PIRAPORA - O vapor Benjamim Guimarães, única embarcação existente no mundo movida a lenha, no sistema roda-polpa, voltou a navegar pelas águas do Rio São Francisco, hoje, depois de receber caldeira nova, doada pelo Banco do Nordeste. O ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, e o presidente do BNB, Roberto Smith, participarão da solenidade. O vapor pertence a Prefeitura de Pirapora e, segundo o prefeito Warmilon Braga, a recuperação foi definitiva. O Benjamin Guimarães será usado em viagens turísticas, com percurso de seis quilômetros, no próprio São Francisco, com passagem fixada em R$ 30, o que atrairá turistas de várias partes do Brasil.
A embarcação é remanescente de uma frota de mais de 50 vapores que navegavam pelo Rio São Francisco na década de 1920, entre Pirapora e Juazeiro, na Bahia, e mantém suas características originais. Neste ano, começou a restauração do vapor São Salvador, em Pirapora, viabilizada pelo Governo Federal e Prefeitura de Ibotirama. Mas o São Salvador estava descaracterizado. Seu sistema de propulsão será agora feito por motor diesel. Já o Benjamim Guimarães foi construído em 1.913 pela empresa James Rees, quando navegou pelas águas do Rio Mississipi, nos Estados Unidos. Depois foi adquirido pela Amazon Corporation, que o trouxe para navegar pelas águas do Rio Amazonas. Na década de 1920, ele foi adquirido pela empresa Júlio Guimarães, passando a navegar no Rio São Francisco e, depois, pela Companhia de Navegação do São Francisco. A sua importância histórica pode ser observada por alguns aspectos: durante a II Grande Guerra Mundial foi usado pela Força Expedicionária Brasileira para deslocamento de tropas do Sudeste e do Nordeste, assim como no transporte de cargas que atenderia ao Exército Brasileiro. Também na década de 1920, quase foi atacado pelo famoso cangaceiro Lampião, que preparou tocaia às margens do São Francisco, em Sergipe, para saqueá-lo. Porém, o comandante percebeu a estratégia e levou o Benjamim Guimarães para a outra margem do rio, livrando a embarcação do ataque. A sua riqueza cultural e histórica levou o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) a tombá-lo, para assegurar sua preservação.
Porém, na década de 1980 ocorreu a primeira tragédia: o vapor sofreu um incêndio e ficou praticamente destruído. No ano de 1995, depois de ser recuperado pelo Governo de Minas, uma fissura na caldeira levou a Marinha a interditar o vapor, que acabou doado à Prefeitura de Pirapora. O Ministério do Turismo liberou os recursos para sua restauração e em abril de 2004 o vapor voltou a navegar pelas águas do rio São Francisco, depois de nove anos atracado no Porto de Pirapora. Porém, em agosto de 2005, o problema voltou a surgir e a embarcação, mais uma vez, parou de navegar pelas águas do Velho Chico.
Fonte: Jornal Hoje em Dia