quarta-feira, 31 de março de 2010

Convite - Biota Fapesp

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, tem a satisfação de convidar Vossa Senhoria para a palestra:

The South African National Biodiversity Institute (SANBI) a ser ministrada pelo Prof. Dr. Brian Huntley .

Prof. Brian Huntley foi Diretor do Jardim Botânico de Kirstenbosch na Cidade do Cabo de 1990 a 2007 e o primeiro Diretor Executivo do South African National Biodiversity Institute (SANBI), criado em 2004. O Prof. Huntley mantém intensa atividade de pesquisa, sendo reconhecido internacionalmente pelo seu profundo conhecimento da vegetação da África do Sul e também de Angola.

O Prof. Huntley falará sobre o planejamento, a implantação e coordenação do SANBI. Ao final da palestra serão discutidas possibilidades e alternativas para uma cooperação entre os pesquisadores do Programa BIOTA FAPESP e o SANBI, bem como com instituições congêneres em Angola

Serviço
Data: 08 de abril de 2010
Horário: 09h30 às 12h00
Evento isento de taxa de inscrição.
Local: FAPESP - Rua Pio XI, 1500 - Alto da Lapa - São Paulo - SP
A palestra será proferida em inglês com tradução simultânea para o português.


Informações:

Tels.: (11) 3838-4216 / 3838-4006

Sugestões de Estacionamento:
Taticar - Rua Jorge Americano, 89

Para inscrever-se clique aqui.


Programa

09h30  - Abertura e apresentação
Prof. Dr. Carlos Henrique de Brito Cruz – Diretor Científico da FAPESP
Prof. Dr. Carlos A. Joly – Coordenador do Programa BIOTA FAPESP

10h00 - The South African National Biodiversity Institute (SANBI)
Prof. Brian Huntley

11h00 - Discussão

12h00 - Encerramento


Fonte: FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Mudança climática de Copenhague a Cochabamba

Por Franz Chávez, da IPS

Um novo modo de lutar contra o aquecimento global será testado na cidade boliviana de Cochabamba, quando a Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra reunir governantes e milhares de ativistas do planeta. As organizações sociais que patrocinam o encontro, que acontecerá entre 20 e 22 de abril, anunciam uma plataforma alternativa à 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que terminou em fracasso na gelada Copenhague, em dezembro.

A defesa da Mãe Terra, bandeira do presidente boliviano, Evo Morales, conta com apoio de mais de 240 movimentos populares e indígenas, organizações não governamentais, ativistas e intelectuais que defendem a necessidade de redigir uma carta de direitos do planeta. Os principais objetivos da conferência são organizar um referendo mundial dos povos sobre o aquecimento, redigir um plano de ação para criar um tribunal de justiça climática e assumir novos compromissos para negociar no contexto das Nações Unidas.

As prioridades dessa agenda são: dívida climática, migrantes-refugiados da mudança climática, redução de emissões, adaptação, transferência de tecnologia, financiamento, florestas e mudança climática, visão compartilhada e povos indígenas. “Nós, ativistas de diferentes movimentos sociais, caracterizamos o momento atual pela prepotência que se expressou em Copenhague, dos Estados Unidos, da União Europeia e das multinacionais”, que tentam “nada fazer para deter o aumento da temperatura do planeta”, afirmam na convocação do encontro.

Algumas dessas organizações são Aliança Social Continental, Amigos da Terra da América Latina, Central Sindical das Américas, Marcha Mundial das Mulheres, Campanha 350.org e Via Camponesa. O encontro será aberto por Morales no dia 20. As organizações identificam “uma crise ‘civilizatória’ do capitalismo” e denunciam “uma lógica sacrificial (sic), predadora, racista e patriarcal” que se expressa no “aumento da presença militar e de bases militares em diversas partes do mundo e ocupações ditas humanitárias”.

A guerra, a ocupação de mercados e territórios, e a militarização para o controle dos recursos energéticos, da água e da biodiversidade são apontados como métodos capitalistas para solucionar sua própria crise. A Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática buscará impulsionar o direito a “viver bem” em contraposição ao principio econômico do crescimento contínuo. Ao contrário de Copenhague, onde os países industrializados buscavam uma fórmula para a redução de emissões de gases que aquecem a atmosfera que não os comprometesse, em Cochabamba os setores populares pretendem erguer sua voz.

“Os povos indígenas e organizações sociais durante muito tempo não tiveram voz. É um movimento que vem se desenvolvendo sob cenários subterrâneos no campo e nos setores urbanos das cidades”, disse à IPS a ambientalista Carmen Capriles, da filial boliviana da Campanha 350.org. Seus “saberes” como agricultores ou criadores de gado os levaram a identificar as variações dos fenômenos climáticos dos quais dependem seu modo de vida e sua economia, acrescentou.

A Campanha 350.org se refere às 350 partes por milhão que os cientistas consideram como “limite máximo seguro” de concentração de dióxido de carbono na atmosfera para não desencadear uma catástrofe climática. O encontro tem a particularidade de “ser para e com os povos indígenas, ao contrário de qualquer outra conferência mundial já organizada”, explicou à IPS o economista boliviano especializado em meio ambiente, Stanislaw Czaplicki. O profissional esteve em Copenhague como membro da sociedade civil e coordenou redes de movimentos juvenis ambientalistas latino-americanos.

“Os povos e as organizações sociais já formam uma corrente mundial em defesa do planeta, e a sociedade civil tem um papel forte no desenvolvimento das políticas públicas”, disse Czplicki. Porém, “falta representatividade de mulheres e jovens”, observou. Capriles considerou necessário criar novos movimentos com capacidade de gerar propostas alternativas e reclamou vontade política dos países desenvolvidos para gerar mudanças estruturais em suas economias. Czaplicki disse que na Europa há movimentos políticos que rechaçam modelos de desenvolvimento que prejudicam o meio ambiente, mas não expressam um pensamento anticapitalista e não se dissociam das instituições financeiras internacionais.

Essas correntes aparecem em países onde se atingiu o desenvolvimento com impacto no meio ambiente, não em nações que ainda podem escolher um modelo de crescimento econômico. No caso da Bolívia, as políticas opostas ao capitalismo e à industrialização poluente não deram lugar à substituição do modelo de extração de matéria-prima, disse o economista. Anualmente, são desmatados 300 mil hectares de florestas, afirmou. Falta uma síntese, ressaltou. IPS/Envolverde

Fonte: Envolverde

Humanidade é idiota e não impede mudança climática

Do The Guardian

O pesquisador e ambientalista James Lovelock acredita que os seres humanos são suficientemente idiotas para não evitar uma mudança climática radical de impacto nas próximas décadas.

Lovelock, que há 40 anos desenvolveu a teoria de Gaia, disse que quando uma grande guerra se aproxima, a democracia precisa ser colocada de lado. Por isso, ele acha que as mudanças climáticas podem ser uma questão tão severa quanto uma guerra.

Segundo Lovelock, 90 anos, a esperança do mundo é investir em medidas adaptativas, como a construção de defesas marinhas ao redor das cidades que são mais vulneráveis à elevação do nível dos oceanos. Ele acredita que só um evento catastrófico pode fazer com que a humanidade leve a ameaça das mudanças climáticas a sério, como o colapso de uma geleira gigante na Antártida.

Ele ainda afirmou que tem pouca simpatia pelos cientistas do clima que foram pegos no escândalo dos e-mails da Universidade de East Anglia (UEA).

Fonte: Opinião e Notícias

China spends big to counter severe weather caused by climate change

Jonathan Watts, from The Guardian

Country invests heavily in warning systems and infrastructure to tackle effects of extreme temperatures, typhoons, fog and storms.

China will tomorrow start ramping up preparations for typhoons, dust storms and other extreme weather disasters as part of a 10-year plan to predict and prevent the worst impacts of climate change.

Improved warning systems, new emergency drills and bolstered infrastructure will form the backbone of the new regulations, which are the country's most advanced measures yet to deal with natural disaster.China has a long history of devastating floods and droughts, but officials said the problems were intensifying.

"It is necessary to respond to the new situation under climate change to avoid and mitigate the losses caused by meteorological disasters," said Gao Fengtao, deputy director of the state council's legislative affairs office, as he unveiled the new policy.

In recent years, he said, disasters were characterised by "sudden occurrence, wider variety, greater intensity and higher frequency in the context of global warming". Officials warned this posed a threat to human life and a huge challenge to China's sustainable development.

Zheng Guoguang, head of China's meteorological administration, said natural disasters caused economic losses each year of up to 300bn yuan (£29bn), equivalent to about 2% of the country's gross domestic product.  He cited the unusually severe snow storms that engulfed southern China in 2008 and the worst drought in a century that is now afflicting Yunnan, Guangxi and Sichuan provinces.

The new regulations for the prevention of and preparedness for meteorological disasters will establish a legal framework for disaster response, risk assessment, evacuation measures and public education. They will cover terrestrial phenomena – such as extreme temperatures, dust and sand storms, lightning strikes, fog, typhoons – and "space weather", such as solar storms.

Officials said the move was part of a 10-year national plan that clarified the government's response to climate change and stipulated what measures regional and local governments should take in terms of infrastructure investment, reporting mechanisms and disaster drills. But it was unclear how much the central government would spend on the programme and the proportion of the costs it would bear. Local authorities in poor areas often neglect Beijing directives that they cannot afford to implement.

Despite its developing nation status, China has an advanced meteorological monitoring system, using weather satellites and a global network of 158 radar stations. Zheng said the government has invested 10bn yuan in the system in recent years, with the budget rising 15% annually. "The large sums that China invests in its meteorological infrastructure are rarely seen in the world," he said.

El acuerdo de Copenhague consigue el sí de 110 países

China y EE UU lideran la lista de los adheridos al documento, que no impone límites a las emisiones de gases contaminantes ni es vinculante.

De El País

Tres meses después de que se redactase el acuerdo final sobre el clima en la Cumbre de Copenhague, la mayoría de los países emisores de gases de efecto invernadero se han adherido al pacto, según el listado publicado hoy por la ONU. A la cabeza de los 110 estados se encuentran China y EE UU, destaca la organización.

La lista contribuye a poner fin a semanas de incertidumbre sobre el apoyo final que cosecharía el texto negociado por el Secretariado de Naciones Unidas para el Cambio Climático tras el desencuentro en la cita danesa. El acuerdo, que no es vinculante ni establece los compromisos nacionales para conseguir la reducción de dos grados centígrados establecida en el texto, es lo máximo que se pudo obtener de una cumbre "decepcionante" que le ha costado el puesto a Yvo de Boer, responsable de la ONU para el cambio climático.

Pearl Jam investe US$ 210 mil no plantio de árvores em Washington

Enquanto muitas pessoas sonham em se tornar astros de rock, o guitarrista do Pearl Jam, Stone Gossard, diz que estar tentando ser mais um empreendedor para ajudar a desacelerar o processo de mudanças climáticas.

A banda norte-americana, que já vendeu 60 milhões de álbuns desde 1991, anunciou nesta segunda-feira estar investindo 210 mil dólares no plantio de árvores no Estado de Washington para absorver as estimadas 7 mil toneladas de dióxido de carbono ligadas à sua turnê de 32 dias em 2009.

"O Pearl Jam é uma banda mas também somos um negócio", disse à Reuters o guitarrista Gossard em entrevista telefônica.

"Estamos nos vendo como uma empresa em Washington, uma empresa regional que está reconhecendo seus rastros de carbono e esperando inspirar outras empresas."

Muitos músicos famosos tem buscado aumentar a conscientização sobre o aumento nos riscos das mudanças climáticas, muitas vezes plantando árvores, e culminando nos concertos "Live Earth" em julho de 2007, que percorreu sete continentes.

Mas Gossard, 43 anos, disse que a inspiração ligada às celebridades muitas vezes tem vida curta. "A idéia de uma celebridade é fantástica em termos de aumentar a conscientização por um dia ou uma semana, mas precisa ser uma política empresarial consistente no longo prazo", disse ele.

Ele disse que existem bons argumentos empresariais para investir em medidas climáticas --apesar de as pesquisas de opinião nos Estados Unidos revelarem uma crença cada vez menor do ser humano como causa do aquecimento global. A legislação para a redução da emissão de carbono está estagnada no Senado norte-americano.

"É realizável. Não irá matar a sua empresa e irá aumentar a habilidade de sua empresa em vender o que estiver vendendo por ser bom gestor da terra", disse ele.

Gossard disse que os investimentos do Pearl Jam tinham como objetivo compensar o carbono usado pela banda em combustíveis fósseis ligados a navios, caminhões, aviões, hotéis, assim como emissões estimadas de 480 mil fãs que viajaram e voltaram de seus shows em 2009.

Fonte: UOL

Caminhos para o clima

Por Fábio de Castro,  da Agência FAPESP 

Cientistas brasileiros e britânicos discutiram nesta terça-feira (30/3), por meio de videoconferência, possibilidades de cooperação entre instituições dos dois países para desenvolvimento de estudos e programas de pesquisa conjuntos na área de geoengenharia, que inclui diversos métodos de intervenção de larga escala no sistema climático do planeta, com a finalidade de moderar o aquecimento global.

O “Café Scientifique: Encontro Brasileiro-Britânico sobre Geoengenharia”, promovido pelo British Council, Royal Society e FAPESP, foi realizado nas sedes do British Council em São Paulo e em Londres, na Inglaterra.

O ponto de partida para a discussão foi o relatório Geoengenharia para o clima: Ciência, governança e incerteza, apresentado pelo professor John Shepherd, da Royal Society. Em seguida, Luiz Gylvan Meira Filho, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), apresentou um breve panorama da geoengenharia no Brasil.

A FAPESP foi representada pelo coordenador executivo do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, Carlos Afonso Nobre, pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com Nobre, a reunião serviu para um contato inicial entre os cientistas dos dois países. “A reunião teve um caráter exploratório, já que o próprio conceito de geoengenharia ainda não foi definido com precisão. O objetivo principal era avaliar o interesse das duas partes em iniciar alguma pesquisa conjunta nessa área e expor potenciais contribuições que cada um pode dar nesse sentido”, disse Nobre à Agência FAPESP.

Segundo Nobre, a geoengenharia é um conjunto de possibilidades de intervenção dividido em dois métodos bastante distintos: o manejo de radiação solar e a remoção de dióxido de carbono. Durante a reunião, os brasileiros deixaram claro que têm interesse apenas na segunda vertente.

O manejo de radiação solar, de acordo com o relatório britânico, inclui técnicas capazes de refletir a luz do Sol a fim de diminuir o aquecimento global, como a instalação de espelhos no espaço, o uso de aerossóis estratosféricos – com aplicação de sulfatos, por exemplo –, reforço do albedo das nuvens e incremento do albedo da superfície terrestre, com instalação de telhados brancos nas edificações.

A remoção de dióxido de carbono, por outro lado, inclui metodologias de captura do carbono da atmosfera – ou “árvores artificiais” –, geração de carbono por pirólise de biomassa, sequestro de carbono por meio de bioenergia, fertilização do oceano e armazenamento de carbono no solo ou nos oceanos.

A principal diferença entre as duas vertentes é que os métodos de manejo de radiação solar funcionam com mais rapidez, em prazos de um ou dois anos, enquanto os métodos de remoção de gás carbônico levam várias décadas para surtirem efeito.

Sem plano B
O relatório avaliou todas as técnicas segundo eficácia, prazo de funcionamento, segurança e custo. Seria preciso ainda estudar os impactos sociais, politicos e éticos, de acordo com os cientistas britânicos.

Nobre aponta que o Brasil teria interesse em contribuir com estudos relacionados à vertente da remoção de dióxido de carbono, que seria coerente com o estágio avançado das pesquisas já realizadas no país em áreas como bioenergia e métodos de captura de carbono.

“Sou muito cético em relação ao manejo de energia de radiação solar. A implementação dessas técnicas é rápida, mas, quando esses dispositivos forem desativados – o que ocorrerá inevitavelmente, já que não é sustentável mantê-los por vários milênios –, a situação do clima voltará rapidamente ao cenário anterior. Seria preciso, necessariamente, reduzir rapidamente a causa das mudanças climáticas, que são as emissões de gases de efeito estufa”, disse Nobre.

De acordo com ele, as técnicas de manejo de energia solar são vistas, em geral, como um “plano B”, em caso de iminência de um desastre climático de grandes consequências. Ou seja, seriam acionadas emergencialmente quando os sistemas climáticos estivessem atingindo pontos de saturação que provocariam mudanças irreversíveis – os chamados tipping points.

“Mas o problema é que vários tipping points foram atingidos e já não há mais plano B. O derretimento do gelo do Ártico, por exemplo, de acordo com 80% dos glaciologistas, atingiu o ponto de saturação. Em algumas décadas, no verão, ali não haverá mais gelo. Não podemos criar a ilusão de que é possível acionar um plano B. Não há sistemas de governança capazes de definir o momento de lançar essas alternativas”, disse.

A vertente da remoção do dióxido de carbono, por outro lado, deverá ser amplamente estudada, de acordo com Nobre. “Essa vertente segue a linha lógica do restabelecimento da qualidade atmosférica. O princípio é fazer a concentração dos gases voltar a um estado de equilíbrio no qual o planeta se manteve por pelo menos 1 ou 2 milhões de anos.”

Ainda assim, essas soluções de engenharia climáticas devem ser encaradas com cuidado. “A natureza é muito complexa e as soluções de engenharia não são fáceis, especialmente em escala global. Acho que vale a pena estudar as várias técnicas de remoção de gás carbônico e definir quais delas têm potencial – mas sempre lembrando que são processos lentos que vão levar décadas ou séculos. Nada elimina a necessidade de reduzir emissões”, disse Nobre.

Decretado o congelamento da área proposta para unidade de conservação em Bertioga

Por WWF Brasil

Em evento na capital paulista, o secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo, Xico Graziano, recebe o abaixo-assinado que pede a criação da unidade de conservação em Bertioga e decreta o congelamento da área. Ação na internet para coleta de assinaturas, promovida pelo WWF-Brasil, continua aberta até a criação da área.

Na terça-feira (30/03), o secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Xico Graziano, recebeu do WWF-Brasil o abaixo-assinado com mais de cinco mil assinaturas que pede a criação da área protegida no município de Bertioga, no litoral paulista.

O documento ressalta a necessidade de se conservar a restinga, mangues e outros ecossistemas presentes na área por meio de uma unidade de conservação (UC), tendo em vista a fragilidade desse ambiente, a importância biológica, paisagística e cultural e o crescimento da ocupação urbana no local.

A entrega do abaixo-assinado foi feita em evento realizado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente no Parque Villa Lobos, em São Paulo. Também na ocasião, o secretário Graziano anunciou a criação de duas unidades de conservação na Mata Atlântica, os Parques de Itapetinga e Itaberaba – ambos na região da Serra da Cantareira –, e decretou a limitação administrativa provisória, ou seja, o congelamento da área de 8.025 hectares proposta para a área protegida em Bertioga.

O congelamento da área significa que ela fica bloqueada para atividades que impliquem em degradação ambiental, corte raso de floresta ou vegetação nativa e implantação de áreas de reflorestamento para fins comerciais.

“O congelamento pode ser um bom sinal para a criação da unidade de conservação em Bertioga, uma vez que as áreas dos parques na Cantareira também haviam sido congeladas antes da criação. Nós esperamos que esse seja um passo no processo de criação da área que sirva para preparar a sociedade da melhor forma possível para a chegada da área protegida, afirma Luciana Simões, coordenadora do programa Mata Atlântica do WWF-Brasil, que entregou pessoalmente o abaixo-assinado ao secretário.

O WWF-Brasil apoiou a criação dos Parques de Itapetinga e Itaberaba por meio da elaboração do protocolo dos estudos técnicos das áreas e apoia desde o início a criação da unidade de conservação em Bertioga com a realização dos estudos da importância ecológica da região.

“Ainda temos muito trabalho pela frente. Acompanharemos todo o processo e ficaremos atentos às datas das audiências públicas para informar e mobilizar a sociedade para participar dessa fase importante”, completa Simões.

O abaixo-assinado ainda será entregue ao novo governador do Estado e secretário estadual de Meio Ambiente, quando tomarem posse e, portanto, a mobilização pela criação da área não acabou. Ainda dá tempo de colaborar com a iniciativa e assinar o documento pela preservação da Mata Atlântica.

Para saber mais e participar do abaixo-assinado pela criação de Bertioga, visite a página http://www.wwf.org.br/?24040/WWF-Brasil-lanca-abaixo-assinado-por-unidade-de-conservacao

Inscrições abertas para cursos de Ilustração Botânica

Estão abertas as inscrições para os cursos de Aquarela Botânica e de Ilustração Botânica I - Grafite e Bico de Pena, na Escola Nacional de Botânica Tropical.

O curso de Aquarela Botânica oferece 20 vagas, e vai de 10 de abril a 22 de maio, com carga horária total de 18 horas. As aulas têm três horas de duração e acontecem sempre aos sábados. Destina-se a alunos que desejam ter contato com a ilustração botânica, ou aprimorar a técnica com aquarela botânica, não exigindo nenhum pré-requisito.

Já Ilustração Botânica I está com inscrições abertas até 31 de março, apresentando a técnica do desenho botânico em grafite e bico de pena (nanquim). Não são exigidos pré-requisitos. O curso totaliza 72 horas/aula, com início em 6 de abril e término em 29 de junho, às terças e quintas, em dois horários (manhã e tarde).

Os cursos são ministrados por Malena Barreto e Paulo Ormindo, ambos especializados em ilustração botânica pelo Royal Botanic Gardens, Kew Gardens, Londres, Reino Unido.

A Escola Nacional de Botânica Tropical - ENBT fica na Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto. Mais informações: 3875-6209 ou pelo site http://www.jbrj.gov.br/.

segunda-feira, 29 de março de 2010

As pedras da Lua e a biocivilização

Por Dal Marcondes, da Envolverde

O desenvolvimento de uma economia limpa, baseada em ciência e biodiversidade pode representar para o século XXI o mesmo salto civilizatório que a conquista da Lua representou para o século XX.

Em 1961 o presidente Jonh Kennedy lançou um desafio à sociedade americana, levar um homem à Lua e trazê-lo de volta em segurança. Mais do que isso, o feito deveria ser realizado antes do final da década. Em 1963 Kennedy foi assassinado, mas os Estados Unidos seguiu em frente e se lançou em um dos mais importantes desafios para o processo civilizatório de um dos tempos mais prolixos em realizações, o século 20. Em 20 de julho de 1969 a nave espacial Apollo 11 estabeleceu um novo marco na história humana. Pela primeira vez um ser humano pisa em um território que não pertence ao Planeta Terra. De lá foram trazidos 385 quilos de pedras, nas diversas missões Apollo, que ainda aguardam estudos mais detalhados por parte dos cientistas. “Muito dinheiro dos contribuintes para nada”, disseram conservadores e jornais da época.

Kennedy, ao lançar o desafio certamente não estava pensando no valor científico ou econômico do que seria encontrado na Lua. Estava, na verdade, estabelecendo metas para um grande salto tecnológico, que tirou o mundo de um cenário restrito do pós-guerra, para lançá-lo em um real processo de transformação científica, tecnológica e de globalização. Da decisão tomada em 1961 surgiu toda uma nova perspectiva planetária a partir do desenvolvimento de computadores menores e mais eficientes, tecnologias de comunicação, satélites, microships, universalização do acesso à internet e às telecomunicações em geral.

A sociedade e a economia que emergiram desta decisão é mais rápida, trabalha com mais informação e saber e é educacionalmente mais qualificada do que tudo o que havia existido antes. Claro que não conseguiu resolver todos os problemas e mazelas da humanidade, teve uma parte expressiva de suas tecnologias destinadas a usos militares e criou novos problemas. No entanto, é inegável que mudou o mundo.

Seria possível continuar a linha de tempo sem os avanços da micro-computação e sem os saltos da tecnologia da informação? Certamente que sim. No entanto o novo padrão científico e tecnológico se espalhou de forma capilar e estrutural pelo mundo, o que criou novos cenários e novas oportunidades de geração de conhecimento, empregos, renda e riqueza não mais limitados a porções geográficas do “mundo ocidental”.

Nesta primeira década do século XXI surge um novo desafio, enfrentar as mudanças climáticas de forma criativa e com grande capacidade de transformação para a humanidade como um todo. Da mesma forma que a conquista da Lua foi um fator decisivo para a transformação civilizatória do final dos anos 90, a busca de conhecimento, ciência e tecnologias para o desenvolvimento de uma economia limpa, eticamente comprometida e includente sob o ponto de vista de acesso a bens e serviços é o fator que vai alavancar o crescimento da oferta de riquezas nos próximos anos, bem como sua distribuição de forma mais justa.

Manter os mesmo parâmetros de desenvolvimento, sem mudar os usos e costumes da economia não vai levar a humanidade muito além de onde chegou. A estabilidade do business as usual não oferece os desafios necessários para que empresas, governos e pessoas se superem em busca de horizontes mais amplos para cada um destes atores.

A biocivilização preconizada pelo economista Ignacy Sachs, uma mente brilhante a serviço de construir e propor hipóteses de desenvolvimento realmente inovadoras, é, sem dúvida, a transformação necessária para a criação de desafios capazes de mobilizar as forças extraordinárias do mercado e da sociedade em direção a um modelo econômico não planetariamente antropofágico.

Sachs acredita que a produção e usos de biomassas podem alavancar uma modelagem econômica com novas empresas e novas tecnologias, com mais distribuição de renda pelo trabalho e com uma imensa capacidade de regeneração de biomas e ecossistemas. Ele vê biomassa como matéria-prima para quase todos os usos que a humanidade possa precisar. São matérias-pimas florestais para energia e indústria, biotecnologia de base para o desenvolvimento de produtos, bioenergia a partir de celulose, o que transforma qualquer resíduo vegetal em combustível e assim por diante. Além disso, uma organização social diferente, com estruturas de mobilidade coletiva e alto valor para educação e cultura completam o quadro de um desenvolvimento limpo.

A existência de combustíveis fósseis fartos, muito mais do que se poderia imaginar na metade do século XX, tem sido um argumento forte para que os investimentos em uma biocivilização não ganhem escala. No entanto, esta é uma argumentação que peca em uma das bases estruturais do pensamento sustentável. A ex-ministra norueguesa Gro Brundtland, ainda nos anos 80 do século passado, quando desenvolveu a pedido das Nações Unidas o relatório “Nosso Futuro Comum”, onde descreveu pela primeira vez o conceito mais aceito de sustentabilidade, estabeleceu, também, o conceito de solidariedade entre gerações: “Ser sustentável é trabalhar para prover as necessidades da atual geração de humanos sem comprometer a capacidade das futuras gerações em prover suas próprias necessidades”.

Dentro deste raciocínio, é muito importante que a atual geração olhe para uma matéria-prima da importância do petróleo com mais responsabilidade. De todos os usos que se pode dar a este recurso, o pior e menos nobre é queimar em motores de automóveis. Existe toda uma indústria petroquímica e de química fina e farmacêutica criando produtos a partir do petróleo. São produtos que poderão não estar disponíveis no futuro apenas porque setores da economia do século XXI não se esforçam para buscar transformações estruturais em seu modo de ser e de agir. E, entre estes setores não estão apenas empresas, mas também governos que não veem com bons olhos pedir que seus eleitores mudem a forma como vivem. Mesmo que isto signifique grandes transtornos no futuro.

A busca da ciência e da tecnologia necessária para a transição para uma economia de baixo carbono pode ser a alavanca necessária para melhorar a performance do sistema educacional, pode representar um novo complexo industrial capaz de absorver milhões de trabalhadores em áreas pobres do planeta e, certamente, não significa o desmantelamento do atual parque industrial mantido pela dobradinha montadoras de veículos/petroleiras. É apenas uma nova maneira de olhar para velhos problemas e buscar o uso mais racional e eficiente de recursos naturais.

A biocivilização tem o potencial de levar parte de seus processo e de sua geração de renda para os rincões de miséria do mundo. Será preciso trabalhar em todas as potenciais áreas agrícolas e com tecnologias menos agressivas em termos de uso do solo. O mundo precisará de mais especialistas em ciências da vida, em conhecimentos tradicionais e em gestão de processos e pessoas. Principalmente, uma economia limpa deverá ter a capacidade de inovar em situações onde o conhecimento tradicional está cristalizado.

Recentemente a Alemanha anunciou o retorno de uma das mais antigas tecnologias do mundo para mover navios, as velas. Um cargueiro de 30 mil toneladas usa uma vela de última geração para reduzir em 20% seus gastos de combustível em alto mar. A vela é controlada por um piloto automático e demonstrou excelente eficácia. Não é um retrocesso, mas um avanço significativo e com alto potencial de redução de custos para os transportadores.

A busca pela reputação de sustentabilidade está fazendo com que grandes empresas globais atuem para entender melhor suas cadeias de valor, de forma a visualizar oportunidades que unam conceitos de responsabilidade socioambiental e redução de custos. Isto tem dado certo. Mas, o mais importante deste movimento, é que as empresas que enveredam pela busca honesta pela sustentabilidade não podem voltar atrás e dizer: “agora não quero mais brincar de ser sustentável, cansei”. O recuo seria muito mau visto pelos clientes e por todos os públicos desta empresa.

A transição para uma economia limpa se dará nos próximos anos. Será pela necessidade objetiva de mudanças nos padrões de produção e consumo, pelos problemas impostos pelo atual modelo, ou pela vontade de mudar. Se a sociedade conseguir gerar um pacto de transição, envolvendo empresas, governos, ongs e pessoas, as mudanças podem ser mais eficazes sob o ponto de vista de organização social, e talvez custem menos em recursos materiais, ambientais e sociais.

A busca por uma economia limpa será a “Conquista da Lua” do século XXI. Será o uso de todos os conhecimentos acumulados pela humanidade e de todos os recursos e riquezas à disposição do mundo apontando em direção ao futuro. Tudo o que sabemos e podemos deverá ser direcionado a fazer do futuro um bom lugar para se viver. (Envolverde)

Fonte: Agência Envolverde

FAS fecha parceria com Grupo Pão de Açúcar

Acordo prevê a compra de quatro toneladas de pirarucu da RDS do Mamirauá

Fonte: Fundação Amazonas Sustentável - FAS

Durante o Fórum Internacional de Sustentabilidade, o Grupo Pão de Açúcar e a Fundação Amazonas Sustentável – FAS fecharam parceria para a venda de quatro toneladas de pirarucu, provenientes de áreas de manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Mamirauá, no Amazonas. O incentivo à produção sustentável é um dos eixos elegíveis pelo Programa Bolsa Floresta Renda.

Participam também desta parceria o Instituto Mamirauá, prefeituras municipais e o Governo Estado. O Bolsa Floresta Renda é destinado ao apoio à produção sustentável, como o peixe, óleos vegetais, frutas, mel, castanha entre outros. A meta é promover arranjos produtivos e certificação de produtos que aumentem o valor recebido pelo produtor. São elegíveis todas as atividades que não produzam desmatamento e que estejam legalizadas e que valorizam a floresta em pé.

A parceria com o Grupo Pão de Açúcar iniciou com a compra de quatro toneladas de pescado. Porém, durante as negociações, o Grupo Pão de Açúcar demonstrou o desejo de que este seja o início de uma parceria duradoura com a FAS.

Ministério Público pede que Incra explique venda de terra a estrangeiros

Questão fundiária. Cartórios descumprem lei que determina a realização de registro especial quando áreas são compradas por pessoas físicas e jurídicas de fora do País; governo deveria receber relatórios sobre negociações, mas nem sempre isso acontece

Roldão Arruda - O Estado de S.Paulo

A compra de terras por estrangeiros no Brasil está ocorrendo sem controle das autoridades. A constatação é do Ministério Público Federal, que decidiu cobrar de órgãos da administração do governo o cumprimento de normas legais que determinam a fiscalização dessas transações.

No final do ano passado, ao tentar fazer um levantamento dos negócios de terras com estrangeiros, os procuradores ficaram surpresos com a falta de informações sobre o assunto. Os precários dados obtidos por eles, porém, já foram suficientes para mostrar que o capital estrangeiro está sendo despejado em regiões onde o agronegócio é mais vigoroso e dedicado à produção de grãos e cana-de-açúcar. O Estado que mais recebe compradores internacionais é Mato Grosso, seguido por São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Para melhorar o sistema de informações os procuradores solicitaram à Corregedoria Nacional de Justiça que faça um alerta aos cartórios de imóveis sobre a necessidade de registro especial para negócios de terras com estrangeiros. Embora seja estabelecido por lei, nem todos os tabeliães e registradores realizam esse procedimento. Parte deles também ignora a determinação de se enviar relatórios trimestrais ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre o montante de terras que passam para as mãos de controladores estrangeiros.

Em documentos que encaminhou à Advocacia Geral da União, à Corregedoria e outros órgãos da administração federal, a procuradoria defende o controle da venda de terras a estrangeiros com argumentos em defesa da soberania e dos interesses nacionais. Em um desses documentos, o Ministério Público chega a manifestar preocupação com a formação de enclaves territoriais controlados do exterior. A expressão textual é: "Entidades políticas independentes no seio do território nacional, como ocorre em outros países, criando dificuldades políticas."

O levantamento obtido pelo Ministério Público Federal no ano passado foi encomendado pela procuradora Marcia Neves Pinto, coordenadora da 5.ª Câmara de Coordenação e Revisão - Patrimônio Público e Social. Ela pediu a um especialista uma perícia sobre a quantidade de pessoas físicas e jurídicas estrangeiras que detêm terras no Brasil, juntamente com um mapa sobre a localização dessas áreas, Estado por Estado.

O resultado foi incipiente. O perito não encontrou dados acurados no Incra nem nos cartórios. Para piorar, quando tentou cruzar as informações das duas fontes, verificou que uma não batia com a outra. Seu relatório não satisfez, portanto, a curiosidade da procuradora.

Foi por causa disso que, em dezembro, ela começou a oficiar as autoridades federais sobre a necessidade de controle dos negócios. Como ainda não obteve resposta, ela devia iniciar nos próximos dias uma nova investida.

O mérito do relatório do perito, na avaliação da procuradora, foi desnudar a precariedade dos dados sobre estrangeiros contidos no Serviço Nacional de Cadastro de Terras, do Incra. Ele é baseado em declarações espontâneas de proprietários e só atinge pessoas físicas.

Quem acompanha o noticiário de economia sabe o quanto isso está longe de refletir a realidade. Os negócios envolvendo estrangeiros hoje são feitos sobretudo por pessoas jurídicas: empresas baseadas no Brasil, mas com capital majoritário proveniente do exterior.

Do total de 572 milhões de hectares de terras oficialmente cadastradas no Incra, cerca de 4 milhões aparecem nas mãos de pessoas físicas estrangeiras - o que representa 0,71% do total. Ninguém sabe ao certo para quanto subiria o número se a ele fossem acrescidas as áreas compradas por empresas de capital estrangeiro. Extraoficialmente, técnicos do Incra comentam que seria três vezes maior.

Mesmo precário e reunindo apenas informações de pessoas físicas, o relatório ao qual o Estado teve acesso contém dados interessantes. Além de mostrar que não é a Amazônia que os estrangeiros miram, como se costuma dizer, dá pistas sobre a nacionalidade dos compradores. Quem aparece no topo da lista são os portugueses, seguidos por japoneses e italianos.

PARA ENTENDER
Portugueses não precisam de autorização
A predominância de portugueses na lista de pessoas físicas estrangeiras que compram terras no Brasil se deve às facilidades legais oferecidas a eles. Os portugueses que requerem no Ministério da Justiça o reconhecimento da igualdade de direitos e obrigações, de acordo com o Decreto 3.297, de 19 de setembro de 2001, passam a ser tratados perante a lei como brasileiros. Não precisam, portanto, requerer autorização especial para comprar terras - como acontece com estrangeiros de outros países, de acordo com a Lei 5.709, de 1971.

Genética ajuda a preservar a Copaíba do Cerrado paulista

Por Antonio Carlos Quinto, da Agência USP

Estudos realizados na Estação Ecológica de Assis (EEA) em São Paulo, cuja área é de 1.760 hectares (17,6 milhões de metros quadrados), avaliaram a diversidade genética e o sistema reprodutivo de uma espécie de copaíba (Copaifera langsdorffii). O trabalho realizado por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, traz subsídios para ações eficientes em relação à conservação e manejo da planta.

A copaíba tem propriedades medicinais e é utilizada na indústria de cosméticos. “Desde o século 17, o bálsamo extraído do tronco da planta é utilizado no tratamento de problemas respiratórios, e também como antiinflamatório e cicatrizante. Em cidades do sudeste do País, 100 mililitros (ml) do bálsamo envasado chegam a custar R$20,00. Mas devido à devastação que ocorre no Cerrado, a copaíba está em risco de extinção em diversos estados”, conta o biólogo Roberto Tarazi.

Entre os principais resultados da pesquisa está o que recomenda o número ideal de plantas numa determinada área. “Na EEA temos cerca de 57 árvores adultas em 10 hectares. Para que a planta sobreviva por mais cinco gerações sem os efeitos prejudiciais causados pelo cruzamento entre plantas aparentadas, o ideal é uma área mínima de 24 hectares com 137 plantas. Infelizmente são poucos os remanescentes de Cerrado em São Paulo que apresentam essa área mínima, o que torna o risco de extinção mais alarmante”, aponta o pesquisador.

Outra recomendação é que sejam implantados corredores ecológicos que conectem as áreas remanescentes do Cerrado, atualmente fragmentadas. “O primeiro passo para a instalação destes corredores seria respeitar a legislação, principalmente no que se refere à reserva legal e à mata ciliar. Outro passo é a recuperação dessas áreas e o uso de sistemas agroflorestais. Essas medidas auxiliariam na conservação do Cerrado e, consequentemente, da copaíba”, afirma o pesquisador, lembrando que a planta tem crescimento moderado e possui madeira de excelente qualidade, podendo ser usada em reflorestamento.

No estado de São Paulo, o Cerrado correspondia a 14% do território. Partes desta área acabaram dando espaço às pastagens (78%), à cultura de cana-de-açucar (26%) e às rodovias (19%), entre outras. “A área de Cerrado hoje corresponde a menos de 1% de sua distribuição original e sob formas de fragmentos isolados”, contabiliza Tarazi. A fragmentação do Cerrado levou à perda de habitat da copaíba e à redução no tamanho das populações, o que aumenta o grau de isolamento. “Outras consequências estão relacionadas à redução da diversidade genética”, aponta.

Aspectos genéticos
O pesquisador usou em seu estudo um marcador molecular do tipo microssatélite, conhecido como Simple Sequence Repeats (SSR). Este marcador é ideal para discriminar geneticamente cada planta, exatamente como se faz com os testes de paternidade em humanos. “Esta ferramenta nos possibilitou conhecer aspectos genéticos de como as famílias de plantas se organizam pela floresta. Ou ainda a distância que o pólen e as sementes da copaíba usualmente percorrem até se estabelecerem”, descreve Tarazi.

Os cientistas verificaram, entre outros dados, que a copaíba, como outras plantas, têm flores hermafroditas e possui a capacidade de se autopolinizar. “Mesmo tendo esta capacidade, muitas plantas dependem dos polinizadores, principalmente as abelhas, para cruzarem-se uma com as outras.”

Tarazi iniciou suas pesquisas em 2006. Em 2009 defendeu sua tese de doutorado Diversidade genética, estrutura genética espacial, sistema de reprodução e fluxo gênico em uma população de Copaifera langsdorffii, no Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. O pesquisador contou com a orientação do professor Roland Vencovsky, do Departamento de Genética e com a colaboração do professor Paulo Yoshio Kageyama, do Departamento de Ciências Florestais. Mais informações: betotarazi@yahoo.com.br

UERJ lança Carteira de Identidade da Mata Atlântica

Da Uerj

O estudo de sequenciamento genético de espécies do ecossistema da Ilha Grande será feito por pesquisadores da UERJ e da Universidade do Porto. Eles vão mapear o DNA das espécies de um dos ecossistemas mais importantes do Brasil, localizado em Angra dos Reis.

O projeto foi apresentado pelo do professor titular de Genética da Universidade do Porto Antônio Amorim e pelo coordenador do Laboratório de DNA da UERJ, Elizeu Fagundes de Carvalho, do Instituto de Biologia. Assistiram à apresentação o Reitor da UERJ, Ricardo Vieiralves (sentado a esquerda), e pelo Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

A Ilha Grande está inserida na zona de domínio ecológico conhecida como Mata Atlântica e é um dos ecossistemas mais importantes na manutenção da biodiversidade.

Estudantes de pós-graduação das duas Universidades farão a coleta, a prepararão das amostras e a identificação das espécies utilizando as dependências da UERJ na Ilha Grande e o sequenciamento será realizado no laboratório do Campus do Maracanã.

Projeto prevê zero de IPI para empresas de reciclagem

Por Gorette Brandão e Tereza Cardoso, da Agência Senado

A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) aprovou, nesta terça-feira (23), projeto que sugere reduzir a zero a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para empresas que realizam atividades de reciclagem. Pelo texto (PLS 510/09), da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), o benefício deve incidir sobre os resíduos recicláveis e, ainda, sobre os bens elaborados por empresas recicladoras quando esse tipo de insumo representar até 70% do custo total das matérias-primas empregadas.

Serys afirma que um dos objetivos da proposta é estimular o aproveitamento de resíduos de forma sustentável do ponto de vista ambiental e econômico. Conforme a senadora, os incentivos à reciclagem podem contribuir para a redução do acúmulo de materiais em lixões e, de forma igualmente positiva, para a queda da demanda por recursos naturais e energéticos. "Um efeito adicional é de caráter social: a geração de oportunidades de ocupação e emprego", ela destacou na justificação.

O texto recebeu parecer favorável do relator, o senador Renato Casagrande (PSB-ES), parlamentar que também preside a CMA. Na análise, ele observou que o governo já vem concedendo benefício fiscal às empresas que usam resíduos recicláveis na produção, na forma de crédito presumido de IPI na aquisição dessas matérias-primas. No entanto, o incentivo só é válido para as empresas que adquirem os insumos diretamente de cooperativas de catadores com associados individuais (pessoa física) e não de empresas que se dedicam à atividade de coleta e seleção de resíduos.

Ao vedar a participação de empresas jurídicas no benefício, a legislação exclui até mesmo as pequenas empresas e compromete o desenvolvimento da reciclagem no país, como observou Casagrande.

- Essa deficiência está sendo corrigida pela proposição ora examinada - salientou Casagrande.

A proposta ainda será submetida à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde receberá decisão rerminativa.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Jornalismo Ambiental: da marginalidade às capas de jornais.

Entrevista especial com Dal Marcondes

Por Redação IHU

Nos últimos anos, o conceito de sustentabilidade passou a permear muitos setores da sociedade. Ele evoluiu, principalmente, de um parâmetro utilizado pelas ONGs para indicadores empresariais, como o Índice de Sustentabilidade da Bovespa (ISE), os indicadores Global Reporting Iniciative (GRI), que baliza relatórios empresariais de sustentabilidade, e os indicadores Ethos (do Instituto Ethos), entre outros.

No entanto, para Dal Marcondes, são informações e dados complexos que precisam de uma base de conhecimento estruturada, para que não se percam em devaneios ideológicos ou de interpretações sem objetividade.

Na entrevista a seguir, concedida, por e-mail, à IHU On-Line, o jornalista Dal Marcondes , diretor da Agência Envolverde, fala sobre a importância da informação sobre meio ambiente e sustentabilidade para a estruturação de um modelo de desenvolvimento com compromissos claros em relação ao futuro. “As pessoas ainda têm uma relação muito esquizofrênica com o tema sustentabilidade”, opinou.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Em sua opinião, como a informação pode ser considerada um fator relevante para o desenvolvimento da ideia de sustentabilidade?
Dal Marcondes - Informação é o fator-chave para a estruturação de uma plataforma de conhecimento capaz de influir sobre decisões estratégicas, seja de empresas, governos ou sociedade.

Não é possível fazer a transição para um modelo de desenvolvimento limpo, baseado em novas tecnologias e em uma ciência integrada, sem uma base de informação e conhecimento social, científico e econômico capaz de mostrar caminhos diferentes e consistentes com as necessidades do futuro, e não com os pressupostos e preconceitos do passado.

IHU On-Line – O jornalismo ambiental evoluiu?
Dal Marcondes - Muito. Há dez anos, o jornalismo ambiental era uma comunicação de nicho, focado em pequenos veículos que falavam para muito pouca gente, principalmente iniciados. Hoje, o jornalismo ambiental conta com excelentes veículos especializados, mas, principalmente, está presente em grandes veículos de comunicação com todos os suportes possíveis.

É TV, Rádio, jornais e revistas, além do suporte global da Internet. A cobertura ambiental também saiu de páginas marginais dos veículos, como a geral, que disputava espaço com buracos de rua e outras pequenas mazelas para ser estampada nas primeiras páginas e nos cadernos de economia. Houve uma evolução. Ainda pode melhorar muito em qualidade de enfoque, mas já ocupa espaços nobres.

IHU On-Line – O que fez o tema meio ambiente ter mais espaços nas pautas dos grandes meios de comunicação?
Dal Marcondes  – Uma pauta ganha destaque a partir do interesse da sociedade. O meio ambiente está aí, as mudanças climáticas, suas tragédias, as empresas falando em sustentabilidade, o mundo cobrando uma postura mais ética e consequente de seus governos em relação aos recursos naturais.

Ou seja, meio ambiente é pauta. No entanto, falta uma certa organização nesta cobertura. Ela ainda é muito pontual e sem uma relação direta de causa e efeito. Muitas vezes, os grandes veículos mostram apenas um pedaço tragédia na notícia, sem se dar conta que uma catástrofe tem uma relação de causa e efeito.

IHU On-Line – Qual o perfil de um bom profissional para atuar na área de jornalismo ambiental?
Dal Marcondes – O jornalista ambiental deve ser, antes de tudo, uma pessoa preocupada com o bom jornalismo. Não deve se posicionar como um militante ambiental, pois seu trabalho estaria mais para uma ONG de defesa do meio ambiente do que para informar a sociedade sobre questões relacionadas à multidisciplinaridade da pauta ambiental.

Isto é importante porque, muitas vezes, jovens profissionais me procuram indignados porque a mídia não faz seu papel de defender o meio ambiente, e este não é o papel da mídia. Seu principal foco deve ser informar a sociedade com presteza, eficiência e qualidade. Para isto, o jornalista ambiental deve estar preparado para realizar reportagens e investigações que precisam de muito preparo técnico e capacidade de inter-relacionar fatos e dados, de forma a dar ao público as informações necessárias para que a sociedade, as empresas ou o poder público atue.

Portanto, o mais importante para um profissional que queira ser um jornalista ambiental é ser bem formado e bem informado sobre os temas aos quais se propõe a cobrir.

IHU On-Line – Qual é o papel da Envolverde dentro do jornalismo ambiental praticado hoje no Brasil?
Dal Marcondes – A Envolverde é um dos mais antigos espaços de prática do jornalismo ambiental no Brasil. Iniciamos nossa trajetória em 1995, quando fomos procurados pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) para editar no Brasil o Projeto Terramérica, à época um suplemento tablóide para jornais impressos de toda a América Latina.

Este projeto existe até hoje, mas nosso grande salto veio com a Internet e com a criação do site www.envolverde.com.br, que entrou no ar em 8 de janeiro de 1998. A partir daí, começamos a ganhar escala de públicos e falar com muito mais gente.

Hoje, a Envolverde tem quase 200 mil assinantes que recebem um boletim diário e produz conteúdos para ONGs, empresas e meios de comunicação. Fazemos a Carta Verde, com a revista Carta Capital, produzimos para a Agência Estado e para empresas como Walmart. Também fazemos capacitação de profissionais de comunicação para trabalhar com o tema comunicação ambiental e sustentabilidade através de eventos, seminários e cursos.

IHU On-Line – Como você vê o espaço do Desenvolvimento Sustentável no imaginário social?
Dal Marcondes – As pessoas ainda têm uma relação muito esquizofrênica com o tema sustentabilidade. É só ver o debate que está rolando em relação às mudanças climáticas.

Cada lado, a favor ou contra mudar o comportamento de produção e uso de energias, manipula as informações a partir de seu enfoque de interesses. Existe o desejo de viver em um mundo ambientalmente preservado, socialmente responsável e economicamente eficaz. No entanto, pouca gente está disposta a mudar hábitos de consumo, mesmo que isto não signifique alterar sua relação de conforto com o mundo.

Fonte: Envolverde/IHU-OnLine



quinta-feira, 25 de março de 2010

Debate sobre divulgação científica abre ano letivo

Um cientista e uma jornalista vão oferecer perspectivas diferentes sobre a divulgação científica, na aula inaugural do Curso de Especialização em Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Saúde 2010, na segunda-feira (29/03), às 9h, na Tenda da Ciência, do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). O físico Sérgio Mascarenhas de Oliveira e a apresentadora e produtora de TV Paula Saldanha são os convidados para iniciar os trabalhos da segunda turma do curso de especialização. A palestra é gratuita, aberta ao público e não requer inscrição prévia.

Detentor de várias premiações acadêmicas no campo da física, Mascarenhas é professor aposentado da Universidade de São Paulo (São Carlos) e coordenador do Instituto de Estudos Avançados (USP), órgão destinado à pesquisa e à discussão interdisciplinar de questões fundamentais da ciência e da cultura. Mascarenhas se dedica ao desenvolvimento de projetos em tecnologia educacional e divulgação científica, envolvendo universidade e escola pública.

Paula Saldanha é jornalista, autora e ilustradora de dezenas de livros, além de apresentadora, editora de texto e repórter de televisão há 36 anos. Foi apresentadora do programa 'Fantástico', da Rede Globo, de 1974 a 1985, e editora, repórter e apresentadora dos telejornais 'Hoje' e 'Globinho', de 1976 a 1985. Atualmente, é diretora e apresenta a série de TV 'Expedições', exibida semanalmente na TV Brasil. Seu trabalho também inclui exposições itinerantes e publicações.

Serviço:
Aula inaugural do Curso de Especialização em Divulgação da Ciência, da Tecnologia e da Saúde 2010
Com Sérgio Mascarenhas de Oliveira e Paula Saldanha
Dia: 29 de março de 2010, às 9h
Local: Tenda da Ciência/Museu da Vida
Av. Brasil, 4365 – Manguinhos - Rio de Janeiro
Informações: mail e site








CAMPUS Sede: Av. Brasil, 4365 - Manguinhos, Rio de Janeiro CEP: 21040-360 Tel.:(0xx21) 2598-4242
Veja o mapa do campus principal

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Aquecimento global ameaça diversidade das plantas


Por Fabiano Ávila, da Carbono Brasil

Pela primeira vez cientistas quantificaram e modelaram em escala regional o impacto das mudanças climáticas na vida vegetal para as próximas décadas e os resultados preocupam ao mostrar a queda na variedade das espécies.

Se o aumento da temperatura se confirmar como predizem os cientistas climáticos, áreas até então temperadas irão se aquecer e as espécies desses locais tendem a se espalhar por regiões maiores. Já os trópicos e sua rica flora sofreriam a perda de variedade devido à falta de chuvas e ao forte calor.

As perdas de espécies nos trópicos em conjunto com a proliferação de plantas de zonas temperadas poderão levar a uma “globalização” do mundo vegetal. Essa uniformização da flora é uma das principais conclusões do estudo “Projected impacts of climate change on regional capacities for global plant species richness”, publicado nesta semana no periódico Proceedings of the Royal Society.

Realizado por pesquisadores das Universidades de Bonn, Göttingen e Yale, o estudo investigou o número de espécies encontradas em diferentes regiões sob as atuais condições climáticas e em seguida projetou como essas espécies reagiriam em 18 cenários diferentes de mudanças climáticas para o ano de 2100.

“As mudanças climáticas podem trazer grande confusão para o padrão existente da diversidade das plantas, com conseqüências que ainda nos são desconhecidas para os ecossistemas e para a humanidade”, afirmou o cientista Jan Henning Sommer, da Universidade de Bonn.

O estudo não permite conclusões absolutas sobre que espécies irão desaparecer, se adaptar ou migrar para outras regiões. “Isso seria prever o futuro como uma cartomante. A capacidade de adaptação das espécies e sua interação com o ecossistema ainda são incertos, assim como o uso da terra pelo homem, que pode exercer grande influência na distribuição das plantas. Esse é um campo que sabemos muito pouco”, explicou Sommer. Entretanto, ainda assim os resultados da pesquisa fornecem importantes dados sobre as tendências de migrações ou desaparecimento das plantas.

Os piores efeitos do aquecimento global para a flora deverão ser sentidos na Amazônia. Por sua vez, regiões temperadas devem ganhar mais vida vegetal. O que revela uma ironia, os grandes poluidores históricos, principais responsáveis pelo aquecimento global, como Estados Unidos e Europa, estão justamente em áreas que tendem a se beneficiar com o aumento das temperaturas.

Mas os cientistas alertam que isso não significa um novo equilíbrio da vida vegetal. “Não haverá redistribuição de espécies, o que projetamos é que um grande número de espécies nativas dos trópicos tende a desaparecer e algumas espécies de zonas temperadas ganharão mais terreno. Veremos ecossistemas mais uniformes”, comentou Sommer.

Segundo o pesquisador, se as políticas se mantiverem tímidas como foi visto na Conferência do Clima de Copenhague, estamos fadados a um aumento de até 4°C até 2100. “Se isso acontecer, a perda projetada das espécies nos trópicos ultrapassa em muito o ganho pelo aquecimento e o aumento da vida nas regiões temperadas”, explicou.

“Políticos de todo o mundo deveriam prestar mais atenção ao impacto das mudanças climáticas na biodiversidade, pois ela é a base para a existência do homem”, concluiu o professor Wilhelm Barthlott, diretor do Instituto Ness de Biodiversidade de Plantas e co-autor do estudo.

Fonte: Envolverde

Fiocruz vai desligar as luzes do Castelo por uma hora

Da Agência Fiocruz de Notícias

Neste sábado (27/3), entre 20h30 e 21h30 (hora de Brasília), o Brasil participa oficialmente da "Hora do Planeta". Das moradias mais simples aos maiores monumentos, as luzes serão apagadas por uma hora, para mostrar aos líderes mundiais a preocupação com o aquecimento global. O maior símbolo da Fundação também ficará apagado por uma hora.

Histórico
A "Hora do Planeta" começou em 2007, apenas em Sidney, na Austrália. Em 2008, 371 cidades participaram. No ano passado, quando o Brasil participou pela primeira vez, o movimento superou todas as expectativas. Centenas de milhões de pessoas em mais de 4 mil cidades de 88 países apagaram as luzes. Monumentos e locais simbólicos, como a Torre Eiffel, o Coliseu e a Times Square, além do Cristo Redentor, o Congresso Nacional e outros ficaram uma hora no escuro. Além disso, artistas, atletas e apresentadores famosos ajudaram voluntariamente na campanha de mobilização.

Empresa descobre como capturar carbono de usinas em cimento

Do The New York Times
Parece alquimia: uma empresa iniciante do Vale do Silício anunciou ter descoberto uma maneira de capturar emissões de dióxido de carbono de usinas de energia acionadas por carvão e gás e aprisioná-las no cimento. Caso o processo funcione em escala maciça, a empresa, Calera, poderia transformar esse carbono em ouro.

A produção de cimento é uma das grandes fontes de emissões de carbono dos Estados Unidos, e as usinas de eletricidade acionadas a carvão são a maior fonte. As nações de todo o mundo estão pressionando companhias a reduzir suas emissões de gases causadores do efeito-estufa, e uma tecnologia que permita que lucrem ao realizar essa missão seria altamente popular. De fato, os materiais promocionais da Calera podem ser um dos raros exemplos de comunicação em que elogios do Sierra Clube e de uma companhia de carvão aparecem lado a lado.

"Com essa tecnologia, o carvão poderia ser menos poluente que a energia solar e eólica, porque elas têm no máximo a aspiração de serem neutras em termos de emissões", disse Vinod Khosla, um bilionário do Vale do Silício cuja empresa, a Khosla Ventures, tem cerca de US$ 50 milhões investidos na Calera. Na segunda-feira, o grupo deve anunciar um novo investimento, de US$ 15 milhões, pela Peabody Energy, a maior companhia mundial de carvão.

Ainda que a Calera já tenha um projeto piloto em operação, ainda não está comprovado que o processo possa ser usado em escala industrial ou que haverá compradores para o cimento que ele produziria.

Alguns cientistas especializados em questões climáticas e profissionais do setor de cimento duvidam que a companhia consiga produzir grandes quantidades de cimento durável e benéfico para o meio ambiente. "As pessoas estão estudando maneiras de fazê-lo há 15 anos", disse Ken Caldeira, especialista no ciclo de carbono e cientista sênior na Carnegie Institution for Science, em Stanford. "A ideia de que eles sejam capazes de desenvolver algo que seja ao mesmo tempo passível de uso em larga escala e apresente custo favorável é algo quanto ao que continuo altamente cético".

Os grandes emissores de carbono e empresas de tecnologia ecológica vêm tentando descobrir maneiras de capturar e armazenar carbono, como por exemplo injetá-lo no solo, para o caso de o Congresso norte-americano começar a regulamentar as emissões de carbono.

A Calera afirma que transformar carbono em material de construção fará da redução de emissões uma atividade economicamente atraente, mesmo em locais nos quais não exista subsídio do governo ou impostos sobre as emissões. "No caso dessa técnica, ela representa literalmente uma fonte de lucros", disse Brent Constantz, fundador e presidente-executivo da Calera.

Constantz, que é professor e consultor na escola de ciências da Terra na Universidade Stanford, passou sua carreira estudando e criando diferentes tipos de cimento. Quando aluno de pós-graduação, ele estudou a forma pela qual os corais do Caribe utilizam dióxido de carbono a fim de produzir seus esqueletos. Criou duas empresas, a Norian e a Skeletal Kinetics, que produzem um cimento de cálcio-fosfato usado por cirurgiões no reparo de ossos fraturados.

Em 2007, ele e Khosla desenvolveram os planos para a Calera. Hoje, Khosla é, na prática, membro da diretora executiva, e se envolve em detalhes de gestão, conversando com os executivos do grupo a cada dia.

Embora a empresa se recuse a revelar detalhes exatos sobre seu processo, informa que combina dióxido de carbono a salmoura marinha ou do lençol freático, um composto que contém cálcio, magnésio e oxigênio. O material resultante é carbonato de cálcio e carbonato de magnésio, usados para produzir cimento e massa. A companhia planeja vender o material para empresas de concreto, que podem aproveitá-lo em trabalhos de pavimentação.

Para tornar o seu cimento mais aceitável aos fabricantes do tradicional cimento Portland, a companhia também vai produzir misturas com 20% de cimento Calera e 80% de cimento Portland, o adesivo de silicato de cálcio usado no concreto de pontes, rodovias e edifícios.

Em Moss Landing, na costa da baía de Monterey, uma grande usina de gás natural da Dynegy despeja fumaça cinzenta na atmosfera; a fumaça contém largo volume de dióxido de carbono, um dos gases causadores do efeito-estufa.

Agora, grandes e enferrujados tubos se estendem da usina à fábrica de cimento que a Celera instalou para demonstração. A Celera bombeia o gás da chaminé para um recipiente azul de grande porte, no qual água salgada extraída do mar é combinada ao gás, produzindo um líquido branco leitoso. O líquido é transferido a uma cuba que separa os sólidos da água, e despeja uma substância branca que parece pasta de dente.
Uma secadora - acionada pelos resíduos de ar quente do gás de exaustão -transforma a pasta em pequenas partículas de cimento e massa. A Calera pretende filtrar a água residual do processo, remover o sal e vendê-la. De acordo com um estudo da consultoria R. W. Beck, contratada pela Calera, o método resulta na captura de 86% do gás de chaminé da usina da Dynegy.

A Calera, que trabalhou com a Bechtel no projeto e construção de fábricas de cimento, planeja abrir sua primeira unidade comercial no ano que vem. A empresa está negociando com a Dynegy e com uma empresa de energia da Pensilvânia, e recebeu verbas do governo australiano a fim de construir uma fábrica de cimento ao lado de uma usina de energia acionada a carvão no Estado australiano de Victoria.

Não creio que ninguém vá acreditar de todo em nós antes que tenhamos a fábrica funcionando", disse Constantz.

Tradução: Paulo Migliacci ME

Florestas: deputados rebatem apelido de 'exterminadores do futuro'

Da Agência Câmara
O termo cunhado por entidades ambientalistas para criticar os deputados que defendem o agronegócio provocou polêmica em debate na Comissão da Amazônia.

Parlamentares da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional rebateram nesta quarta-feira o apelido de "exterminadores do futuro", criado por entidades ambientalistas para classificar os que querem reformular o Código Florestal brasileiro.

Os deputados elogiaram a iniciativa de se conhecer a realidade dos estados brasileiros em relação à preservação ambiental, especialmente dos estados amazônicos, em audiências que estão sendo feitas pela comissão especial que analisa as 11 propostas que alteram ou revogam o Código Florestal (Lei 4.771/65) e a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98).

Para o deputado Sérgio Petecão (PMN-AC), a atitude dos ambientalistas não ajuda no debate sobre o código. Já para o presidente da comissão especial, deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), várias questões têm que ser debatidas de maneira técnica.

Preservação de margens
Segundo Micheletto, estudos técnicos indicam que devem ser considerados na preservação das margens de cursos d’água, por exemplo, o tipo de solo e a profundidade do rio. O deputado disse que a regra atual, que considera apenas a largura do curso d’água, prejudica as pequenas propriedades.

"Às vezes, em um rio que tem 10 metros de largura, nós estamos utilizando o critério de preservar apenas 10 metros de margens, mas pode ser que, pela fragilidade do solo, tenha que ser 50”, avaliou. Já um rio com largura de 100 metros, com área de preservação de mesma extensão, talvez pudesse ser reduzida para 50 metros. “Estamos discutindo parâmetros técnicos e científicos que vão determinar o aumento ou a diminuição da reserva permanente ou da mata ciliar."

Micheletto disse ainda que é preciso criar mecanismos de compensação para os produtores rurais, em razão das limitações econômicas decorrentes da proteção ao meio ambiente. Para ele, é preciso tornar mais lucrativa a preservação ambiental.
 
Relator da proposta, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ressaltou que é necessário dar peso semelhante às questões ambientais e sociais. Ele questionou a dificuldade que os estados amazônicos enfrentam para construir uma hidrovia, enquanto os paulistas teriam mais facilidade para construir novas rodovias.
 
Reafirmação de críticas
No entanto, para Ivan Valente (Psol-SP), é preciso pensar em novos modelos de desenvolvimento para a região amazônica que não levem em conta apenas a questão agrícola. “Os maiores interessados nas mudanças no código fazem parte do chamado agronegócio”, diz. Valente questionou a ausência no debate de hoje de especialistas em defesa do meio ambiente, já que foram convidados somente o presidente e o relator da comissão especial. Para o deputado, “esta ausência não é justificável e só tende a prejudicar o debate, já que é exposto somente um ponto de vista: o dos ruralistas”.

Por sua vez, Ricardo Tripoli (PSDB-SP) afirmou que a tramitação dos projetos que mudam o Código Florestal está caminhando para um "rumo esquizofrênico". Tripoli classificou o texto do relator Aldo Rebelo como um "grande golpe para o segmento ambiental".

Ele acredita que o texto irá flexibilizar as regras para a reserva legalÁrea localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. O tamanho da reserva varia de acordo com a região e o bioma: - Na Amazônia Legal: 80% em área de florestas, 35% em área de cerrado, 20% em campos gerais; - Nas demais regiões do País: 20% em todos os biomas. e as áreas de preservação permanenteSão faixas de terra ocupadas ou não por vegetação nas margens de nascentes, córregos, rios, lagos, represas, no topo de morros, em dunas, encostas, manguezais, restingas e veredas.

Essas áreas são protegidas por lei federal, inclusive em áreas urbanas. Calcula-se mais de 20% do território brasileiro estejam em áreas de preservação permanente (APPs). As APPs são previstas pelo Código Florestal. Os casos excepcionais que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em APP são regulamentados pelo Ministério do Meio Ambiente.. Para o deputado paulista, o relatório é “um tiro no pé” e o preocupa a possibilidade de retrocesso. “Se o texto for aprovado, a destruição do patrimônio ambiental brasileiro poderá se agravar. Modificar bruscamente o Código Florestal, sobretudo em ano eleitoral, é extremamente perigoso", reiterou.

Trípoli sustenta que não se pode permitir mais desmatamento, pois entende que existem áreas suficientes para serem exploradas. "Não podemos esbarrar na antiga discussão entre ambientalistas e ruralistas. Essa 'rixa' não traz nada de positivo para a população", argumentou.
 
Nova audiência
Na próxima segunda-feira, os deputados da comissão especial voltam a discutir o tema em Curitiba com técnicos da Embrapa.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Mundo do futebol adere a campanha contra aquecimento global

Além dos clubes, diversos jogadores e celebridades participam do ato

da Agência EFE

Real Madrid e Valência, dois dos maiores clubes espanhóis, aderiram à "Hora do Planeta", campanha de mobilização em torno da luta contra o aquecimento global.

Segundo a idealizadora do movimento, a ONG WWF, o Real apagará as luzes do estádio Santiago Bernabéu no próximo sábado, por uma hora, às 16h30, horário de Brasília.

Por sua vez, o Valência estenderá nesta quarta-feira uma lona no centro do gramado do estádio Mestalla, antes do confronto contra o Málaga e também no intervalo da partida. Além disso, o sistema de som transmitirá mensagens da campanha aos torcedores.

Fora da Espanha, outros clubes também ofereceram apoio à iniciativa, como o Bayern de Munique.

Atletas como o meia-atacante da Roma, Francesco Totti, o jogador de basquete Steve Nash, que atua na NBA pelo Phoenix Suns, e o astro do futebol americano e marido de Gisele Bündchen, Tom Brady, são algumas das grandes personalidades do esporte que já se comprometeram a participar da campanha.

Ibama prepara um salto de qualidade no licenciamento ambiental

O Ibama está consolidando a proposta de um conjunto de normas para desburocratizar e qualificar o processo de licenciamento ambiental federal. Esse trabalho é resultado da discussão feita com analistas ambientais, consultores, secretários estaduais de meio ambiente, juristas, Superior Tribunal de Justiça, advogados, procuradores federais, pesquisadores e o Ministério Público Federal, desde setembro do ano passado.

Os debates foram realizados em três fóruns de dois dias cada, sendo que o último ocorreu nos dias 15 e 16 deste mês. Análises sobre todos os procedimentos do licenciamento ambiental foram aprofundadas e discutidas melhores práticas relativas à participação popular, a metodologias de análises dos processos, aos prazos para concessão de licenças e aos estudos de impacto ambiental.

O presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, considerou os resultados muito positivos. “Temos um escopo muito bem preparado de um documento que está sendo construído com a participação de pessoas atuantes no licenciamento ambiental em suas diferentes vertentes, como analistas de processos, defensores da sociedade ou de empresas, consultores de instituições públicas e privadas”. Para o presidente, o conjunto de medidas será um grande salto de qualidade: “o licenciamento ficará mais qualificado e mais ágil, o que resultará em redução de prazos e no custo dos empreendimentos, na melhor qualidade dos estudos e das análises, isso significa um ganho muito grande para a sociedade e para o meio ambiente”.

A consolidação das sugestões deverá resultar na proposta de edição de um decreto ou resoluções, que serão submetidos primeiramente ao Ministério do Meio Ambiente e depois ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Alguns dos especialistas participaram de todos os fóruns. Outros, em momentos específicos. Ao todo, cerca de 50 pessoas, entre eles o engenheiro ambiental e professor da Universidade Federal da Bahia, Severino Agra Filho; os juristas Edis Milaré e Werner Grau; os procuradores da República, Analise Becker e Akira Omoto; técnicos em licenciamento ambiental do Ministério Público Federal; a procuradora de Justiça, Sílvia Capelli; o consultor e gerente de pesquisa da Sanepar/PR, Cleverson Andreoli; o presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, José Cláudio Junqueira; o secretário adjunto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de São Paulo, Pedro Ubiratan, e analistas do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama.

Fonte: Envolverde/Ibama

Depois de eliminar os CFC o Brasil banirá os HCFC

Por Dayanne Sousa, para o Pnud

Um novo programa brasileiro eliminará o consumo de hidroclorofluorcarbonos, conhecidos como HCFCs, tipos de gases nocivos à Camada de Ozônio cujo uso dobrou nos últimos seis anos no país. O “Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs”, lançado dia 5 de Maio deste ano, segue os planos do Protocolo de Montreal, acordo assinado em 1986 e atualizado em 2007, pelo qual os países da ONU se comprometem a acabar com as emissões desses e de outros gases prejudiciais à Camada de Ozônio. Para cumprir o Protocolo, o programa deverá congelar o crescimento do consumo desses gases até 2013 e bani-los até 2030.

Em 2015 o volume usado deve ser 10% menor que o de 2009. O programa ainda deve definir a sequência dos próximos passos, mas em 2010 é possível que empresas selecionadas desse levantamento recebam verba de um fundo internacional para substituir os HCFCs por substâncias alternativas.

Atualmente, o governo brasileiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) fazem um levantamento das indústrias que usam HCFCs em geladeiras, aparelhos de ar condicionado, extintores e na fabricação de espumas. Para divulgar a iniciativa, o Ministério do Meio Ambiente, coordenador da ação, e o PNUD, estão participando de feiras e programando reuniões com empresários da área. Um desses eventos foi a 16ª Feira Internacional de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar (FEBRAVA) realizada em Setembro último, em São Paulo. “Neste primeiro momento, o mais importante é espalhar essa informação”, disse Tatiana Zanete, do Ministério do Meio Ambiente.

“A maioria já conhece o problema da destruição da Camada de Ozônio, mas não sabe da possibilidade de receber recursos para substituir os HCFCs, daqui para frente, pretendemos estar presente em todos os eventos que forem possíveis", informou Marina Ribeiro, gerente da Unidade de Implementação e Monitoramento do PNUD.

A ajuda do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal poderá ser destinada para a compra de novos equipamentos e treinamento de profissionais. Os critérios de seleção das empresas ainda não foram definidos, mas as informações nos questionários serão importantes para a conclusão do projeto. Além da participação em eventos, Marina Ribeiro diz que o programa está buscando o apoio de associações de empresários e enviando cartas para representantes.

“Precisamos saber como estão as empresas, como o país está se comprometendo no setor privado, então estamos promovendo esse contato”, afirma. Já estão previstas reuniões com representantes dos setores de refrigeração e espumas.

O governo brasileiro também participa junto com o PNUD de um evento para reduzir o uso de CFC (clorofluorcarbonos) em medicamentos. Os CFCs são gases prejudiciais à Camada de Ozônio e praticamente já foram eliminados no País, mas seu uso ainda é permitido nas chamadas “bombinhas” para tratamento da asma. Por isso, um estande do Ministério e do PNUD foi montado no Congresso da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia realizado em Outubro passado, em Florianópolis.

O objetivo foi conscientizar médicos e pacientes e incentivar o uso de medicamentos alternativos. A produção e importação das bombinhas com CFC será proibida no Brasil a partir de 2011. A ação faz parte do encerramento do Plano Nacional para Eliminação de CFCs, que deve ser concluído em Dezembro de 2010.

Um dos principais pontos é saber quais são as novas tecnologias que podem substituir o uso dos gases e qual o método mais adequado à realidade brasileira. “A melhor tecnologia deve ser boa tanto econômica quanto ambientalmente”, diz o assessor técnico do PNUD, Anderson Alves. Ele explica que existem outras substâncias químicas que podem ser usadas nessas indústrias, como hidrocarbonetos para o setor de espumas ou amônia na refrigeração e que a pesquisa identificará quais as dificuldades e as preferências dos fabricantes. Após esta fase, o programa brasileiro destinará investimentos para promover a substituição.

Nos últimos anos, afirma Alves, cresceu muito o uso de HCFCs porque eles foram adotados como substitutos dos gases CFC ainda mais nocivos ao meio ambiente e cuja eliminação deve ser feita até o próximo ano, de acordo com o Protocolo. A iniciativa brasileira é parte de uma segunda etapa na eliminação de gases prejudiciais à Camada de Ozônio, pela qual passam diversos países.

De acordo com o MMA, apenas em 2007 o Brasil emitiu HCFCs em volume suficiente para destruir até 1.545 toneladas de ozônio. O número cresceu muito em comparação com o de 2001, que era de 766 toneladas. No mesmo período, o consumo de CFCs caiu: a destruição potencial de 6.230 toneladas de ozônio passou para 318 toneladas: 94% de queda. Dependendo de qual o tipo de gás (são 38 diferentes de HCFC), os CFCs podem ser até 50 vezes mais prejudiciais que os hidroclorofluorcarbonos.

Um grama do tipo CFC-12 (o mais danoso) é capaz de destruir um grama de ozônio, enquanto um grama do HCFC-235, com maior potencial de destruição, afeta 0,5 grama de ozônio. Já o HCFC-269 é o mais fraco e tem capacidade de destruir 0,02 grama de ozônio.

O Protocolo de Montreal foi assinado em 1986 e teve a adesão do Brasil em 1990. O objetivo central era a eliminação dos CFCs até 2010. A partir de 2007, o texto passou a contemplar também o combate aos HCFCs, dando início a uma nova etapa dos programas brasileiros. A meta é acabar com os novos gases até 2040.

* Jornalista da Agência PrimaPagina do PNUD

Fonte: Envolverde/ECO 21