reciclagem De acordo com o professor José Carlos Pinto, a reciclagem é a melhor resposta diante do debate sobre usar ou não usar o plástico. “A questão maior não é se devemos usar ou não o plástico, mas o que devemos fazer com ele depois do seu ciclo de uso”, destaca o engenheiro químico, lembrando que o plástico deve ser tratado como uma matéria-prima potencialmente reutilizável, e não como lixo.

O professor ressalta os impactos ambientais positivos da transformação de plástico em plástico. “A reciclagem contribui para reduzir a quantidade de material descartado no meio ambiente, pois o utiliza como matéria-prima para produzir novos materiais plásticos. Ao ser reciclado, se economiza o petróleo que seria utilizado para fazer plástico novo e isso certamente contribui para a redução da emissão de carbono na atmosfera”, diz.

A reciclagem do plástico também pode resultar em consideráveis impactos econômicos e sociais. “A reciclagem pode estimular a valorização econômica dos resíduos plásticos. Eles têm baixo valor agregado, apesar de serem derivados do petróleo, e por isso são facilmente descartados pela população”, avalia. “Ela também pode gerar empregos por incentivar a coleta seletiva de plástico por cooperativas de catadores de lixo”.

Plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros, que por sua vez são formadas por moléculas menores, chamadas monômeros. Estima-se que no Brasil pelo menos 2,2 milhões de toneladas de plástico pós-consumo (descartados após o uso) se acumulam anualmente, segundo dados da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos – entidade que representa institucionalmente a cadeia produtiva do setor para divulgar a importância dos plásticos na vida moderna e promover sua utilização ambientalmente correta.

Além do professor José Carlos Pinto, fazem parte da equipe os alunos Caio Kawaoka, que é Bolsista Nota 10 da FAPERJ, e Carlos Castor. Eles dedicaram as suas dissertações de mestrado ao tema. O estudo foi contemplado pelos editais Cientista do Nosso Estado e Estudos e Soluções para o Meio Ambiente, da FAPERJ.

A reciclagem do plástico também pode resultar em consideráveis impactos econômicos e sociais. “A reciclagem pode estimular a valorização econômica dos resíduos plásticos. Eles têm baixo valor agregado, apesar de serem derivados do petróleo, e por isso são facilmente descartados pela população”, avalia. “Ela também pode gerar empregos por incentivar a coleta seletiva de plástico por cooperativas de catadores de lixo”.

Plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros, que por sua vez são formadas por moléculas menores, chamadas monômeros. Estima-se que no Brasil pelo menos 2,2 milhões de toneladas de plástico pós-consumo (descartados após o uso) se acumulam anualmente, segundo dados da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos – entidade que representa institucionalmente a cadeia produtiva do setor para divulgar a importância dos plásticos na vida moderna e promover sua utilização ambientalmente correta.

Além do professor José Carlos Pinto, fazem parte da equipe os alunos Caio Kawaoka, que é Bolsista Nota 10 da FAPERJ, e Carlos Castor. Eles dedicaram as suas dissertações de mestrado ao tema. O estudo foi contemplado pelos editais Cientista do Nosso Estado e Estudos e Soluções para o Meio Ambiente, da FAPERJ.

Eucaliptos clonais ajudam a suprir demanda de madeira para diversos usos


Até 2011, a Du Campo pretende passar dos atuais 4 milhões para 8 milhões de mudas, ampliando suas instalações




Vilma Homero, da Agência Faperj

Considerando que um eucalipto apto ao corte produz 0,38 m³ de madeira, uma pessoa de 68 anos terá consumido, ao longo da vida, cerca de 300 árvores. Para isso, basta que tenha usado papel, móveis, adquirido um automóvel ou mesmo consumido energia. Os dados são da Universidade Federal de Viçosa e sinalizam para a necessidade de, cada vez mais, se usar madeira de reflorestamento. A empresa Du Campo, de Bom Jesus do Itabapoana, produz 4 milhões de mudas de eucaliptos clonais por ano para finalidades que variam da produção de polpa de papel à indústria moveleira, passando pelos laminados de madeira e a produção de energia. Trata-se de projeto desenvolvido com recursos do programa de Rio Inovação – Apoio à Difusão e Inovação Tecnológica, da FAPERJ.

Como explica o gerente da Du Campo, Nyder Barbosa de Menezes Segundo, trata-se de eucaliptos clonais, ou seja, mudas geneticamente similares, que passaram por um processo de melhoramento e seleção ao serem reproduzidas. "As matrizes, adquiridas de empresas como a fábrica de papel Suzano, são plantadas em leitos de areia, em canaletas suspensas, pelo processo de hidroponia", explica Nyder. Ali, elas recebem todos os nutrientes necessários.

Cada um desses brotos podados é transplantado para tubetes (estaqueado) com substrato apropriado a seu enraizamento, e levado a se desenvolver em estufas, onde condições climáticas favoráveis são constantemente monitoradas. Uma vez que iniciam o enraizamento e o crescimento, as mudas daí resultantes passam por uma pré-aclimatação, em viveiros protegidos do sol com tela a 50% para, em uma fase seguinte, serem adaptadas em viveiros a sol pleno. "Chamamos a isso de rustificação. Significa que são irrigadas para manter o crescimento, enquanto suportam as condições naturais do ambiente, tornando-se assim mais resistentes às intempéries, ao estresse de água etc."

Em nenhuma das fases do projeto usa-se hormônio para induzir o enraizamento. "Como o processo de resistência a pragas foi feito anteriormente, no desenvolvimento das matrizes, elas são plantas sadias, com boa resistência a doenças", explica Nyder.

Planta originária da Austrália, o eucalipto teve o plantio intensificado no País a partir do século XX. Seu uso continua sendo dos mais diversificados: empregado em dormentes para ferrovias, como postes, transformado em carvão vegetal para uso na siderurgia, na indústria de papel etc. Seu plantio também é disseminado. Tanto floresce em solos pobres quanto em solos secos. Da árvore, praticamente tudo é aproveitado: se o tronco tem as aplicações já mencionadas, de suas folhas extraem-se óleos essenciais para perfumes, alimentos e produtos de limpeza; o tanino de sua casca é empregado para o curtimento do couro; suas fibras entram como matéria-prima para a fabricação de papel e celulose; e, não menos importante, do pólen extraído de suas flores, é produzido mel de altíssima qualidade.

No Brasil, dos 350 milhões de metros cúbicos de madeira consumidos por ano, 100 milhões já provêm de plantios florestais, a maior parte de eucaliptos. Sem contar que o eucalipto nacional é dez vezes mais produtivo do que outras árvores utilizadas em países de clima frio para produzir celulose.

A Du Campo produz 4 milhões de mudas de eucaliptos clonais por ano. "Embora seja uma boa produção, ainda é um número ínfimo em relação à demanda do mercado. Por isso nossa perspectiva é de ampliar a produção. A ideia é duplicar essa capacidade até meados ano que vem."

Para isso, no entanto, a empresa precisará também ampliar sua estrutura. "Uma vez que a estrutura da Du Campo só permite que operemos na atual capacidade, precisaremos aumentar os viveiros e ampliar todas as fases de nossas instalações." A única fase que a Du Campo não realiza é a de produção de matrizes geneticamente melhoradas, desenvolvidas por propagação in vitro. Esse material é adquirido de empresas de produção de papel e de siderurgia. "Não temos estrutura, laboratórios, nem condições para, por exemplo, desenvolver os testes industriais necessários para saber se a celulose de determinada linhagem de eucalipto é boa ou não. Assim, é mais interessante comprar as cepas de quem já vem fazendo tudo isso."

“Apoios como esse têm sido continuamente estimulados pela FAPERJ”, afirma Rex Nazaré, diretor de Tecnologia da Fundação. E prossegue: “Com investimentos de pequena monta, o resultado que se vem conseguindo, em muitas das cidades do interior fluminense, é a geração de novos empregos, com a manutenção do cidadão em seu local de origem, e melhorando a sua qualidade de vida.”

Mesmo com a necessidade de ampliar a produção, a técnica de propagação in vitro, por enquanto, não se mostra interessante economicamente. "É que o custo de tudo isso para espécies como eucalipto não compensa, já que o preço final para a revenda das mudas continuaria o mesmo", diz. Empresa de origem capixaba que migrou para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão, a Du Campo está em vias de crescer em terras fluminenses. "Vamos chegar a 8 milhões de mudas no próximo ano."

Tão logo começam a brotar, as pequenas mudas são podadas. "Mantemos apenas o par de folhas basais, que são aquelas próximas ao tronco", explica. Em cada ponto onde houve essa poda, nascem dois novos brotos. Novamente cortados, cada um deles gera outros dois brotos. Isso significa que, em média, cada matriz adquirida gera 10 estacas por mês. "É a média dos materiais clonais."

Sequenciado o primeiro anfíbio

Da Agência FAPESP

O primeiro sequenciamento do genoma de um anfíbio é o destaque da edição desta sexta-feira (30/4) da revista Science. O grupo internacional de cientistas responsável pelo trabalho publicou o resultado do sequenciamento do genoma de uma rã encontrada na África, a Xenopus tropicalis.

O anuro em questão, segundo os pesquisadores responsáveis pelo sequenciamento, é um importante modelo para o desenvolvimento dos vertebrados. A sequência apresentada contém mais de 20 mil genes codificadores de proteínas, incluindo genes semelhantes de pelo menos 1,7 mil causadores de doenças em humanos.

“Até o momento, foram sequenciados diversos animais com pelos, mas poucos outros vertebrados. Ter um catálogo completo dos genes de Xenopus, ao lado dos genes de humanos, ratos, camundongos e galinhas, nos ajudará a remontar o conjunto dos genes ancestrais dos vertebrados”, disse Richard Harland, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos autores da pesquisa.

“O genoma da Xenopus abre a possibilidade de estudar os efeitos dos disruptores endócrinos nos níveis molecular e genômico”, disse Uffe Hellsten, do Joint Genome Institute em Walnut Creek, primeiro autor do artigo.

Disruptores endócrinos são substâncias químicas – a maior parte derivada da poluição – que imitam os hormônios dos anuros. Sua presença em corpos d’água pode, de acordo com os cientistas, ser parcialmente responsável pelo declínio das populações de sapos, rãs e pererecas em todo o mundo.

“Esperamos que o conhecimento dos efeitos desses disruptores hormonais possa ajudar a preservar a diversidade dos anuros. Como esses produtos químicos também afetam o homem, esse conhecimento poderá ter um efeito positivo na saúde humana”, disse Hellsten.

Xenopus, que significa “pé estranho”, é um gênero de mais de 20 espécies de anuros nativas da África subsaariana. Quando os biólogos descobriram que tais anfíbios eram sensíveis à gonadotrofina coriônica humana (HCG), eles passaram a ser usados em testes de gravidez a partir da década de 1940.

Ao injetar urina de uma mulher em um exemplar de Xenopus, caso ela esteja grávida a rã ovulará e produzirá ovos em menos de 10 horas. Posteriormente, os cientistas verificaram também o importante valor desses pequenos anfíbios – que cabem na palma da mão – no próprio estudo do desenvolvimento embrionário.

Quando o Joint Genome Institute decidiu sequenciar o genoma de um anuro, a comunidade internacional recomendou o X. tropicalis, e não o muito mais conhecido X. larvis, porque o genoma do primeiro tem a metade do tamanho do segundo e seu sequenciamento seria mais rápido e com menor custo.

Um esboço do genoma do X. tropicalis já estava disponível à comunidade científica, mas o novo artigo é a primeira análise do genoma completo.

De acordo com os autores do estudo, a comparação de regiões em torno de genes específicos do anfíbio com o do homem e da galinha mostrou que eles são muito semelhantes, o que indica um alto nível de conservação da organização ou da estrutura dos cromossomos.

“Quando olhamos para alguns segmentos do genoma da Xenopus, estamos literalmente observando estruturas com 360 milhões de anos e que foram partes do genoma do último ancestral comum de todas as aves, anfíbios, dinossauros e mamíferos que passaram pela Terra”, disse Hellsten.

O artigo The Genome of the Western Clawed Frog Xenopus tropicalis (DOI: 10.1126/science.1183670), de Uffe Hellsten e outros, pode ser lido por assinantes da Science em http://www.sciencemag.org/.

Seminário em SP discutirá relações de consumo e mudanças climáticas

Com o tema As mudanças climáticas e as relações de consumo: desafios e perspectivas para o desenvolvimento sustentável, o seminário é promovido pela Escola Nacional de Defesa do Consumidor.

Por Renato Oliveira do Ministério da Justiça

Cada dia mais a sociedade adquire consciência que produzir e consumir de forma sustentável ajuda a preservar o destino do planeta e as futuras gerações. Essa relação entre consumo e meio ambiente é o tema que será debatido em um seminário que acontece nos dias 5 e 6 de maio, na PUC, em São Paulo. O evento é promovido pela Escola Nacional de Defesa do Consumidor, em parceria com a PUC-SP e o Grupo de Trabalho em mudanças climáticas, formado pelo Ministério da Justiça e representantes do Procon São Paulo, Procon Bahia, Idec e TRF da 3ª Região.

Com o tema As mudanças climáticas e as relações de consumo: desafios e perspectivas para o desenvolvimento sustentável, o seminário é voltado para integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, professores e alunos da PUC, agentes formuladores de políticas públicas de consumo sustentável e estudiosos das interfaces do direito do consumidor e do direito ambiental. O objetivo é fomentar a promoção de políticas públicas e consumo sustentável.

O seminário será dividido em quatro painéis, com a realização de palestras e debates sobre temas como consumo consciente, selos ambientais e responsabilidade pós-consumo. Serão disponibilizadas 150 vagas e os interessados em participar devem enviar a ficha de inscrição preenchida para o e-mail consumosustentavel@mj.gov.br entre os dias 27e 30 de abril. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (61) 2025-9322 , (61) 2025-9322 e 2025-3287.

Painéis
Painel 1- Mudanças climáticas e transformações nos padrões de produção e consumo: co- responsabilidade entre governo, empresas e consumidores.

Painel 2- Direito à informação do consumidor e mudanças climáticas: rotulagem, publicidade e selos ambientais.

Painel 3- Direitos e deveres do consumidor sob a perspectiva da responsabilidade ambiental pós-consumo.

Painel 4- Experiências e desafios nas compras públicas para um desenvolvimento sustentável.

Fonte: EcoAgência

Biodiesel de soja tem problemas socioambientais, avalia relatório

Segundo documento da ONG Repórter Brasil sobre impactos da soja na safra 2009/2010, critérios de sustentabilidade enfrentam resistência dos produtores.

Por Verena Glass - Repórter Brasil

A ONG Repórter Brasil acaba de lançar o relatório Os impactos da soja na safra 2009/10, produzido pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA). O documento analisa aspectos da produção da cultura em regiões onde está consolidada, como o Mato Grosso, e onde acaba de despontar, como o Oeste baiano. Também avalia a relação de usinas de biodiesel com a cadeia produtiva do grão, e as tendências dos critérios de sustentabilidade, apontando alguns dos problemas que ain da são latentes no setor.

Focando parte do estudo no Mato Grosso, maior produtor de soja do país e que tem 11 usinas de biodiesel em funcionamento, o CMA apurou que o grão adquirido para produção do agrorcombustível provém, em parte, de áreas com problemas ambientais (grandes fazendas constantes da lista de embargos do Ibama e assentamentos embargados pelo órgão por crime de desmatamento) e fundiários. Também aponta irregularidades no cumprimento das normas do Selo Combustível Social.

A situação também é crítica no Oeste da Bahia, onde o cultivo da soja encontra-se em franco crescimento e já apresenta problemas relativos aos direitos trabalhistas e à legislação ambiental. Dos dez municípios que mais plantam soja no estado, seis são campeões de desmatamento do cerrado entre 2002 e 2008, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente sendo Formosa do Rio Preto, São Desidério, Correntina, Jaborandi, Barreiras, Riachão das Neves.

Em relação ao respeito aos direitos trabalhistas, a região apresentou, entre 2003 e 2009, 43 casos de propriedades flagradas com trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Por fim, o documento avalia as várias tentativas de acordos sobre critérios de sustentabilidade para a soja, apontando que, apesar dos esforços de espaços como as Mesas Redondas da Soja e do Biocombustível Sustentáveis, e da Moratória da Soja, o setor empresarial tem se afastado das discussões. Vários critérios, como a paralisação do plantio de soja em áreas desmatadas na Amazônia, têm sido descumpridos.


Fonte: Envolverde - EcoAgência

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sob perigo, moradores são retirados da Serra do Mar

Por Matheus Pichonelli do iG São Paulo

Há uma bomba-relógio encravada no alto da Serra do Mar. No corredor ecológico de Mata Atlântica que separa o planalto e o litoral paulista, moradias irregulares se espalham em encostas e áreas de proteção ambiental onde os habitantes se apoiam em orações e vigílias noturnas para se proteger da força das chuvas que têm causado estragos e mortes em Estados vizinhos como Rio de Janeiro e Santa Catarina. Assim como nos morros fluminenses, onde mais de 250 pessoas morreram em deslizamentos no início do mês, milhares de famílias da região paulista vivem em moradias precárias instaladas no alto da serra.

Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP (IPT), que mapeou as áreas de risco e de desmatamento na Serra do Mar, apenas em Cubatão (SP) existem 5.350 famílias que devem deixar o local antes que a “bomba” seja detonada.

O instituto aponta que apenas 2.410 das 7.760 famílias de áreas de morros no município estão seguras e podem permanecer em suas casas, que serão revitalizadas. As demais devem ser reassentadas em áreas seguras.

A desocupação dessas encostas, prevista no Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, do governo paulista, teve início em 26 de fevereiro e até o momento 327 famílias cadastradas já foram transferidas para apartamentos de conjuntos residenciais construídos na Praia Grande ou em Peruíbe pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) de São Paulo, que coordena o projeto. A ideia é levar, até 2012, todas as famílias sob perigo para residenciais construídos em cidades da Baixada Santista e região metropolitana de São Paulo. O orçamento para o programa é de cerca de R$ 1 bilhão.

Em Cubatão acontecem cerca de 15 mudanças de moradores diariamente. A retirada acontece pela manhã, sempre por volta das 7h, e o transporte para as novas casas é pago pela própria CDHU. A reportagem do iG acompanhou um dia de trabalhos de demolição dos barracos no bairro Pinhal do Miranda, um dos sete núcleos de ocupação irregular de Cubatão onde foi identificado alto risco de escorregamento de terra.

No local vivem 2.238 famílias em casas geralmente de um ou dois cômodos assentadas sobre terra batida e paredes de madeirite ou cortiça. É uma favela vertical onde residências se equilibram entre trilhas estreitas. Correm numa espiral ascendente que se desenha numa encosta que praticamente atravessa os fundos dos quintais improvisados.

Parte dos moradores ainda espera o dia da mudança – o que significa, para muitos, esperar que sejam alojados em casas próximas dos locais de trabalho. Até lá, famílias remanescentes convivem com um cenário peculiar: além da sujeira nos córregos – verdadeiros esgotos a céu aberto –, risco de doenças como dengue e da precariedade das moradias, elas têm agora como companhia terrenos já desmontados, onde moravam os antigos vizinhos que já se mudaram. Estes deixaram para trás histórias, saudades e objetos que preferiram não levar na bagagem – como azulejos, tijolos, panelas, bonecas, chuteiras e até um vaso sanitário que permaneceu intacto, e tomado por terra, após “sobreviver” a um deslizamento que atingiu a casa de uma antiga moradora. Tudo se acumula entre escombros, num cenário que parece uma cidade bombardeada, à espera da limpeza. Aos poucos, as casas demolidas dão forma a um bairro-fantasma – íngreme e ainda a perigo.

Vazamento se agrava e já lança 5 mil barris por dia no Golfo do México

Da BBC Brasil

A Guarda Costeira dos Estados Unidos disse que a quantidade de petróleo que vaza de uma plataforma de petróleo no Golfo do México que afundou na semana passada é cinco vezes maior do que se pensava.

A contra-almirante Mary Landry, da Guarda Costeira, disse que o equivalente a 5 mil barris de petróleo estão vazando no mar a 80 quilômetros da costa do Estado americano da Louisiana.

Segundo Landry, técnicos da agência americana para Oceanos e Atmosfera (Noaa, na sigla em inglês) revisaram para cima a estimativa do tamanho do vazamento baseados em fotos aéreas, estudo da trajetória da mancha e condições climáticas locais, entre outros fatores.

"Não se trata de uma ciência exata quando estimamos a quantidade de petróleo. Mas a Noaa está me dizendo agora que preferem usar (o dado de) pelo menos 5 mil barris por dia", disse Landry em Nova Orleans.

Mais cedo, uma equipe da Guarda Costeira ateou fogo a parte da mancha de petróleo, em uma tentativa de salvar o frágil ecossistema de manguezais da Louisiana. O Estado abriga cerca de 40% dos pântanos e mangues americanos e é o habitat de inúmeras espécies de peixes e aves.

A queima controlada da mancha foi feita em uma área cerca de 50 quilômetros a leste do delta do rio Mississippi, de acordo com as autoridades.

Mas a mancha pode acabar chegando na costa sexta-feira à noite por causa de uma mudança na direção dos ventos, de acordo com meteorologistas.

Landry advertiu na terça-feira que o trabalho para tapar o poço de onde o petróleo está vazando pode levar meses. A operação está sendo feita com submarinos robôs.

Obama
O presidente americano, Barack Obama, foi informado da evolução do caso, e o governo ofereceu a ajuda do Departamento de Defesa para conter a mancha, disse Landry. O governador da Louisiana, Bobby Jindal, pediu ajuda de emergência do governo federal.

"Nossa principal prioridade é proteger os nossos cidadãos e o meio ambiente. Estes recursos são críticos para mitigar o impacto da mancha de petróleo em nossa costa", afirmou em nota oficial. A mancha cobre uma área de cerca de 74,1 mil quilômetros quadrados.

A plataforma Deepwater Horizon, da empresa British Petroleum (BP), explodiu na terça-feira passada e afundou na quinta-feira, depois de ficar dois dias em chamas. Onze trabalhadores estão desaparecidos - supostamente mortos - depois do desastre, que está sendo considerado o mais grave do tipo em quase uma década.

Morre o demógrafo Daniel Hogan

Por Fábio Reynol, da Agência FAPESP

Faleceu na madrugada de terça-feira (27/4), aos 67 anos, o professor Daniel Joseph Hogan, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp), em decorrência de câncer. O sepultamento foi realizado no dia seguinte no Cemitério Flamboyant, em Campinas (SP).

Hogan foi pró-reitor de Pós-Graduação da universidade de 2002 a 2005 e possuía vasta produção científica na área de demografia. Atuou junto aos Núcleos de Estudos da População (Nepo) e de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam), centros de pesquisa que ajudou a criar.

Nascido nos Estados Unidos, Hogan graduou-se em 1964 em letras pela universidade Le Moyne Collegem e fez mestrado em sociologia do desenvolvimento (1968) e o doutorado em sociologia e demografia (1974), ambos pela Universidade Cornell.

Hogan ministrava na Unicamp aulas nos cursos de pós-graduação de demografia, de ambiente e sociedade e de geografia. Suas atividades de pesquisa se concentravam nas relações entre dinâmica demográfica e mudança ambiental, focando também as dimensões humanas das mudanças ambientais globais.

Figurava entre os principais pesquisadores do Projeto Temático “Crescimento urbano, vulnerabilidade e adaptação: dimensões social e ecológica da mudança climática na costa de São Paulo”, coordenado pela professora Lucia da Costa Ferreira e que está inserido no Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

Para o reitor da Unicamp, Fernando Costa, Hogan contribuiu de maneira significativa não só como destacado pesquisador de demografia, mas também como pró-reitor da universidade. “Foi um exemplo de dedicação à ciência e à instituição. Sem dúvida, é uma perda importante para a Unicamp”, disse.

De acordo com a diretora do Nepo, Regina Maria Barbosa, Hogan criou a área de população e ambiente no Brasil e na América Latina e foi um grande formador de pesquisadores durante os 35 anos de carreira na Unicamp.

“Com a sua capacidade de articulação e diálogo, conseguiu criar uma ampla rede de pessoas dedicadas a pensar e trabalhar por um mundo mais sustentável, justo e humano”, disse.

O trabalho de Hogan na identificação de áreas vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, feito em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), recebeu destaque recente na imprensa após os deslizamentos ocorridos em Niterói e na capital fluminense.

Original e imaginativo
De acordo com o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, além de se destacar na pesquisa, Hogan deu outras importantes contribuições às instituições pelas quais passou.

“Daniel foi um pesquisador original e imaginativo que, além da contribuição científica, foi determinante para várias iniciativas institucionais. Como pró-reitor de pós-graduação da Unicamp foi determinante para o sucesson dos programas da universidade em uma fase de crescimento da pós-graduação”, disse.

Segundo Brito Cruz, as contribuições de Hogan também foram importantes para a FAPESP. “Na Fundação, sua participação foi determinante para trazer uma visão multidisciplinar com foco nas humanidades para programas como o Biota e o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais”, disse.

Brito Cruz também destacou a serenidade e a precisão nas palavras, traços que marcavam a personalidade de Hogan. “Seu modo tranquilo de debater, sempre com tom suave, palavras bem escolhidas e ideias fundamentais definiram o resultado de muitas discussões científicas e institucionais e estabelecem um modelo para a vida acadêmica. Sua ausência será muito sentida”, disse.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Frigoríficos descumprem meta ambiental para Amazônia

Do Estado de São Paulo
Quase um ano após a publicação do relatório do Greenpeace que aponta a pecuária como principal vetor do desmatamento na Amazônia, os frigoríficos avançaram no processo de cadastrar e monitorar seus fornecedores no bioma. Mas ainda não conseguem rastrear 100% da cadeia e estão revendo os prazos do compromisso assinado com a organização não-governamental (ONG) em outubro de 2009. Em outubro do ano passado, a promessa dos frigoríficos era cadastrar seus fornecedores dentro de um prazo de 180 dias.

Os principais frigoríficos que têm fornecedores de carne na Amazônia, como Marfrig, Minerva e JBS Friboi, pediram mais três meses de prazo para concluir o monitoramento de suas cadeias. Na última reunião com o Greenpeace, no início do mês, representantes da indústria alegaram dificuldades no rastreamento. "Enquanto os frigoríficos que têm fornecedores não monitorarem 100% da cadeia, será impossível afirmar que não existe mais gado em área de desmatamento", diz Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace.

O frigorífico Marfrig, que tem boa parte de seus fornecedores localizados no Mato Grosso, conseguiu mapear pouco mais de 80% das fazendas fornecedoras localizadas no bioma amazônico. O diretor de sustentabilidade do Grupo Marfrig, Ocimar Villela, estima que os três meses a mais de prazo serão suficientes para chegar a 100% de fornecedores rastreados. "O processo está evoluindo. Há dificuldades, pois o processo também depende da vontade das fazendas."

A JBS Friboi, maior frigorífico do mundo e que recentemente comprou o Bertin, afirma em nota que está avançando no monitoramento dos fornecedores. Otávio Cançado, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), argumenta que houve um grande avanço por parte dos frigoríficos. "As áreas que a gente não tem georreferenciamento são de difícil acesso ou para chegar lá era preciso passar por parques nacionais." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Experts call for hike in global water price

World Bank and OECD say water is a finite resource that must be valued at a higher price in order to repair old supply systems and build new ones

Juliette Jowit, The Guardian

Major economies are pushing for substantial increases in the price of water around the world as concern mounts about dwindling supplies and rising population.

With official UN figures showing that 1 billion people lack access to clean drinking water and more than double that number do not have proper sanitation, increases in prices will be – and in some countries are already proving to be – hugely controversial.

However experts argue that as long as most countries provide huge subsidies for water it will not be possible to change the wasteful habits of consumers, farmers and industry, nor to raise the investment needed to repair old supply systems and build new ones. And price rises can be managed so that they do not penalise the poorest.

Last Friday, the World Bank held a high-level private meeting about water in New York, at which higher prices were discussed. Days before that the OECD, which represents the world's major economies, issued three water reports calling for prices to rise. "Putting a price on water will make us aware of the scarcity and make us take better care of it," said Angel Gurría, the OECD secretary-general. It has also been a key theme at this week's meeting of industry leaders in Paris, hosted by Global Water Intelligence.

The discussion at the World Bank was raised by Lars Thunell, chief executive officer of the International Finance Corporation. "Everyone said water must be somehow valued: whether you call it cost, or price, or cost recover," said Usha Rao-Monari, senior manager of the IFC's infrastructure department. "It's not an infinite resource, and anything that's not an infinite resource must be valued."

Concern about dwindling water supplies has been rising with growing populations and economies. And with climate change altering rainfall patterns, experts warn that unless changes are made, up to half the world's population could live in areas without sustainable clean water to meet their daily needs.

Global Water Intelligence's 2010 market report estimated the industry needs to spend $571bn (£373bn) a year to maintain and improve its networks and treatment plants to meet rising demand - more than three times this year's projected spending.

At the same time, a major report last year by consultants McKinsey, paid for by a group of water-dependent global brands including SABMiller and Nestlé, said that most of the estimated "gap" in water in 2030 could be met from efficiency savings such as better irrigation and new showerheads.

However, highly subsidised prices are hampering both investment and efficiency, because private and public companies cannot collect enough water, nor persuade farmers, homeowners and businesses to make - and sometimes pay for - changes to reduce their water use, say the experts.

"We were in a vicious cycle," says Virgilio Rivera, a director of Manila Water, which took over water and sewage services in the city when the Philippines government passed a National Water Crisis Act in 1997. "Lack of investment; poor service; government can't increase the water rates because customers are dissatisfied; they are not paying, so low cash flows; so the government can't improve the service."

Huge opposition to price rises is expected however, especially as so many prices are set by elected politicians.

Even in Washington DC there has been an outcry over calls for prices to double over the next five years to help the city raise money to spend on its 76-year-old network of leaking lead pipes.

Obstacles include a long term "legitimacy" from providing free or very cheap water; and vested interests, says Rao-Monari, who cites the example of water vendors in India making big profits from desperate households.

The biggest concern though is the impact on the poorest households. There is evidence that they suffer most from the bad services of poorly funded water companies, because often they are not connected at all or have such bad services they are forced to rely on even more expensive water vendors.

In Manila, Manila Water increased bills from 4.5 to 30 pesos per cubic metre. At first there was resistance but by 2003 the company doubled connections from 3m to 6m, including 1.6m of the poorest squatters, leakage had been cut drastically, and pressure and quality had improved, said Rivera, one of the company's directors visiting Paris. Bills for the poorest households are now less than one-tenth of when they relied on vendors, and payment in the slum areas is 100%, said Rivera.

Some say step pricing can be used to protect a basic water allowance for drinking, cooking and washing – either for very low prices or for free, as it is in South Africa.

"I fully agree the water we need of hydration and minimal hygiene are part of the Human Rights declaration, but this is 25 litres of water [a day], which is the smallest part," said Peter Brabeck-Letmathe, chairman of food giant Nestlé and one of the most prominent global business leaders campaigning on water. More than 95% of water is used to grow food, for other household needs and for industry, he added.

Food prices should not have to rise as higher water bills could be offset by efficiency improvements, from irrigation, to new seeds, or even a changing pattern of what is eaten to favour less water-intensive ingredients, said Brabeck-Letmathe.

Others favour separating water supply from government's duty to take care of the most vulnerable. "Ideally utilities should not make any distinction between rich and poor," said Prof Asit Biswas, president of the Third World Centre for Water Management. "The moment you subsidise [someone's bill] people don't use water prudently."

Biomapa da Amazônia

Da Agência FAPESP

Informações sobre mais de 100 espécies nativas da Amazônia estão reunidas no Biomapas, lançado nesta terça-feira (27/4) pela Petrobras.

Durante o trabalho de produção de petróleo na província petrolífera de Urucu, na região central do Estado do Amazonas, a empresa financiou um levantamento de espécies nativas locais, em parceria com centros de pesquisa da região.

O resultado deu origem a um livro, Biodiversidade na Província Petrolífera de Urucu, lançado em 2008. Agora, o material foi ampliado e transformado em fonte de consulta na internet.

No site, são encontrados textos explicativos com os nomes, características e curiosidades de espécies nativas vegetais como goiaba de anta, caroba, breu e pará-pará, e animais, como piaba e estalador-do-norte.

Os animais e vegetais catalogados estão distribuídos em um mapa que identifica o local em que foram encontrados. A visualização e pesquisa de forma georreferenciada são feitas por meio do Google Maps ou Google Earth. Vídeos e fotos sobre expedições realizadas nos últimos anos por biólogos, engenheiros florestais e de coletores locais, entre outros especialistas ambientais, estão disponíveis no YouTube, Flickr e Picasa.


Mais cana com menos queima

Por Alex Sander Alcântara, da  Agência FAPESP 
O Estado de São Paulo registrou, nos últimos anos, uma rápida expansão na produção de cana-de-açúcar, em consequência principalmente do aumento da demanda por etanol para atender ao mercado de veículos flex no país.

De 2003 a 2009, a área total do cultivo da cana disponível para a colheita no Estado saltou de 2,57 milhões para 4,89 milhões de hectares, segundo dados do mais recente relatório feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).

O dado mais expressivo – do ponto de vista ambiental – é que pela primeira vez mais da metade da colheita foi realizada sem queima. O relatório referente à safra de 2009/2010 mostra que cerca de 56% da colheita foi realizada sem queima, contra 44% em que se utilizou o recurso. Na safra de 2006/2007, a colheita sem queima beirou os 34%.

De acordo com Bernardo Rudorff, pesquisador do Inpe, se o ritmo for mantido, a meta estabelecida pelo Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro, assinado em 2007 entre o Governo do Estado de São Paulo e a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) – que prevê a eliminação gradativa da queima da cana-de-açúcar até 2017 –, será cumprida, mesmo com a expansão da produção. Para as áreas com declive inferior a 12%, que permite a mecanização da colheita, o prazo termina em 2014.

"É claro que a expansão envolve questões complexas que impõem alguns limites, como condições favoráveis de mercado e investimento em maquinário, mas a pressão do protocolo está produzindo um resultado muito positivo no Estado e mostra que o objetivo de eliminar totalmente o procedimento de queima pode ser atingido até a data limite”, disse à Agência FAPESP.

Rudorff coordena o Projeto Temático recém-aprovado, intitulado “Impactos ambientais e socioeconômicos associados com a produção de etanol de cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil”, que será desenvolvido no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bionergia (BIOEN).

O grupo de pesquisadores vem monitorando, desde 2003, a área de cultivo, o tipo de colheita – com ou sem queima – e a mudança de uso e cobertura da terra decorrente da expansão do cultivo da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo. A partir dos dados obtidos são gerados mapas que auxiliam a Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

“A partir de 2009, iniciamos uma avaliação mensal da colheita e disponibilizamos os mapas para a secretaria, que, com isso, sabe do percentual e da localização das áreas queimadas. Antes disso, gerávamos um único mapa mostrando tudo o que havia sido colhido com e sem queima durante a safra”, disse Daniel Alves Aguiar, doutorando do programa de pós-graduação e integrante do projeto Canasat do Inpe.

Em novo estudo publicado na revista Remote Sensing, os pesquisadores do Inpe divulgaram os números referentes à safra de 2008/2009. De 2003 a 2008, a área de produção foi ampliada em 1,88 milhão de hectares. Entretanto, o ritmo de crescimento caiu nas últimas safras. Na safra anterior a 2008, a expansão foi de mais de 1,2 milhão de hectares, em 2008 o aumento foi de pouco mais 320 mil e, na safra 2009/2010, ficou em cerca de 100 mil hectares.

“Uma das explicações é que, com a crise econômica mundial – que afetou todos os setores da economia –, a produção da cana também foi atingida e a produção seguiu um ritmo mais lento nos dois últimos anos”, disse Aguiar, coautor do artigo.

“No artigo, usamos como referência a safra de 2008 porque o objetivo era apresentar a metodologia que utilizamos, que consiste em técnicas de interpretação de imagens de sensoriamento remoto e geoprocessamento”, explicou.

De acordo com o trabalho, a maior expansão de área com cana ocorreu no oeste paulista, que compreende as regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba e Presidente Prudente.

“A expansão da cana nessas regiões se deu principalmente sobre as pastagens. E uma das críticas era que o aumento do cultivo da cana poderia comprometer a produção de outras culturas, como soja e milho, e promover uma diminuição do rebanho bovino no Estado”, disse Aguiar.

“São Paulo perdeu muita área que tradicionalmente era de pastagem para a cana-de-açúcar, mas, no entanto, o gado não diminuiu. Isso se deve à otimização do uso do espaço e ao investimento do setor pecuário em tecnologia”, disse Rudorff.

Na safra de 2009/2010, 2,27 milhões de hectares foram colhidos sem a queima da palha, enquanto 1,8 milhão foi colhido com a queima. O mapeamento mostra ainda que as regiões administrativas de Barretos, de Campinas e Central – tradicionais no cultivo da cana – foram as que apresentaram maior porcentagem sem queima, com 61,4%, 60,7% e 61,2%, respectivamente.

Apenas duas regiões, de Marília (56,3%) e de Presidente Prudente (50,8%), tiveram mais área colhida com queima do que sem. “Nesse sentido, o sensoriamento remoto tem importância fundamental para o cumprimento do protocolo”, destacou Aguiar.

Interpretação das imagens
Segundo os pesquisadores, o método utilizado consiste em monitorar o modo de colheita a partir da interpretação visual e do processamento digital das imagens. Mas, ressaltam, a metodologia tem uma limitação.

“Para resultados satisfatórios é preciso contar com diversas imagens livres de nuvens durante o período de colheita. Por isso, utilizamos imagens de sensores com características diferentes”, disse Aguiar.

Segundo ele, o mais importante é obter imagens em períodos específicos em que a cana seja mais fácil de ser identificada. O mapeamento do cultivo da cana requer que sejam adquiridas imagens em janeiro, fevereiro e março da safra corrente e setembro e outubro do ano anterior.

“O plantio da cana-de-açúcar é geralmente feito nos meses de março e abril e em outubro elas já começam a aparecer em imagens de satélite. De janeiro a março do ano seguinte é o período em que a cana está mais vigorosa e fácil de ser identificada”, explicou o pesquisador.

Já para a colheita as imagens são adquiridas de abril a dezembro, período tradicional de colheita no Estado de São Paulo. Mas em dezembro, quando começam a aparecer mais nuvens, o trabalho se torna mais complicado.

“O foco principal do artigo que publicamos foi mostrar que a técnica de sensoriamento remoto pode ser utilizada para monitorar vários aspectos do cultivo da cana e tem tido um efeito positivo fora do país. Em discussões ambientais, o Brasil é lembrado por monitorar o cultivo”, disse Rudorff.

O estudo feito no Inpe destaca que as metas do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro não são para os municípios, mas para o setor como um todo. “O produtor que atingir as metas receberá um selo agroambiental. A ideia é que esse selo possa servir como um ingresso para o mercado externo”, disse Aguiar.

O artigo Studies on the Rapid Expansion of Sugarcane for Ethanol Production in São Paulo State (Brazil) Using Landsat Data pode ser lido em www.mdpi.com/2072-4292/2/4/1057.

Mais informações sobre o Projeto Canasat: www.dsr.inpe.br/canasat

terça-feira, 27 de abril de 2010

Kevin McCloud's top green home tips

The Guardian

As Grand Designs Live opens, TV presenter Kevin McCloud selects 10 products from recycled scourers to insulating blinds

Sting plus - upholstery made from nettles
There are lots of points to make about this fabric. But the main one is that it does everything a synthetic fabric can achieve (meeting fire ratings, "rub tests", resistance to fading and so on) while being made out of nettles and old wool, the two things you'll be almost guaranteed to find in a British field, together with barbed wire. There's nothing barbed about this fabric, however – it may be ethical but it doesn't sting or itch. Like linen, which is another natural fabric made from plant fibre, Sting is beautiful and glamorous.

Smile Plastics recycled plastic worktops
When it comes to specifying sheet materials for a new kitchen or some cupboards, recycled plastics often get overlooked, usually because they look like frozen sick. Smile Plastics, however, have begun making sheet plastics made from single source plastics: recycled and chopped CDs for example, which give the material the iridescence of abalone or mother-of-pearl. This is upcycled plastic. I chose it for this list because I wanted designers and architects to see it and specify it, as well as consumers.

Parans solar lighting
This product is almost too technical to describe. An egg-crate panel of little rotating eyes follow the sun all day long like a sunflower, collecting direct sunlight and distributing it through a building via a network of fibre-optic cables. This is ideal for introducing light into earth-sheltered or buried buildings or the thousands of London homes now retro-fitted with three underground storeys. It is brilliant. Literally.

Giles Miller - cardboard furniture
Giles is a designer-maker of extraordinary pedigree who examines the value and the usefulness of everything he utilises. So he forces us to re-evaluate materials like corrugated cardboard as not only durable and utilitarian, but also beautiful. We already ran the Grand Designs Awards and these are judged by a panel of luminaries from the worlds of design and sustainability. But choosing this range of cardboard furniture and the other green products here was a much simpler exercise – and much more personal. These are products and inventions that I've chosen because I like them, I've used or tested them and I wanted them to get more exposure.

Hemcrete - greener concrete
Hemcrete is a walling material that can be sprayed or cast like concrete, but it's made from lime and hemp. It performs both as an insulant and as a thermal-mass and it locks up carbon as it grows. The average hemp house can stow away about 20 tonnes of CO2 into its walls this way, about 40 kilogrammes for every square metre of wall in comparison with a traditional brick, block and cavity wall which is responsible for the production of about 100kg for every square metre. And hemp is the second-fastest growing crop on the planet after bamboo, so it can be slotted in between other crops during a growing season. It also requires almost no inputs and enriches the soil.

EcoForce - recycled everyday homewares
I remember clearly the day – as if it were yesterday – that someone told me that toilet roll wasn't made from recycled paper. What do you mean? Surely it's got to be, it only gets used once? The same goes for scourers and cleaners. You'd sort of expect throwaway bits of foam and gritty green plastic to be of the very cheapest grades of recycled plastic. But not a bit of it. They're all manufactured from virgin petrochemicals. I can understand that the acrylic used for making DVDs, that are read by lasers and spun at 200mph, needs to be perfect and crystal clear. But not my clothes pegs.

Black Mountain Sheepswool insulation - natural insulation
We all know about sheepswool insulation that comes from New Zealand or other far-flung outreaches of the world of sheep. It is highly breathable, natural, people-friendly and hygroscopic, regulating the moisture content in a cavity such as a wall. Very, very useful in timber framed buildings where condensation and moisture can dissolve the building into wet rot. And Black Mountain is British. Home-grown. Many of our sheep are bred to be shorn twice a year but only get fleeced once because the market for wool is so depressed. If we all bought sheepswool for our attics the flocks of Britain would be much more comfortable.

Newform Energy - combined solar electricity and hot water
Since Becquerel used selenium to experiment with photovoltaics in 1836, and Horace de Saussure captured solar heat in his homemade "hotbox" in 1767, the two disciplines of using solar energy to produce either electricity or hot water have remained separate. Until a very short while ago when some brilliant German physicists decided to circulate the water from solar thermal panels around the electronics in solar photovoltaic panels providing – bingo – a faster-than-normal supply of hot water. The resulting panel also produces electricity more efficiency than a standard photovoltaic panel.

Heatsaver Shades - insulated blinds
Heatsaver is an American firm that make insulated window blinds from the multilayer thin insulation sold for roofspaces which looks like the covering of a Nasa spaceship. Heatsaver uses a less complex structure in its product, which has the appearance of interlined cream linen Roman blinds and the thermal performance of several inches of plastic foam. Their secret, however, lies in a specially designed channel on the wall, in which the blind slides, forming an effective seal. There is no better way of keeping heat inside a building with large glazed walls or a listed building that is single-glazed.

Tirex from Interface Flor - flooring made from recycled rubber
We throw away 486,000 tonnes of tyres every year in Britain. Tirex carpet tiles are recycled — with a minimum of processing — by slicing old tyres and rubber machinery belts into long French fries and then bonding them together side-on. The durable fabric webbing that is inside the tyre wall is exposed as the top surface of the carpet and the resulting texture is a revelation. Interface Flor sell it as "entrance matting" but Tirex doesn't look anything like a tyre. Its colours are grey and brown. It is elegant and sophisticated and every office in the world and quite a few homes ought to be carpeted with it.

Superfície florestal mundial diminui 3,1% de 2000 a 2005, diz estudo

Da AFP

A superfície florestal diminuiu 3,1% entre 2000 e 2005 no mundo, com as matas boreais representando um terço desta perda, seguidas pela zonas florestais tropicais úmidas, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira, baseado em observações por satélites.

A perda bruta de superfície florestal é definida nesta investigação como produto de causas naturais, como incêndios provocados por raios, e atividades humanas.

Estimativas precisas são indispensáveis nos esforços de contabilização das emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases de efeito estufa, e para elaborar modelos climáticos, explicaram os autores da pesquisa, divulgada pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

No total, a perda foi de 1.011.000 km2 de 2000 a 2005, o que representa 0,6% por ano. A superfície florestal mundial era de 32.688.000 km2 no início do estudo.

As matas boreais, que se situam no Ártico e representam 26,7% da superfície florestal do planeta - a segunda mais importante - registraram a maior redução deste período em cinco anos (4%), dois terços dos quais se deveram a incêndios de origem natural, afirmaram os investigadores da Universidades de Dakota do Sul (norte) e do Estado de Nova York (nordeste).

As matas tropicais úmidas, que cobrem 11,5 milhões de km2 e representam a maior superfície florestal da Terra, perderam 2,4% de sua superfície, o que equivale a 27% da perda total.

As florestas tropicais em zona seca - 7,13 milhões de km2, ou 21,8% das superfícies de mata do mundo - diminuíram 2,9% de 2000 a 2005, o que representou 20,2% das perdas florestais totais.

Já as matas das zonas temperadas - 5,2 milhões de km2 - ou 16,1% do total mundial em 2000, perderam 3,5% de sua superfície, 18,2% do total do planeta neste período.

ONGs lançam manifesto contra ferrovia e porto na Bahia

Diversas organizações não governamentais ambientalistas lançaram, ontem (25/04), às margens da Lagoa Encantada, em Ilhéus (BA), um manifesto contra a implantação do Terminal Portuário da Bamin, do Porto Sul e do traçado final da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), previstos para serem localizados na Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa Encantada.

O grupo argumenta que as obras estão sendo planejadas em áreas de extrema importância socioambiental - inclusive Área de Proteção Permanente, como o entorno da própria Lagoa Encantada - cuja biodiversidade, que inclui 1.500 espécies de plantas endêmicas (ou seja: que só crescem na região), já se encontra sob severa ameaça.

O manifesto pleiteia a imediata suspensão dos processos de licenciamento do Porto da Ponta da Tulha, do Porto Sul e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol).

As organizações pedem, ainda, ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que não analise solicitações de empréstimos para este empreendimento e que o governador Jaques Wagner, da Bahia, não aplique, ali, recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

A meta assumida pelo Brasil na Convenção da Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas é de proteção de 10% da área original da Mata Atlântica até 2010. Hoje temos somente 7,9% da vegetação original. Por isso, é imprescindível preservar.

Leia o manifesto que será enviado ao governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e ao Ministério do Meio Ambiente. Comente e ajude a divulgar!

Manifesto em defesa da Lagoa Encantada (sul da Bahia)
1. Considerando que o Brasil é signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas (ONU) e da ICRI (International Coral Reef Initiative) - Iniciativa Internacional dos Recifes de Coral, tendo firmado compromissos no âmbito internacional para a proteção e conservação da biodiversidade e que, além disso, a ONU declarou o ano de 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade, ano em que o Brasil se comprometeu oficialmente em eliminar o desmatamento na Mata Atlântica;

2. Considerando que a Mata Atlântica é reconhecidamente um bioma de importância global e sob ameaça de alto grau, ou seja, um hotspot, contendo mais de 1.500 espécies de plantas vasculares endêmicas (> 0,5% do total mundial), cujos ecossistemas prestam inestimáveis serviços a sociedade, incluindo manutenção de água de qualidade para as cidades, equilíbrio climático, uma das paisagens mais belas do mundo, viabilizando enorme indústria turística etc., mas infelizmente já tendo perdido, pelo menos, 93% de seu habitat original;

3. Considerando que a área onde se pretende instalar o Terminal Portuário da Bamin está inteiramente incluída na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica reconhecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), evidenciando o compromisso do Governo Brasileiro com a conservação e desenvolvimento sustentável da área;

4. Considerando que o Sul da Bahia foi objeto de narrativas de importantes naturalistas, que estiveram presentes na região e relataram suas experiências, constituindo importantes referências históricas para o Brasil e o mundo;

5. Considerando que a biodiversidade marinha do Sul da Bahia, em especial os recifes de coral, é considerada como de alta importância biológica, é conferida à região uma enorme responsabilidade de proteção e uso sustentável desses ambientes, devido à variedade de bens e serviços que promovem, tais como (i) proteção do litoral contra a ação das ondas, (ii) berçários para as espécies marinhas, (iii) uso recreativo e turístico e (iv) fontes de compostos medicinais, além do Sul da Bahia ser um importante depositário de espécies endêmicas;

6. Considerando que o Sul da Bahia é caracterizado por sua extrema riqueza natural, histórica e cultural, abrigando um enorme patrimônio ecológico e socioambiental do Brasil, e também do mundo, traduzido por paisagens de valor histórico e espécies animais e vegetais endêmicas e ameaçadas de extinção, ou seja, espécies que poderão ser exterminadas da face da Terra se não forem preservadas;

7. Considerando que o patrimônio cultural e natural do Sul da Bahia é resultado de relações históricas seculares de comunidades locais e centenas de milhares de produtores e trabalhadores rurais, pescadores, comunidades quilombolas e remanescentes indígenas, cuja economia tem sido marginalizada ao longo de décadas, mas bem aproveitada poderia ser a base de uma nova economia regional movida pela produção de cacau e chocolate, frutas, fibras naturais, indústria de base local e de micro e pequena escala, turismo e cultura regional, e que estas mesmas populações poderão ser as maiores vítimas de projetos corporativos como os da Bahia Mineração;

8. Considerando que o turismo é uma das principais atividades da região, tendo um papel fundamental no combate à pobreza e sendo uma ferramenta crucial para o desenvolvimento sustentável; neste quesito, é relevante o fato de que as principais motivações turísticas da Bahia são (i) a NATUREZA e (ii) o PATRIMÔNIO HISTÓRICO, e que o Prodetur (Programa de Desenvolvimento do Turismo - Nordeste), financiado por recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para promover a expansão e melhoria da qualidade da atividade turística na Região Nordeste e para melhorar a qualidade de vida das populações residentes nas áreas beneficiadas, pode ter sua credibilidade institucional ameaçada com a implantação do Complexo Porto Sul;

9. Considerando que, em 1991, a região prevista para o Terminal Portuário da Bamin ser implantado - área às margens do Rio Almada e área da Lagoa Encantada - foi tombada pelo Município de Ilhéus e, em 1993, foi alvo da criação da Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa Encantada, que inclusive foi ampliada, em 2003, com o objetivo de conservar os valiosos ecossistemas remanescentes da Mata Atlântica na bacia do Rio Almada, sua nascente, os manguezais e áreas úmidas associadas a seu estuário, a riqueza que as áreas indicadas possuem como abrigo de espécies raras da fauna e flora locais, a grande beleza cênica que compõe o referido ecossistema, com imenso potencial de desenvolvimento de ecoturismo;

10. Considerando que a implantação do Complexo Intermodal Porto Sul afetará áreas de preservação permanente, assim definidas pelo artigo 215 da Constituição do Estado da Bahia e pelo Código Florestal, como, por exemplo, recifes de coral, manguezais, dunas e restingas;

11. Considerando que, ao contrário do que a Bamin tem afirmado em relação à geração de "milhares" de empregos, com a implantação do Terminal Portuário, serão gerados apenas 460 postos de emprego definitivos - com mão-de-obra especializada, ou seja, não inserindo a população local - e que a exploração da mina em Caetité (BA) se dará pelo período de 25 anos, limitando a geração de empregos na região;

12. Considerando que o total do recurso alocado para a construção da Ferrovia EF-334 é da ordem de 6 bilhões de reais, o que representa cerca de 1/3 do orçamento anual do Estado da Bahia e que o traçado final da Ferrovia EF-334 está previsto para desembocar na Ponta da Tulha, em Ilhéus, em desconformidade com a legislação ambiental, bem como com o Plano Diretor do Município de Ilhéus;

13. Considerando que, ao lado de Caetité (BA) já existe uma ferrovia - a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que segue para o Porto de Aratu - que poderia ser utilizada para escoar o minério de ferro e exportar através do referido porto, afastando a necessidade de se construir uma nova ferrovia que interligue Caetité (BA) e Ilhéus (BA) e um novo porto na região da Ponta da Tulha, sendo uma opção extremamente menos impactante dos pontos de vista econômico e socioambiental;

As entidades subscritoras deste MANIFESTO são contra a implantação do Terminal Portuário da Bamin, do Porto Sul e do traçado final da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), previstos para serem localizados na APA da Lagoa Encantada, pelos motivos expostos acima, e solicitam:

À Sra. Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a imediata suspensão dos processos de licenciamento do Porto da Ponta da Tulha, do Porto Sul e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), esta última com a revisão do traçado e posterior conexão com a Ferrovia Centro Atlântica;

Ao Sr. Presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Diniz de Aguiar, a imediata suspensão da abertura dos Editais de Concorrência da Valec 005/10 e 008/10 para execução das obras da EF-334, previstos para 04/05/2010 e 07/05/2010, respectivamente, no que tange ao traçado final da ferrovia em Ilhéus (BA);

Ao Sr. Presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Luciano Coutinho, a não apreciação de pedidos de financiamento relacionados ao Complexo Intermodal Porto Sul, em razão dos danos irreversíveis que o empreendimento irá gerar;

Ao Sr. Governador do Estado da Bahia Jaques Wagner, que utilize a verba destinada pelo PAC - Plano de Aceleração do Crescimento, em iniciativas que promovam o desenvolvimento sustentável na Bahia, que beneficiam a sociedade com melhor qualidade de vida – como tem sido demonstrado, por exemplo, com o modelo de desenvolvimento da Costa Rica–, gerando renda e postos de trabalho para seus habitantes mediante o uso sustentável de seu patrimônio ambiental, notadamente de suas unidades de conservação, inserindo a Bahia definitivamente em um modelo de desenvolvimento do século XXI, levando em conta as futuras gerações, uma economia mais justa e sustentável e o respeito à natureza e às reais vocações da região

Aos Srs. Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, Jorge Khoury, Presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal, Senador Renato Casagrande, e Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos da Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, Deputado Gaban, que tomem ciência dos riscos envolvidos no projeto e dos danos irreversíveis que ele poderá causar.

Ilhéus, 25 de abril de 2010

Vulnerabilidades das metrópoles

Por Fábio de Castro, da  Agência FAPESP

Altamente urbanizadas, as regiões metropolitanas de Campinas e Santos se expandiram para os municípios vizinhos, nos quais as taxas de crescimento são muito mais elevadas do que nas cidades centrais. Apesar da importância econômica das duas regiões, as características peculiares de sua dinâmica de distribuição espacial e mobilidade populacional foram pouco estudadas até agora, por falta de dados de base.

Durante os últimos cinco anos, um grupo de pesquisadores ligados ao Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se dedicou a preencher essa lacuna, levantando um amplo conjunto de informações e análises sobre a dinâmica sociodemográfica nas duas regiões.

Coordenado por José Marcos Pinto da Cunha – pesquisador do Nepo e professor do Departamento de Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp –, o Projeto Temático “Dinâmica intrametropolitana e vulnerabilidade nas metrópoles do interior paulista: Campinas e Santos” teve participação de pelo menos 12 pesquisadores e uma dezena de pós-graduandos, além de assistentes técnicos, estagiários e bolsistas de iniciação científica.

A pesquisa explorou várias linhas de investigação em torno de uma questão central: desvendar os processos sociodemográficos que explicam os impactos do padrão de crescimento dessas regiões metropolitanas sobre a população local. Para avaliar as diferentes capacidades de resposta da população à dinâmica sociodemográfica, os pesquisadores empregaram o conceito de vulnerabilidade.

“A ideia da vulnerabilidade está intrinsecamente associada à questão do risco social e ambiental. Nas várias linhas de pesquisa, avaliamos a questão do risco em relação às diversas linhas de investigação, como a exclusão socioespacial, a dinâmica da família – considerando a posição da mulher, por exemplo –, a questão ambiental e a mobilidade”, disse Cunha à Agência FAPESP.

O grupo partiu da hipótese de que, para enfrentar os riscos, a população dispõe de reservas de capital social e humano caracterizadas por fatores como idade, arranjos familiares, nível educacional, tempo de residência e a existência de redes sociais e organizações comunitárias.

Segundo o pesquisador, enquanto a região metropolitana de São Paulo vem sendo tratada com bastante profundidade – em especial pelo Nepo e pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), um dos Centros de Pesquisa Inovação e Difusão (Cepids) da FAPESP –, as regiões de Santos e Campinas são importantes aglomerações urbanas para as quais havia muito pouca produção na área sociodemográfica.

“Havia necessidade de cobrir essa lacuna no conhecimento a fim de fornecer subsídios para políticas públicas. A proposta era realizar um mapeamento da dinâmica sociodemográfica dessas regiões e o objetivo foi plenamente cumprido – tanto em relação à análise de dados secundários, como na realização de levantamentos amostrais”, explicou.

Com a análise de fontes secundárias, em especial os censos de 1970, 1980, 1991 e 2000, os pesquisadores puderam produzir um retrato das características de expansão territorial das áreas urbanas, mapeando as zonas de vulnerabilidade dentro das áreas urbanas. Na segunda fase do projeto, foram feitos levantamentos amostrais da população das duas regiões.

A exploração dos dados secundários foi consubstanciada em dois produtos que agora estão disponíveis na internet. Um deles é o Atlas da Região Metropolitana, que apresenta um raio X das duas regiões.

“O Atlas deixou evidente que há de fato uma dinâmica metropolitana que vai além dos interesses individuais de cada município. Ele demonstrou que existe um cidadão metropolitano que precisa ser pensado como tal e que as políticas públicas devem ser pensadas em escala metropolitana. É um produto cuja função é menos analítica e mais informativa: disponibiliza um conjunto de informações muito útil para os prefeitos”, disse.

O outro produto derivado da consolidação do conhecimento adquirida com os dados secundários é o livro Novas Metrópoles Paulistas – População, vulnerabilidade e segregação, organizado pelo professor da Unicamp.

“O livro apresenta uma coletânea de artigos que detalha nossas referências teóricas e metodológicas, consolidadas a partir de quatro grandes seminários realizados no decorrer do projeto. A segunda parte é dedicada à análise sociodemográfica, fornecendo ao leitor a visão do que são essas duas regiões em suas configurações socioespaciais. A terceira parte reúne estudos pontuais feitos pelos pesquisadores e pós-graduandos do grupo”, disse.

Na segunda fase do projeto, os pesquisadores iniciaram o processo de produção da pesquisa domiciliar, visitando mais de 3.500 domicílios nas duas regiões.

“Nossa estratégia consistia em explorar ao máximo os dados disponíveis – para não corrermos riscos de ‘reinventar a roda’ – e em seguida aproveitar o aporte do Projeto Temático para fazer a pesquisa domiciliar – que é algo extremamente complexo e que demanda muitos recursos. A FAPESP nos deu essa possibilidade e conseguimos tantos dados que será necessário iniciar outro projeto para analisá-los”, afirmou.

A heterogeneidade das duas regiões metropolitanas criou um desafio metodológico considerável. “Todo o plano amostral foi elaborado para falar da região como um todo e, a partir daí, fizemos uma estratificação, com zonas de vulnerabilidade configuradas por áreas que nem sempre são contíguas”, disse Cunha.

Pela análise, baseada em dados estatísticos, foram definidas quatro zonas de vulnerabilidade em Campinas e três em Santos – todas acentuadamente heterogêneas. “A partir de agora, poderemos estudar as duas regiões como um todo, ou considerando as diferenças entre essas áreas. Envolvendo uma logística complexa, essa pesquisa domiciliar foi um trabalho muito árduo, desde a concepção do questionário até a realização da pesquisa de campo”, disse

Os dados obtidos nas duas fases do projeto abriram portas para um grande esforço de pesquisa. A partir desses subsídios, há várias dissertações e teses atualmente em gestação. As que já foram defendidas foram incluídas no relatório final do projeto.

Universalização marcante
Segundo o pesquisador do Nepo, a vulnerabilidade – conceito central no Projeto Temático – está, de modo geral, ligada à capacidade de resposta das famílias aos diversos tipos de riscos a elas impostas. Por isso, o grau de vulnerabilidade está relacionado à disponibilidade de ativos de que essas pessoas dispõem. “Vemos três fontes importantes de ativos: o mercado, o Estado e o que chamamos de capital social”, disse.

A estabilidade do mercado de trabalho, por exemplo, é um ativo importante. A partir do Estado, a população também dispõe de ativos fundamentais, que vão além da renda, como a disponibilidade de saúde, habitação e educação. Quem tem menos acesso a esses ativos, está mais vulnerável.

“Os estudos de segregação socioespacial mostram que o lugar onde se vive tem grande impacto nas vidas das pessoas. Nessa geografia das oportunidades, o Estado também é uma fonte importante de ativos”, afirmou Cunha.

A comunidade, ou capital social, segundo ele, é mais um ativo fundamental, capaz de tirar os cidadãos da condição de vulnerabilidade. “Uma pessoa pode mobilizar a comunidade em vários níveis, como uma mãe solteira que deixa seus filhos com vizinhos e parentes. Procuramos explorar a relação que as pessoas desenvolvem com sua comunidade em vários níveis. Reunimos muito material de pesquisa qualitativa. Agora esses dados estão disponíveis para outros estudos”, apontou.

Entre os inúmeros dados levantados, um chamou a atenção dos pesquisadores: o tamanho das famílias vem sofrendo redução em ambas as regiões.

“Outro ponto que conseguimos mostrar é a heterogeneidade em termos de acesso a serviços de infraestrutura. No caso do acesso à água, por exemplo, notamos uma universalização marcante, mas encontramos diferenças importantes em relação à qualidade desse acesso – tanto em Santos como em Campinas”, afirmou Cunha. Mais informações: www.nepo.unicamp.br/vulnerabilidade