sexta-feira, 28 de março de 2008

Parceria reavaliará agrotóxicos registrados no país


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fiocruz assinaram um contrato para reavaliação toxicológica de 13 ingredientes ativos utilizados na produção de agrotóxicos no Brasil. O estudo ficará a cargo de uma equipe do Laboratório de Toxicologia Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fundação, coordenada pelo pesquisador Francisco Paumgartten.

De acordo com o gerente-geral de Toxicologia da Anvisa, Luiz Claudio Meirelles, a escolha da equipe foi feita com base na capacidade da instituição e de seus técnicos. “A Ensp é uma instituição que se destaca no cenário nacional e internacional na área de ciência e tecnologia em saúde e não há outro grupo no país com a diversidade de competências na área de toxicologia necessária para a avaliação e reavaliação de agrotóxicos ou outras substâncias”, ressaltou. A reavaliação de agrotóxicos registrados vai priorizar os produtos de elevada toxicidade que provocam intoxicações e mortes em trabalhadores expostos ou os efeitos crônicos – diversos tipos de câncer, distúrbios endócrinos, doenças pulmonares, alergias e outros – na saúde do consumidor.

No Brasil, diferente do registro de medicamentos, cuja validade é de cinco anos, o registro de agrotóxicos, depois de concedido, é definitivo. É permitido, no entanto, aos órgãos reguladores de saúde, agricultura e meio ambiente reavaliar o registro dos produtos sempre que surgem indícios de que seu uso oferece riscos elevados ou quando o país é alertado, nesse sentido, por organizações internacionais responsáveis pela saúde, alimentação ou meio ambiente, das quais é membro integrante ou signatário de acordos.
Segundo o contrato, serão reavaliados os ingredientes ativos glifosato, cihexatina, endosulfan, abamectin, fosmete, parathion, metamidofós, forate, triclorfom, thiram, carbofuran, paraquate e lactofem; 61 produtos técnicos (PTs) e 108 produtos formulados (PFs). Os produtos técnicos são constituídos pelo ingrediente ativo, com suas impurezas de síntese, e componentes adicionais. A partir de cada produto técnico, são preparados os vários produtos vendidos no mercado, os chamados produtos formulados.

O contrato envolve ainda a revisão bibliográfica da literatura científica existente sobre a toxicidade dos 13 ingredientes ativos para o homem, evidenciados em estudos experimentais e epidemiológicos; a elaboração de parecer técnico sobre cada um dos 13 ingredientes ativos reavaliados e seus respectivos PTs e PFs; o apoio técnico-científico, acompanhamento e participação (representação acadêmica) na Comissão de Reavaliação; e a participação nas discussões internas sobre o encaminhamento dos resultados da reavaliação toxicológica de cada um dos 13 ingredientes ativos. De forma bastante simplificada, agrotóxicos podem ser definidos como produtos de natureza biológica, física ou química – inseticidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas, herbicidas, bactericidas e vermífugos, entre outros – que visam exterminar pragas ou doenças nocivas à lavoura, à pecuária e ao ambiente doméstico.

Regulação de agrotóxicos envolve Saúde, Agricultura e Meio Ambiente
De acordo com dados divulgados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), entre 2000 e 2003 foi registrada uma média anual acima de 5 mil casos de intoxicação humana por uso de agrotóxicos agrícolas, com cerca de 150 mortes. Atualmente, os números causam grande preocupação nas autoridades de saúde, mas nem sempre foi assim.
Antes dos anos 70, os agrotóxicos eram usados indiscriminadamente. As avaliações dos produtos eram restritas aos efeitos dos agrotóxicos no controle de pragas e doenças que afetavam a produção agrícola, visando apenas aumentar sua eficiência agronômica. A publicação do livro Silent spring, de Rachel Carson, e o impacto de grandes desastres ecológicos, associados à divulgação de diversos achados científicos, estimularam a análise de riscos associados às substâncias químicas e uma crescente atuação das autoridades governamentais, de saúde e meio ambiente. Em vários países, começaram a ser criadas legislações mais adequadas e órgãos oficiais de regulação e fiscalização

No Brasil, a regulamentação do uso de agrotóxicos começou com o decreto-lei 24.114, de 1934, que delegou a tarefa ao Ministério da Agricultura. Em 1982, o Ministério da Saúde (MS) passou a atuar nesse campo, mas ainda de modo bastante incipiente. A Constituição de 1988, ao atribuir para o poder público o controle dessas substâncias e a normatização de sua produção e consumo, no tocante aos riscos de danos à vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente, ao estabelecer o direito à saúde e ao acesso a serviços de atenção à saúde, trouxe uma nova perspectiva para a avaliação dos riscos de efeitos adversos à saúde e ao meio ambiente associados a substâncias tóxicas. As leis 7.802, de 1989, e 9.782, de 1999 – as leis dos agrotóxicos – acabam regulamentando esses dispositivos constitucionais e estabelecendo que o controle desses produtos é um ato complexo, devendo ser feito de forma integrada pelos ministérios da Saúde, da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento (Mapa) e do Meio Ambiente (MMA), cada qual discutindo aspectos de suas respectivas áreas de conhecimento e competências. “O registro dos agrotóxicos é dado pelo Ministério da Agricultura, mas, hoje, ele só pode ser concedido se houver um parecer favorável das autoridades da saúde, no caso pela Gerência-Geral de Toxicologia (GGTOX) da Anvisa, e do meio ambiente, por meio do Ibama”, explicou.

O processo de reavaliação de registros de agrotóxicos é bastante delicado, pois mexe com grandes interesses econômicos e políticos, além de envolver inúmeros aspectos técnicos e éticos. Para se ter uma idéia do problema, basta ver que o volume de agrotóxicos em uso no Brasil aumentou quatro vezes nos últimos dez anos, alcançando, em 2004, um nível de produção e comercialização nacional de cerca de 500 mil toneladas, o que representa um mercado de quase R$ 11 bilhões. “Se a gente olhar o montante do mercado de agrotóxicos fica fácil imaginar a pressão que é feita sobre os órgãos reguladores. Nós, no entanto, estamos preparados para enfrentar as empresas, se isso for necessário para garantir os direitos dos cidadãos à saúde”, afirmou. Quanto às questões éticas, ele destaca a ausência de conflitos de interesse como um ponto fundamental para a escolha da Ensp como parceira nessa empreitada. “A Escola é uma instituição acadêmica, ligada ao Ministério e voltada para a produção de conhecimento e ensino em saúde pública, e os pesquisadores envolvidos não têm vínculos com o setor privado. Isso é primordial”, enfatizou Meirelles.

Fonte: Fiocruz

Mundo tem de cortar emissões em 50% até 2050, diz ONU

Alister Doyle

Um novo tratado da Organização das Nações Unidas (ONU) para combater as mudanças climáticas deveria ter por meta diminuir em 50% as emissões de gases do efeito estufa até 2050, disse hoje o principal representante da entidade para a área de combate ao aquecimento global.

Autoridades importantes de 190 países vão se reunir entre os dias 31 de março e 4 de abril, em Bangcoc, para a sessão de abertura de um processo de dois anos voltado à elaboração de um novo pacto global de combate às mudanças climáticas, capaz de substituir o Protocolo de Kyoto.
Yvo de Boer, chefe do Secretariado para as Mudanças Climáticas da ONU, afirmou que, segundo estudos do Painel do Clima da entidade, as emissões de gases do efeito estufa devem atingir seu pico dentro de 10 a 15 anos para depois caírem em 50% até a metade do século a fim de evitar os efeitos mais dramáticos do aquecimento. "Essa, para mim ao menos, é a medida do sucesso", disse, acrescentando que essas metas deveriam servir de pedras fundamentais para o tratado que se debaterá nos próximos meses e cuja assinatura está prevista para ocorrer em dezembro de 2009, em Copenhague. "Isso, porém, não será fácil."

As emissões de gases responsáveis por reter calor, gases esses resultantes em grande parte da queima de combustíveis fósseis, estão aumentando rapidamente apesar dos esforços para evitar o aquecimento, um fenômeno capaz de tornar mais comuns enchentes, doenças, deslizamentos de terra e ondas de calor, além de elevar o nível dos oceanos. De Boer acrescentou que as metas intermediárias, tais como as de 2020 para os países desenvolvidos, seriam mais difíceis de serem negociadas do que as metas de longo prazo, que seriam cumpridas pelas futuras gerações. "A dificuldade maior está no meio-termo", afirmou.

A China, que atingiu o nível dos EUA como maior emissor mundial de gases do efeito estufa, pediu aos países ricos, em um comunicado enviado ao encontro de Bangcoc, que cumpram as diretrizes acertadas no ano passado de cortar suas emissões, até 2020, para patamares 25 a 40 por cento inferiores aos de 1990. As negociações em Bangcoc são as primeiras de uma série que deve se encerrar em dezembro de 2009 com um pacto do qual participariam todos os países do mundo. O Protocolo de Kyoto obriga 37 países ricos a cortarem suas emissões até 2008-2012 para um patamar 5 por cento inferior ao de 1990. Os EUA não assinaram esse tratado.
O presidente norte-americano, George W. Bush, argumentou que o acordo diminuiria a oferta de trabalho dentro dos EUA e que teria errado ao eximir os países em desenvolvimento das metas compulsórias de corte.

As negociações em Bangcoc devem estipular os detalhes sobre o processo previsto para ocorrer neste ano, centrando-se na diminuição das emissões, em novas tecnologias conservacionistas, na ajuda para que países pobres adaptem-se às mudanças climáticas e novas linhas de crédito e de investimento. Depois do evento em Bangcoc, haverá encontros da ONU em junho, em agosto e em dezembro deste ano.

Fonte: Reuters

Cidades de 35 países protestam contra mudança climática

Cidades de 35 países de todo o mundo, incluindo o Brasil, se inscreveram até o momento para participar da Earth Hour, uma iniciativa contra a mudança climática lançada pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) na Austrália.

Além do Brasil, a lista do WWF inclui Espanha, Argentina, Bolívia, México, Uruguai e Venezuela, entre vários outros países. A Earth Hour consiste em apagar neste sábado, das 20h às 21h, luzes e eletrodomésticos por uma hora. "A mobilização se transformou em um acontecimento mundial muito maior do que poderíamos imaginar", disse hoje o porta-voz da organização, Andy Ridley. "Já são quase 400 cidades, 18.876 empresas e 257.165 cidadãos que se registraram na página do evento, mas sabemos, pela experiência do ano passado, que muitas pessoas apagam as luzes sem se inscrever", disse Ridley.

Em 2007, a Earth Hour aconteceu somente em Sydney e reuniu mais de dois milhões de pessoas, segundo uma pesquisa, além de 2.100 empresas, cinemas, teatros, restaurantes, bares, discotecas, clubes esportivos, escolas e igrejas. Os organizadores acreditam que a edição deste ano vai superar os 30 milhões de pessoas na Austrália, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, Filipinas, Israel, Irlanda e Tailândia, entre outros. É "surpreendente como alguns países, nos quais não há nem representação do WWF, também estão preparando atos espetaculares", expressou Ridley.

Fonte: EFE

Vale terá projeto carbono no 2º semestre

Roberto do Nascimento

A Vale vai concluir no segundo semestre seu inventário de emissões de gases que causam o aquecimento global já incluindo a Inco, empresa canadense recentemente adquirida. O trabalho fará parte do Projeto Carbono, pelo qual a empresa vai buscar neutralizar ou reduzir drasticamente o seu balanço de emissões. Levantamento anterior, de 2005, identificou a emissão de 11 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases.

Para fazer frente a esse processo, a Vale programou o plantio de 346 milhões de árvores (50% de eucalipto e 50% de floresta natural) até 2015, que vão fixar 160 milhões de toneladas de CO2 em 21 anos, ou 8 milhões de toneladas/ano. A fixação de carbono começa no primeiro ano de vida das árvores. A mineradora deve ampliar sua área de preservação direta ou partilhada de florestas, correspondente a cerca de 3 bilhões de árvores. Essas matas representam emissão evitada de 1 bilhão de toneladas de CO2, quase 70% das emissões totais do Brasil em 2006, que foram de 1,4 bilhão de toneladas.

A empresa ainda avalia a possibilidade de fazer um projeto de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kyoto, que permite a países sem meta de redução de emissões, caso do Brasil, desenvolver projeto de produção menos agressivos ao meio ambiente, vendendo aos países que têm metas o equivalente às emissões evitadas. Cada tonelada de CO2 não emitida está cotada em cerca de 16 euros. Entre medidas já adotadas pela Vale elegíveis para projetos de MDL está a substituição de 20% do diesel usado nas locomotivas da empresa por biodiesel (o chamado B20). De acordo com a BR Distribuidora, o fornecimento da mistura chega a 33 milhões de litros/mês nas linhas da mineradora, reduzindo o uso de combustíveis fósseis e as emissões de alguns poluentes em até 20%.

Fonte: DiárioNet

Estação Ciência expõe fotografias de seres marinhos pouco conhecidos

Francisco Angelo

Ardência, queimaduras, dor. Quem foi às praias do litoral paulista nestas férias de verão teve uma surpresa desagradável ao se deparar no mar com uma leva de águas-vivas, criaturas semelhantes às da foto acima, trazidas provavelmente por correntes marinhas frias.

Cerca de 900 ataques foram registrados em todo o litoral do estado de São Paulo no começo de 2008.Para tirar a má impressão que esses animais deixaram, uma dica é apreciar a beleza destes e de outros seres marinhos pouco conhecidos na Estação Ciência, onde desde o dia 8 ocorre a exposição fotográfica Oceano: vida escondida. A mostra, que vai até o dia 11 de maio, apresenta imagens de corais, crustáceos e outros animais dos oceanos praticamente desconhecidos, seja pelo seu pequeno tamanho ou por viverem em grandes profundidades.“O forte da mostra é a força das imagens. Algumas são de uma plasticidade, colorido e beleza incríveis”, afirma Álvaro Migotto, um dos quatro autores das fotos e diretor do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da USP.

As outras imagens foram produzidas por Alberto Lindner (também curador da exposição), Bruno Vellutuni e Inácio da Silva Neto, todos pesquisadores do Cebimar, uma das instituições mais antigas da USP, nascida em 1955 como Fundação Instituto de Biologia Marinha (IBM). As fotos foram produzidas de diferentes maneiras e em locais diversos. Algumas foram obtidas em aquários, como a da medusa Eirebe sp., que, além do seu tamanho minúsculo, possui o corpo transparente. Já o colorido impressionante do esqueleto calcário de uma larva de bolacha-do-mar foi obtido através de microscópios, com o uso de luz polarizada.

A maioria dos animais registrados habita áreas rasas e costeiras. Porém, as imagens de colônias de corais e esponjas, por exemplo, foram obtidas por Alberto Lindner de um submarino, nas águas frias e profundas das Ilhas Aleutas, no Alasca (EUA). Além das fotografias, também estarão expostos alguns materiais, como esqueletos de equinodermos como ouriços e amostras de plânctons, além de alguns vídeos curtos que mostram aos visitantes o ciclo de vida de alguns dos seres fotografados, como a bolacha-do-mar. Há também fotos especiais em 3D, que só podem ser observadas com a utilização de óculos especiais, disponíveis no local.

Fonte: Agência USP

Pesquisa avalia gerenciamento

Desafio enfrentado pela maioria dos municípios do país, o gerenciamento adequado do lixo urbano carece de modelos que contemplem a minimização de resíduo na origem, no tratamento e na destinação final. Parte fundamental deste processo de minimização, a coleta seletiva fornece matéria-prima para as atividades de reciclagem, mas esbarra no problema do alto índice de rejeito que é encontrado entre os resíduos coletados.

Estimado em 11% pela Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) – que avaliou material de 327 programas de coleta seletiva de prefeituras de cidades brasileiras –, o rejeito reduz o aproveitamento e a qualidade do material encaminhado para reciclagem.
O economista José Benedito de Castro Henrique, funcionário da Divisão de Meio Ambiente e responsável pelo gerenciamento do lixo no campus da Unicamp, analisou, em dissertação de mestrado apresentada no último dia 26 de fevereiro, na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), o serviço de limpeza urbana do campus de Barão Geraldo. Henrique constatou que o índice de rejeito presente nos materiais coletados pelo Programa de Coleta Seletiva da Prefeitura da Unicamp é quase três vezes menor que a média nacional.

Uma das conclusões do trabalho, orientado pela professora Eglé Novaes Teixeira, do Departamento de Saneamento e Ambiente da FEC, é que a coleta seletiva realizada pela Universidade é apenas uma etapa do modelo bem sucedido de gerenciamento integrado de resíduos desenvolvida no campus: “Podemos dizer que, na Unicamp, existe um sistema integrado que procura considerar a problemática do lixo sob todos os prismas, dando um tratamento adequado para cada tipo de resíduo desde a sua origem”, explica a docente. “O gerenciamento integrado de resíduos é um conjunto de ações que envolvem a minimização de resíduos desde a geração, manejo, coleta e tratamento, considerando as características peculiares de cada resíduo, como também o aspecto socioeconômico das populações envolvidas”, completa.

O grau de comprometimento, segundo ela, foi determinante para o baixo índice de rejeito encontrado nos materiais. “Isso reflete, de certa forma, a conscientização e o cuidado de unidades e órgãos da Universidade na segregação do material”. De todo o material reciclável que é coletado no campus, mais de 90% provém de unidades e órgãos. O restante é oriundo das áreas comuns do campus.

Baseado em programas como o dos 3Rs (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), o gerenciamento do lixo na Universidade envolve, de modo diferenciado, a coleta, manejo e tratamento de resíduos de conservação e limpeza; limpeza de eventos; resíduo reciclável; resíduo de lâmpada fluorescente; de móveis inservíveis e madeira; resíduo de poda; maravalha (serragem picada); e capinação e roçada. “Todos estes materiais são encaminhados para diferentes processos de triagem, acondicionamento e tratamento, como a reciclagem, compostagem, adubação, e recuperação energética”, revela Henrique. Há também, segundo ele, a intenção de começar a trabalhar a destinação do lixo oriundo dos equipamentos eletrônicos, o chamado lixo eletrônico.
A Universidade gera, no campus de Barão Geraldo, aproximadamente 140 t/mês de resíduo sólido urbano.

Destas, cerca de 10% são coletadas mensalmente pelo Programa de Coleta Seletiva. O índice é considerado alto para os padrões nacionais. Somente o papel e papelão respondem por mais de 50% deste total. Além dos resíduos recicláveis encaminhados pelas unidades e órgãos e coletados nas áreas comuns, a Divisão de Meio Ambiente realiza a chamada coleta diferenciada. De fevereiro de 2006 a janeiro de 2007, por exemplo, foram coletadas 29 mil lâmpadas fluorescentes; 35 toneladas de maravalha foram encaminhadas para reciclagem; 105 toneladas de resíduo de poda, madeira e móveis inservíveis foram destinados para recuperação energética; e 234 toneladas de resíduo vegetal foram usados na adubação do solo.

Inesgotabilidade

Com a crescente urbanização, o desenvolvimento de novas tecnologias produtivas e o processo de industrialização, a geração do lixo urbano tem passado por aumento gradativo, levando diversos pesquisadores a discutir o conceito de inesgotabilidade do lixo. Apesar de coletar 95% de resíduo sólido urbano, o Brasil carece de modelos adequados de destinação. Dados levantados por Henrique indicam que 60% do resíduo coletado tem destinação inadequada, constituindo-se em fonte para problemas ambientais e de saúde pública. “Muitas vezes, a dificuldade de disposição dos resíduos por parte de prefeituras faz com que eles sejam descartados inadequadamente em vales, depressões naturais, barrancos, margens de rios, a céu aberto ou em aterros desprovidos de qualquer tratamento adequado”, explica. “Isso provoca poluição dos rios, ar, solo e degradação generalizada do ambiente, culminando com vários problemas de saúde pública”, completa.

Para o pesquisador, os serviços de limpeza urbana, normalmente, são vistos pela população apenas pelo lado da coleta do resíduo. “A grande maioria não quer saber o que acontecerá com o mesmo e, tampouco, tem idéia da complexidade das operações que englobam um serviço de limpeza urbana”.

Expansão

Após analisar minuciosamente o serviço de limpeza urbana do campus, detalhando toda a operacionalização e gerenciamento dos resíduos, o pesquisador acredita que a Universidade ainda tem um alto potencial de geração de resíduo reciclável. “Hoje, nós podemos dizer que o potencial de expansão da coleta seletiva no campus está em torno de 28%, o que significa dizer que poderíamos chegar a 55 toneladas mês de resíduo reciclável coletado”, avalia Benedito.
Para isso, o pesquisador propõe a intensificação de atividades de educação ambiental e a ampliação da estrutura de coleta, triagem e armazenamento do lixo, opinião corroborada pela professora Eglé: “Precisamos aprender a gerar menos lixo”.

Fonte: Unicamp

MMA participa de reunião internacional sobre proteção do ambiente marinho

Grace Perpetuo

O diretor do Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria do Ministério do Meio Ambiente, Rudolf Noronha, participará da 57ª reunião do Comitê de Proteção do Ambiente Marinho (57th Marine Environment Protection Committee/MEPC) da Organização Marítima Internacional (IMO), a ser realizado em Londres entre os dias 31 de março e 4 abril.

A participação do MMA se dará ainda por meio de especialistas da Gerência de Qualidade Costeira e do Ar, também da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do ministério. "Os assuntos abordados pelo MEPC são extremamente relevantes para nós do Ministério do Meio Ambiente", afirma Rudolf. Na pauta desta 57ª reunião, por exemplo, as diretrizes internacionais relacionadas a organismos aquáticos exóticos na água de lastro (que, utilizada em navios de carga como contrapeso, acaba por transportar e disseminar espécies de uma parte do mundo a outra).

Também serão debatidas, entre outras questões, as diretrizes internacionais relativas a sistemas antiincrustantes, muito tóxicos, usados em navios; a dispersantes empregados em casos de derramamento de óleos no mar; à prevenção da poluição atmosférica causada pelos navios; e à identificação e proteção de Áreas Especiais e de Áreas Particularmente Sensíveis no mundo.
Esse último tema é de especial interesse para a delegação do MMA. "Queremos iniciar esse debate acerca de potenciais Áreas Particularmente Sensíveis no Brasil", diz Rudolf. Estabelecidas pela IMO, essas são áreas litorâneas e marinhas especialmente suscetíveis a acidentes - como baías muito fechadas ou ilhas de rica biodiversidade como as Galápagos, por exemplo. "A partir dessa discussão, poderemos definir quais áreas de grande riqueza de bioma poderão também receber essa restrição à navegação no País", garante o diretor.

Estarão em pauta também nesta 57ª reunião do MEPC as diretrizes internacionais relativas à reciclagem de navios. "Estamos agora no fim de uma convenção específica sobre o assunto, que abordará desde o design do navio até seu desmanche e o transporte de seus resíduos", diz Rudolf. "Nesse sentido, a delegação brasileira quer aproximar as convenções da IMO ao que preconiza a Convenção da Basiléia, que trata do movimento transfronteiriço de resíduos", explica.

Fonte: MMA

Cientistas divergem sobre vírus tipo 4 da dengue no país

Um estudo da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas que aponta a reintrodução do vírus tipo 4 da dengue no Brasil causou polêmica entre a instituição, o governo do Estado do Amazonas e o Ministério da Saúde.

O tipo 4 do vírus, que não era identificado no Brasil desde 1982, foi encontrado em três pacientes examinados em Manaus, segundo relato de pesquisadores da fundação na edição de abril da revista Emerging Infectious Diseases, do Centro de Controle de Doenças dos EUA. Os testes de isolamento foram realizados na fundação e revalidados na Universidade de Porto Rico, colaboradora do estudo.

A Fundação da Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas e o Ministério da Saúde, no entanto, informaram não reconhecer os resultados, uma vez que não foram validados por laboratórios no País. O ministério vai enviar uma carta à publicação americana contestando a pesquisa. “O ministério vem acompanhando esse caso e foi uma precipitação dos pesquisadores divulgar esse resultado, contestado pela contraprova realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)”, disse ontem (27/3) no Rio o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde da pasta, Fabiano Pimenta.“Felizmente verificou-se que não era o tipo 4, porque a introdução de um novo sorotipo da doença ia complicar ainda mais o controle da epidemia no Rio”, afirmou. “Nossos testes não comprovaram a reintrodução do vírus. Acho que houve erro nas análises feitas para o estudo”, afirmou Pedro Fernando Vasconcelos, chefe do setor de Arbovirologia do Instituto Evandro Chagas, braço da Fiocruz no Pará que tentou validar os testes. Pimenta, no entanto, considera inevitável a entrada do tipo 4 do vírus, que já circula em países vizinhos e do Caribe, como Venezuela, Equador e Honduras. “Pode entrar amanhã ou daqui a dez anos. Fazemos monitoramento constante das fronteiras, mas mensalmente 35 mil pessoas cruzam as fronteiras do Brasil com a Venezuela, o que nos dá uma situação de vulnerabilidade.”

Mais vírus, mais risco

Atualmente, o País tem três tipos de vírus da doença circulando e a introdução de mais um representa ameaça de mais casos graves de dengue, uma vez que grande parte da população não tem anticorpos contra ele. “O mais alarmante é a chance de os indivíduos serem novamente expostos e ter dengue outra vez. As estatísticas comprovam que as chances de o paciente ter dengue grave aumentam consideravelmente quando é a segunda ou terceira vez que ele é infectado, e por uma variante diferente do vírus”, diz a infectologista Maria Paula Mourão, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo realizado em Manaus.

O vírus 4 foi isolado com a técnica de PCR (sigla de Polymerase Chain Reaction), que consiste em analisar automaticamente milhões de cópias de um único segmento de DNA em questão de horas. Sinésio Talhari, diretor-presidente da fundação responsável pela pesquisa, reafirmou ontem os resultados do estudo. Segundo ele, a Fiocruz pode não ter encontrado o vírus tipo 4 por problemas de qualidade das amostras analisadas. “A validação desse estudo e a publicação pela revista americana são prova de que nossa pesquisa é séria.”

Fonte: Assessoria de Imprensa da UFRJ

Previsão segura do desmatamento

Andressa Spata

Nova técnica garante identificação dos locais na Amazônia com maior risco de degradação futura Um método desenvolvido na Universidade de Brasília (UnB) permite resolver o problema de como prever as áreas mais suscetíveis ao desmatamento na Amazônia. A técnica de análise cruza dados estatísticos de períodos anteriores com as características biofísicas da floresta e apresentou uma confiabilidade de mais de 70% nas análises já realizadas.

A pesquisa foi elaborada por Darcton Policarpo Damião, diretor do Instituto de Estudos Avançados, do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) da Aeronáutica, em tese de doutorado apresentada para o Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB. A ferramenta estatística desenvolvida por Damião é capaz de oferecer uma análise multivariada, a partir da observação da ocorrência de desmatamento em anos anteriores. O método leva em conta dados referentes a características físicas do terreno, como declividade, proximidade de área desmatada, distância de rodovias, altitude, distância de hidrovias e existência de áreas de proteção ambiental, entre outras. “Essas variáveis foram escolhidas por serem espacialmente explícitas e quantificáveis”, esclarece o pesquisador. “Por isso, elas podem ser manipuladas pelo sistema de informação geográfica, de modo a gerar mapas das áreas com maior potencial de desmatamento. E foi isso que fizemos”.

De acordo com Damião, existem outros modelos de previsão do desmatamento, mas com abordagens diferentes. “Praticamente todos os modelos usados atualmente trabalham com cenários e se baseiam em variáveis sócio-econômicas, bastante difíceis de serem computadas”, atenta o pesquisador. “Além disso, eles se prestam melhor para previsões voltadas a um futuro mais distante”. O modelo proposto na tese, diferentemente dos demais, considera apenas as variáveis biofísicas e trabalha com situações baseadas em dados concretos. “Dessa forma, conseguimos antecipar as áreas mais suscetíveis ao desmatamento de maneira mais confiável e em períodos de tempo menores”, garante Damião. Resultados alcançados Para desenvolver o novo método, o pesquisador estudou os dados disponíveis, de 1985 até 2004, de uma área a sul do município de São Félix do Xingu (Pará), de 34.000 km 2 . O local foi escolhido devido à disponibilidade dos dados e pelo alto grau de degradação que sofreu ao longo de quase duas décadas. “Foi necessário observar as relações existentes entre variáveis biofísicas identificadas em imagens capturadas pelo satélite Landsat para seis datas entre os anos de 1985 e 2004”, explica Damião.

Isso foi feito a partir de informações geradas pelo método desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para calcular taxas anuais de desmatamento na Amazônia, chamado de Prodes Digital. Ao analisar os dados referentes ao ano 2000, em vez de adotar procedimento anterior, de cruzamento de variáveis, Damião optou por traçar uma projeção para o ano de 2004. “Nesse momento, chegamos a um resultado melhor do que o esperado. Isso porque a situação prevista pelo método coincidiu em mais de 70% com a que figurou no ano de 2004”, relata. “Dessa maneira, ficou comprovado que o novo método pode ser usado como uma ferramenta para antecipar esses eventos de degradação na Amazônia, de modo a otimizar o uso dos recursos para combatê-los, pois saberemos onde atacar o problema”, estima Damião.

Apesar dos bons resultados alcançados, ainda não há previsão de quando o método será utilizado oficialmente. “Até aqui, o trabalho de pesquisa foi conduzido individualmente, por se tratar de uma tese de doutorado”, explica o pesquisador. ”A adoção desse sistema em caráter operacional depende do envolvimento de um número maior de técnicos a serem disponibilizados por uma ou mais instituições governamentais interessadas em absorver a tecnologia desenvolvida.”

Fonte: Ciência Hoje

Cientista descobre arma para derrotar mosquito da dengue

O cientista Maulori Cabral, professor de microbiologia da UFRJ, e pesquisadores da universidade e da Fiocruz descobriram que uma garrafa pet pode virar uma arma para derrotar o mosquito da dengue. A armadilha ganhou o nome de "mosquitérica" . A invenção é feita com uma garrafa pet, um pedaço de microtule, lixa, fita isolante, alpiste, arroz ou ração para gato e uma tesoura.

A garrafa é cortada, a boca coberta com o tule, dentro vai arroz triturado e depois água. Uma parte da garrafa é encaixada na outra e vedada com fita isolante. O mosquito vai colocar os ovos perto da água. As larvas nascem, passam pela tela para comer lá embaixo. Elas crescem e não conseguem voltar pela tela, ficando presas dentro da garrafa e morrem. Mas antes de fabricar a sua própria mosquitérica, é preciso se livrar de todos os possíveis focos de mosquito em casa. Só assim a armadilha vai ser 100% eficiente para eliminar o aedes egypt.

Atenção: Não confundir o micro tule com tule, aquele usado em véu de noiva. O tule é mais aberto e pode deixar o mosquito escapar. Também é importante trocar a água uma vez por mês e antes de jogar fora, colocar detergente para matar as larvas do mosquito.

Fonte: Internet

quarta-feira, 26 de março de 2008

Expansão da soja e o desmate da Amazônia

Andréia Mayumi

Pesquisa analisa expansão da fronteira agrícola para o sul do Amazonas. Entre as principais conseqüências desse avanço no campo está o impacto ao meio ambiente Nos últimos anos, a produção de soja no Amazonas cresceu 425%, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Em 2001/2002 a safra do Estado foi de 1,6 mil toneladas.

Em 2005/2006, o número disparou para 8,4 mil toneladas. O crescimento da soja está fazendo com que o Amazonas se destaque na produção de um dos itens mais importantes no ranking de exportações brasileiras. Se por um lado a soja tem evidenciado o Estado no cenário nacional, a produção desse grão tem uma relação direta com os índices de desmatamento na área. O surgimento, em hectares, de uma nova área plantada de soja representa o aumento de uma unidade de foco de calor na região, afirma Elane Conceição de Oliveira, no trabalho “A expansão da fronteira agrícola para o sul do Amazonas”, que contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

A soja tem provocado a expansão das fronteiras agrícolas para o sul do Amazonas em municípios como Apuí, Humaitá e Manicoré, e segundo a autora, tal fenômeno assume um padrão de impacto ao meio ambiente, ainda que em proporções baixas em relação a outras regiões estudadas. Conforme o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (IDAM), Humaitá, assim como os demais municípios do sul do Estado, vêm sendo ocupados de forma intensiva por produtores de outras regiões, transformando os ecossistemas naturais com a ocupação das atividades de pecuária e agricultura.Elane afirma que a expansão das fronteiras (agrícola, pecuária, extração vegetal) na Amazônia segue um paradoxo histórico: tentativas de desenvolver a região X degradação ambiental.

Um fator importante no desmatamento recente na Amazônia é o crescimento da soja mecanizada. “A soja é uma commoditie influenciada diretamente pelo preço do mercado internacional. Se o preço do grão aumenta, a produção brasileira também, gerando expansão da área cultivada. Esses locais podem ser as terras degradadas pela pastagem estabelecidas anteriormente, terras especuladas por grandes produtores da agricultura mecanizada ou podem ser florestas. Esse processo todo influencia indiretamente o desmatamento”, explica Elane. De acordo com dados levantados no estudo, atualmente a região amazônica segue uma orientação de ocupação dirigida pela produção extensiva da pecuária bovina e cultura da soja. Estes dois produtos, além de serem os principais motores do agronegócio brasileiro, detêm uma produção na ordem de 35% e 33% respectivamente em relação ao resto do País. Contrariando tais informações, os resultados da pesquisa de campo permitiram diagnosticar que a produção de soja em Humaitá está diminuindo em virtude de diversos fatores, como problemas fundiários nas regiões de campos naturais, dificuldades para obtenção de crédito, falta de licença de desmate, falta de escoamento da produção, entre outros.

Sobre a pesquisa

Projeto: A expansão da fronteira agrícola para o sul do Amazonas

Bolsista: Elane Conceição Oliveira

Orientador: Dr. Alexandre Rivas (UFAM)

Programa: Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (UFAM)

Fonte: Agência Fapeam

Ibama denuncia intimidação de fiscais em Rondônia, e secretário estadual nega

Luana Lourenço

Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Vilhena (RO) registraram queixa na Polícia Federal (PF) no município contra o secretário estadual de Desenvolvimento Ambiental, Augustinho Pastore, por intimidação.
De acordo com o Ibama, no depoimento à PF, os fiscais informaram que Pastore chegou à barreira montada pelo órgão perguntando pelo chefe da unidade, chegou a bater em uma das mesas e ordenou que os agentes parassem o trabalho de fiscalização. Pastore nega que tenha ido ao posto de fiscalização intimidar os agentes do Ibama.

Por telefone, ele disse à Agência Brasil que a intenção era “discutir a legalidade” da atuação do órgão na região. “São uns frouxos. Se eu intimidei é porque eles são muito moles. Não foi ameça, fui discutir com eles a legalidade das ações deles nas barreiras. Se discutir for ameaça...”, afirmou. Para o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, “foi um episódio lamentável”. Ele acrescentou: “Causa-nos estranheza porque o Ibama, como órgão federal de meio ambiente, tem respaldo na Constituição para uma ação de fiscalização em todo o país”.
Na avaliação do secretário Pastore, não cabe ao Ibama promover ações de fiscalização de madeira ilegal na região porque não há convênios ou acordos de cooperação técnica entre os governos do estado e federal nesse sentido. “Uma lei passou essa atribuição do governo federal para os estados”, argumentou. “A lei diz que se o estado for omisso o órgão federal pode agir. Não é o caso de Rondônia. Nós fazemos nossa lição de casa.”

De acordo com Montiel, do Ibama, a Lei de Gestão de Florestas não revoga e não exclui a competência de fiscalização do instituto, estabelecida pela Constituição Federal. “A gestão é concorrente, mas a fiscalização ambiental é comum. O Ibama nunca perde a atribuição de exercer uma ação fiscalizadora. Ele pode ver os artigos 23 e 24 [da Constituição]”, respondeu. O diretor acrescentou que a fiscalização federal pode ser compartilhada com os estados “desde que queiram participar”. Até o fim da tarde, Augustinho Pastore não havia sido notificado pela PF para prestar esclarecimentos sobre a denúncia.

Fonte: Agência Brasil

Embrapa preocupada com água do planeta

Juliana Freire

Na tentativa de gerenciar melhor o uso da água na agricultura, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Agência Nacional das Águas (ANA) assinaram, nessa terça-feira, dia 25, acordo de cooperação técnica que tem como principal tema o uso da água para irrigação.

A parceria visa unir as competências técnicas de cada instituição – as soluções tecnológicas para agricultura, desenvolvidas pela Embrapa, e a política da ANA de gestão das águas no Brasil. O acordo prevê ações que estimulem o conhecimento técnico-científico, no âmbito dos recursos hídricos, da irrigação, da agricultura, pecuária, silvicultura e demais áreas afins e contempla, ainda, áreas de desenvolvimento institucional, monitoramento ambiental, informática, instrumentação agrícola, zoneamento agroecológico e tecnologia de alimentos.

Segundo o presidente da Embrapa, Silvio Crestana, o Brasil é cada vez mais demandado por água, principalmente no que diz respeito à agricultura que produz alimentos, energia e fibras. “Nós temos dois desafios: fazer com que a prática da irrigação seja sustentável, com isso a importância de trabalhar com a ANA, e utilizar as boas práticas nas áreas de expansão da fronteira agrícola”, ressaltou. Crestana afirmou, ainda, o fato de a cooperação ser estratégica do ponto de vista ambiental e econômico. Para o presidente da ANA, José Machado, é um privilégio se aproximar institucionalmente da Embrapa para desenvolver ações que atendam aos interesses do país. “A atividade agrícola requer um consumo elevado de água e nem sempre esse consumo é sustentável. Daí a importância de unir esforços e avançar nessa questão do uso racional da água, desenvolvendo técnicas apropriadas, tanto para melhorar os solos, quanto para proteger os custos de água”, explicou.

Desde setembro do ano passado, as duas instituições discutem os principais pontos para a efetivação do acordo técnico e a possibilidade de contratos específicos firmados para determinadas atividades. Alguns grupos de trabalho já foram definidos a fim de atender áreas específicas como o Centro de Referência de Irrigação, Zoneamento Agroecológico, Produtor de Água e Agritempo. Pretende-se, ainda, disponibilizar na internet um banco de dados para processar todas as informações sobre o tema, possibilitando que outros órgãos incorporem seus dados.

Irrigação no Brasil

No País, há cerca de 3,5 milhões de hectares irrigados, o que corresponde a cerca de 6% da área plantada. Porém, o Brasil tem um potencial de mais de 20 milhões de hectares irrigáveis. A irrigação é capaz de potencializar o desenvolvimento agrícola, permitindo grandes produções sem implicar, necessariamente, expansão da área de cultivo. Atualmente, é responsável por mais de 16% da produção e por 35% do valor econômico total gerado pelo setor agrícola. No Rio Grande do Sul, por exemplo, medidas têm sido adotadas para racionalizar o uso da água nas lavouras de arroz irrigado. Em 1960, eram necessários 5,7 mil litros de água para produzir 1kg de arroz; hoje, muitos produtores conseguem a proporção de mil litros de água para cada quilo de arroz.

Dia Nacional da Água

A assinatura do acordo técnico entre Embrapa e ANA celebra o Dia Nacional da Água, instituído dia 22 de março. Comemorado em todo o Brasil, o dia ganhou destaque no Senado Federal que abriu a Semana da Água, no dia 18, e na Câmara dos Deputados que segue com uma programação até o dia 28. O Dia Nacional da Água foi instituído por meio da Lei 10.670 de 14 de maio de 2003, e passou a ser comemorado no dia 22 de março de cada ano, simultaneamente à data mundial. A instituição do Dia Mundial da Água ocorreu no Rio de Janeiro, com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como Eco 92.
Em 22 de dezembro daquele ano, a Assembléia Geral da ONU, por meio da Resolução 47/193 declarou que no dia 22 de março de cada ano, a partir de 93, seria celebrado o Dia Mundial da Água. A decisão do organismo internacional baseou-se nas recomendações contidas no capítulo 18 da Agenda 21, referentes a recursos hídricos.

Fonte: Embrapa

Desenhos Disney contêm 'mensagem ambiental secreta'

O veado Bambi, o peixinho Nemo e o urso Balú são mais do que personagens fictícios para agradar crianças e adultos - são, na verdade, pioneiros da conscientização para a preservação do meio ambiente, de acordo com um acadêmico da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha.

David Whitley diz em seu livro The Idea Of Nature In Disney Animation (A Idéia de Natureza nos Desenhos Disney) que as estórias vividas por estes personagens na tela têm ajudado sucessivas gerações de crianças a desenvolver "uma consciência crítica de questões ambientais" desde Branca de Neve, em 1937. Eles são "heróis não reconhecidos do lobby verde" e, longe de oferecerem apenas escapismo, os personagens trazem mensagens importantes sobre nosso relacionamento com a natureza, afirma Whitley. "Os filmes da Disney são criticados com freqüência por não terem autenticidade e se curvarem ao gosto popular, em vez de desenvolverem a animação de uma forma que provoque maior reflexão", diz Whitley. "Se você consegue aceitar seu sentimentalismo, é possível ver que estes filmes estão dando às jovens audiências uma arena cultural dentro da qual questões ambientais sérias podem ser encenadas e exploradas", conclui o acadêmico.

A preservação é tão central em Bambi, por exemplo, que o filme é tido como o inspirador de muitos ativistas pelo meio ambiente, em tenra idade, na década de 60, de acordo com o acadêmico. Segundo ele, Branca de Neve e Cinderela são, para as crianças, modelos de proteção à fauna e atenção com a natureza que as cerca.

Acompanhando os tempos

Mas o tom dos filmes mudou sutilmente ao longo das décadas, segundo o autor. No período de 1937 a 1967, sob a direção do próprio Walt Disney, as primeiras produções de Branca de Neve, Cinderela, Bambi e A Bela Adormecida, têm na natureza um refúgio idílico, vulnerável à incursão de uma civilização decadente e ameaçadora. Animais amistosos tornam-se aliados de heróis e heroínas. O mundo selvagem é visto como um lugar de renovação, onde os personagens centrais passam por um processo de auto-descoberta. Whitley diz que os jovens espectadores da época eram encorajados a participar da natureza e a protegê-la, como seus heróis nos filmes. Produções mais recentes, lançadas entre 1984 e 2005 - depois que Michael Eisner passou a presidir os Estúdios Disney - têm uma abordagem um pouco diferente, sugerindo que a humanidade e a natureza podem coexistir se as pessoas respeitarem a fauna e perceberem seu lugar na ordem natural.

Longas-metragens como Procurando Nemo, de 2003, são mais complexos que os desenhos mais antigos, acompanhando o sentimento predominante em sua época. O filme sobre um peixe que procura seu filhote perdido é qualificado por Whitley como "uma fábula para o nosso tempo", pois dramatiza as atitudes contraditórias e os sentimentos despertados em nossa interação com a natureza. Segundo o autor, em Mogli, o Menino Lobo (1967), O Rei Leão (1994) e Procurando Nemo, o ambiente é mais exótico e os seres humanos tendem a não restaurar a ordem do mundo natural, mas a serem, eles mesmos, uma parte desse mundo.

Fonte: BBC Brasil

Audiência pública debate transgênicos e CTNBio

As comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados promovem audiência pública nesta quinta-feira (27), às 10h, para discutir a questão da transgenia e a atuação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). As audiências foram solicitadas pelos deputados Paulo Piau (PMDB-MG) e Beto Faro (PT-PA).

Para Piau, a CTNBio enfrenta dificuldades no desempenho de suas atividades. Já Beto Faro quer debater os pareceres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apresentados ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNB), e contrários à autorização do cultivo e da comercialização, em território nacional, das variedades de milho geneticamente modificadas Liberty e MON 810. Estão convidados para debater o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes; o presidente da CTNBio, Walter Colli; o diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana; o reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Carlos Sigueyuki Sediyama; o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fábio de Salles Meirelles; o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, e o o presidente do Ibama, Bazileu Alves Margarido Neto.

Fonte: Agência Câmara

IPCC: previsões do clima dependem de troca de dados

Especialistas da ONU disseram hoje que a possibilidade de contar com boas previsões climáticas e alertas prévios diante de eventuais desastres naturais depende de que todos os países, não só os mais ricos, gerem e troquem informações meteorológica de qualidade com o resto do mundo.

O presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Rajendra Pachauri, afirmou que o único modo de garantir previsões adequadas e com antecedência suficiente é contar com dados provenientes de diferentes partes do planeta "em tempo real".
Em entrevista coletiva oferecida por ocasião do Dia Mundial da Meteorologia, celebrado no domingo, o cientista ressaltou que as previsões são cruciais para a tomada de decisões em áreas vitais. Para ilustrar sua afirmação, Pachauri disse que os estudos realizados pelo IPCC - vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2007 - mostram que a produção agrícola diminuirá até 50% em algumas regiões da África até 2020, e que entre 75 e 250 milhões de pessoas nesse mesmo continente terão sérias dificuldades de acesso à água.

Segundo o presidente do Painel, em uma situação como esta é vital saber quais áreas serão afetadas por tais problemas e em que magnitude, para que as melhores decisões sejam tomadas.
"É fundamental entender a importância do lema deste Dia Mundial da Meteorologia - ''Observar nosso planeta para um futuro melhor'' - já que, se o monitoramento não melhorar, não haverá previsões adequadas e também não será possível entender de fato as implicações da mudança climática". O secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Michel Jarraud, sustentou que, apesar dos "enormes progressos tecnológicos nos sistemas de observação, mais esforços são necessários" para que os países com menos recursos possam usufruir de tais avanços. Jarraud enfatizou que as informações meteorológicas influem em praticamente todas as atividades humanas e setores econômicos.

Segundo dados da OMM, 90% dos desastres naturais nos últimos 25 anos foram relacionados a chuvas. O presidente da entidade disse que embora "seja impossível impedir que ocorram, é possível fazer melhores previsões e emitir alertas prévios baseados em observações apropriadas". Jarraud ressaltou que já existe a tecnologia para tornar isso possível, mas "é necessário melhorar sua transferência" aos países que não contam com ela e capacitar seus especialistas para utilizá-la. O chefe da OMM reconheceu que o monitoramento meteorológico é melhor nos países industrializados, motivo pelo qual é preciso fazer um esforço maior em favor daqueles Estados com menos recursos, particularmente os da África e da Ásia. Jarraud explicou que as redes de observação são mais densas sobre os continentes do que sobre os oceanos, onde ilhas e navios são usados como bases.

O presidente da organização explicou que tal prática se mostra insuficiente, de modo que os dados meteorológicos sobre os oceanos são complementados com informações de satélites.
Ao se referir às possíveis reservas de alguns países para compartilharem informações, Jarraud afirmou que existe uma "forte tradição de troca de dados que vai além de qualquer divisão política". "Nenhum país pode fazer uma previsão do tempo se não contar com observações de outros países. Ninguém pode ser auto-suficiente", concluiu o presidente da OMM.

Fonte: EFE

Boto usa galhos e pedras para 'cortejar' fêmeas, diz estudo

Cientistas observaram comportamento em três anos de estudos na Amazônia.

O boto da Amazônia usa galhos, folhas e pedras de argila para cortejar as fêmeas e espantar rivais, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e britânicos publicado na revista especializada Biology Letters.

Os cientistas observaram os machos adultos da espécie carregando esses objetos enquanto estavam cercados por fêmeas, e jogando-os contra a superfície da água de forma agressiva. No artigo, os biólogos do Projeto Boto afirmam que este comportamento nunca foi antes observado em nenhum mamífero que viva no mar ou em rios. O boto vive na região amazônica e acredita-se que seu número esteja em declínio.

Pesquisa anglo-brasileira

O grupo de pesquisadores brasileiros e britânicos estudou o comportamento único dos botos durante três anos na Reserva Mamirauá de Desenvolvimento Sustentável, na Amazônia. "Você vê eles vindo com pedaços de madeira e de pedras de modo muito ritualístico", disse Tony Martin, da Unidade de Pesquisas de Mamíferos Marítimos da Universidade de St. Andrews, na Escócia, um dos coordenadores do projeto. "Com freqüência eles subiam lentamente acima da superfície do rio em uma postura vertical, segurando as coisas em sua boca, e então afundavam, girando em torno de seu próprio eixo." "Eles atiravam os galhos e folhas contra a superfície, e parece que a movimentação é para impressionar as fêmeas; mas ao mesmo tempo, há bastante agressividade entre os machos adultos, e temos que deduzir que (o comportamento) é parte disso."

O grupo liderado pelo biólogo estabeleceu que o hábito de carregar pedras e atirar galhos contra a água é praticamente exclusivo dos machos adultos, e que eles exibem esse comportamento com mais frequência quando há várias fêmeas presentes.

Sofisticação

Segundo os cientistas, a utilização de objetos com função sócio-sexual entre os mamíferos aquáticos é uma novidade. "Eu ingenuamente imaginei que este tipo de coisa era visto entre outras espécies mamíferas", disse Martin. "Mas fiquei bastante surpreso quando consultei amigos e colegas, e parece que apenas os chimpanzés fazem algo parecido - e é muito menos sofisticado." Não está claro como e por que os botos desenvolveram o comportamento, mas, como os cetáceos se comunicam com sons, parece provável que o uso dos objetos possa vir a ter impacto auditivo sobre as fêmeas ou sobre os machos rivais.

Os golfinhos de rio - como os botos - estão entre as espécies de cetáceos mais ameaçadas; o baiji, uma espécie nativa do rio Yang Tsé, na China, pode ter se tornado extinta nos últimos dois anos, enquanto se acredita que a população de golfinhos cegos do rio Indo, no sul da Ásia, esteja no nível de três mil. Em comparação com essas essas espécies, o boto da Amazônia está em boa situação. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) sugere "que há, provavelmente, dezenas de milhares de botos ao todo". Mas o futuro não parece seguro. A Lista Vermelha conclui que o boto está ameaçado por represas (que causam fragmentação de seu habitat) e poluição dos rios, como a causada pelo mercúrio usado em mineração de ouro. "Com o aumento das populações humanas na Amazônia e Orinoquia (na bacia do Rio Orinoco), o conflito entre pescadores e golfinhos deve, certamente, se intensificar", afirma a IUCN.

O Projeto Boto afirma que, cada vez mais, pescadores estão usando carne de golfinho como isca para o piracatinga, um peixe que se alimenta normalmente de animais mortos. Os cientistas do projeto encontram botos mortos com freqüência, seja por arpões, ou presos em cordas. "Nós perdemos metade dos animais de nossa área de estudo em apenas cinco anos", disse Tony Martin. "Eles podem ser numerosos agora, mas estão em declino rápido e não conseguimos ver o fim disto."

Fonte: Globo.com

Estação Ecológica realiza fórum sobre educação ambiental e cidadania

A Estação Ecológica da UFMG realizará, de 28 a 30 de março, o II Fórum de Discussão em Unidades de Conservação: Educação Ambiental e Cidadania. O evento será em Simonésia, na Zona da Mata mineira, a 320 quilômetros de Belo Horizonte. O objetivo é promover a troca de conhecimentos na área de agroecologia e produção orgânica entre a Estação, professores de escolas públicas locais e trabalhadores rurais da cidade.

A programação tem oficinas, visitas técnicas e palestras com integrantes da equipe da Estação Ecológica e professores da UFMG ligados à temática de ocupação ambiental, ecologia e mobilização social. Durante o fórum, será apresentado, ainda, o espetáculo Gaia, que trata da questão ambiental.Ainda há vagas para inscrições, que devem ser feitas pelos telefones (31) 3409-2295 e 3409-2296, em Belo Horizonte, ou (33) 3336-1318, em Simonésia. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail eeco@reitoria.ufmg.br.

Fonte: UFMG

Conhecer o inimigo

Fábio de Castro

Ao estudar o genoma do Plasmodium falciparum, o parasita causador da malária, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que o protozoário tem quatro receptores serpentina e, por conta disso, é capaz de identificar sinais do meio exterior.
Fundamentais para o ciclo de vida do parasita, esses receptores são um alvo privilegiado para a produção de novos fármacos. O estudo, resultado de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP, foi publicado na edição desta quarta-feira (26/3) da revista de acesso aberto PLoS One.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a malária infecta de 300 milhões a 500 milhões e mata pelo menos 1 milhão de pessoas todos os anos, principalmente em países pobres. Até hoje, não existe vacina para a doença.

Segundo Célia Garcia, autora principal do estudo e professora do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências (IB) da USP, uma série de questões em aberto sobre a biologia do parasita impede o desenvolvimento de uma vacina. “Uma das questões fundamentais – não apenas para esse parasita, mas para qualquer outro organismo – é saber de que forma ele identifica um sinal do meio exterior, como a presença de um hospedeiro, por exemplo. Entender como o Plasmodium utiliza essa capacidade em seu benefício pode ser a chave para criar novos antimaláricos”, disse à Agência FAPESP.

Segundo a cientista, o parasita pode, por exemplo, utilizar o sinal da presença do hospedeiro para modular seu ciclo de vida. “Se formos capazes de controlar no parasita os mecanismos moleculares de transdução de sinal – o processo pelo qual as células se comunicam com o meio – poderemos compreender como ele obtém tanto sucesso, causando tantas mortes”, explicou. Os receptores serpentina são amplamente empregados na indústria para identificar novos fármacos. “Isso porque, ao conhecer o ligante, podemos impedir que o parasita faça essa interação com o meio, que é vital para ele”, disse Célia. Em todos os organismos, os receptores serpentina são moléculas capazes de identificar ligantes extracelulares. No entanto, a presença deles no genoma do parasita ainda não havia sido confirmada. “Havia uma polêmica em torno da presença do receptor serpentina no protozoário. A literatura internacional incluía dois artigos absolutamente conflitantes: um negava a existência do receptor no parasita, enquanto o outro identificava 46 candidatos. Nosso trabalho consistiu em analisar o genoma e comprovar a presença do receptor”, destacou.

Apenas dois dos 46 candidatos a receptores serpentina mencionados na literatura, no entanto, correspondia às quatro proteínas identificadas pelos pesquisadores da USP: PfSR1, PfSR10, PfSR12 e PfSR25. “Nosso desafio foi decifrar o genoma funcional do Plasmodium. Como não havia homologia, em vez de procurar o gene usamos outra ferramenta: procuramos por proteínas com o padrão de sete domínios transmembrânicos, que é uma assinatura da presença do receptor serpentina”, disse.

Desarmar o parasita

Segundo a professora do IB-USP, o artigo coroa um trabalho feito no laboratório há mais de dez anos, cujo objetivo era provar que o parasita é capaz de perceber o ambiente. “Tínhamos diversas publicações sugerindo que o parasita possuía uma maquinaria complexa para a transdução de sinal – achávamos que o Plasmodium era capaz de regular a passagem de um estágio celular para o seguinte, utilizando um segundo mensageiro. Nosso estudo mostra que essa maquinaria de fato existe e é muito sofisticada”, afirmou. Além de abrir perspectivas para a produção de novos fármacos, o trabalho, de acordo com Célia, também representa um desafio técnico. “Agora, temos muito trabalho pela frente: precisamos identificar os ligantes para esses receptores. Com isso, aprenderemos a desmontar a principal arma do parasita, que é ter um receptor para sentir o ambiente”, disse. O desafio é o tema de um novo Projeto Temático, coordenado por Célia e que prosseguirá até o fim de 2011.

O artigo Genome-wide detection of serpentine receptor-like proteins in malaria parasites , de Célia Garcia e outros, pode ser lido em www.plosone.org.

Fonte: Agência Fapesp

terça-feira, 25 de março de 2008

Estudos preparam para gestão de áreas contaminadas

Suelene Gusmão

O Departamento de Qualidade Ambiental (DQA) do Ministério do Meio Ambiente promove nos dias 27 e 28 deste mês, no Torre Palace, em Brasília, o seminário Programa Nacional para o Gerenciamento Integrado de Áreas Contaminadas. O encontro é destinado a representantes de órgãos do governo, entidades ligadas ao meio ambiente, sindicatos afins e ao setor acadêmico. Ele tem como objetivo apresentar cinco estudos preparatórios, realizados pelo MMA, que servirão de subsídio para a elaboração de programa nacional para a gestão destas áreas.
O primeiro dia do evento será destinado à apresentação dos estudos, seguida de debates. No dia (28) haverá a apresentação de mais duas palestras e trabalho em grupo dos participantes do seminário.

Na abertura do evento, a gerente de Resíduos Perigosos e Tecnologias Limpas do DQA, Taís Pitta Cotta, vai falar sobre o projeto-base que resultou nos estudos a serem apresentados durante o seminário. Em seguida, às 11h, o consultor Sérgio Ogihara apresenta a palestra "Proposição de Metodologia para o Desenvolvimento do Inventário Nacional de Áreas Contaminadas".

No período da tarde, às 14h, será a vez de um representante da Arcadis Hidro Ambiente falar sobre o tema: "Desenvolvimento de critérios para o estabelecimento de uma lista nacional de Áreas Contaminadas Prioritárias". Às 15h, Adriana Tinoco Vieira Fixel apresenta a palestra "Avaliação do Arcabouço Legal como Subsídio ao Estabelecimento de um Fundo Ambiental para Financiamento de Iniciativas para a Remediação e Revitalização de Áreas Contaminadas". A palestra "Avaliação de Mecanismos e Ferramentas Financeiras Usadas em Outros Países para a Implementação de Fundos Ambientais para Tratamento de Áreas Contaminadas", a ser proferida por representante da ICF Consultoria encerra o primeiro dia do encontro.

No segundo dia (28), às 9h, será mostrado o estudo, que é uma Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e que trata do Estabelecimento de Padrões para Descontaminação de Áreas Contaminadas. A Resolução discorre sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo e diretrizes para o gerenciamento de áreas contaminadas por substâncias químicas decorrentes de atividades antrópicas. A palestrante será a coordenadora do Grupo de Trabalho, Zilda Maria Faria Veloso, do Ibama. Às 10h, o consultor Jean Carlos Padilha fala sobre as perspectivas para a elaboração do Programa Nacional para o Gerenciamento de Áreas Contaminadas.

Fonte: MMA

Governo de Mato Grosso alega que Inpe errou em dados sobre desmatamento

Marco Antônio Soalheiro

Um relatório produzido pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) de Mato Grosso sustenta que em 89,98% dos pontos verificados em campo e apontados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) como alvo de desmatamento no estado nos últimos meses de 2007, não ocorreu corte raso de vegetação (confira ao lado a íntegra do relatório).

Segundo a Sema, as informações do Inpe com base no sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) não são confiáveis para a comparação de dados estatísticos de desmatamento. “Os dados disponibilizados pelo Inpe para a comunidade brasileira carecem de aferição em campo, pois os pontos Deter inspecionados em campo revelaram, em sua quase totalidade, ser de áreas que não sofreram corte raso [desmatamento] no período apontado pelo Deter”, afirma a Sema no relatório.

A Secretaria de Comunicação do governo de Mato Grosso informou que o governador Blairo Maggi só irá se pronunciar sobre o relatório após conversar sobre os dados com o presidente da República, o que, segundo o órgão, deve ocorrer nos próximos dias. A Sema alega que, em 2007, o período seco em Mato Grosso se estendeu, o que provocou o agravamento e o alongamento das queimadas e incêndios florestais. Isso, segundo a secretaria, pode ter induzido o sistema Deter a entender que o desmatamento se acentuou no fim de 2007: “Grande parte dos pontos Deter (46,53%) apresenta vestígios de queimada, o que corrobora a tese de íntima ligação entre a estiagem, as queimadas e os incêndios florestais como fator limitante para a detecção de desmatamentos no estado de Mato Grosso no período de setembro a outubro de 2007”.

No processo de checagem dos dados do Inpe, a Sema diz que usou o conceito de desmatamento enquanto supressão total da vegetação nativa com objetivo de uso alternativo do solo (corte raso). A secretaria relata terem sido fiscalizados por uma equipe de 49 técnicos 662 pontos em 51 municípios, 19 deles presentes na lista do Ministério do Meio Ambiente, entre os 36 que mais desmataram a Amazônia em 2007. Para a Sema, a averiguação em campo invalida qualquer tese de aumento do desmatamento no estado no fim de 2007: “Mantêm-se, portanto, como válidas as taxas decrescentes apresentadas pelo Prodes [Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia] nos últimos três anos para o estado de Mato Grosso.” A reportagem tentou entrar em contato, na noite de ontem (24), com o secretário de Meio Ambiente do Mato Grosso, Luiz Henrique Daldergan, por telefone celular, mas não obteve sucesso.

Fonte: Agência Brasil

Projeto beneficia agricultores familiares de Minas Gerais

Os agricultores familiares das comunidades rurais de Carrancas (MG) serão os principais beneficiados do Projeto Estudo e Implantação Participativa de Tecnologias Permaculturais e Agroecológicas na Agricultura Familiar. O projeto de extensão universitária será lançado hoje (25), em Carrancas (MG). Participam do lançamento o diretor de Programas Temáticos e Setoriais do CNPq, José Oswaldo Siqueira; o secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Adoniram Peraci; o secretário de Combate à Fome do Ministério de Desenvolvimento Social, Onaur Ruano; o gerente da Unidade Regional de Lavras da Emater, Marco Antônio Canestri; além de representantes da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Com duração de 24 meses, o projeto é uma das 83 pesquisas aprovadas pelo edital do CNPq ( que selecionou propostas de extensão tecnológica inovadoras para agricultura familiar).

O apoio aos projetos é resultado de uma parceria entre o CNPq/MCT, Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), um investimento de R$ 13,2 milhões.O projeto é baseado nos princípios e éticas da permeacultura, da agroecologia e da extensão. Adota tecnologias e instrumentos inovadores de transformação e pretende assegurar a qualidade de vida das famílias, estimular e potencializar a produção de alimentos sadios, além de ampliar e qualificar a oferta de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) local.

Fonte:Assessoria de Comunicação Social do CNPq

Debate aborda cobertura da mídia sobre febre amarela

A Fiocruz/Brasília promove nesta quarta-feira (26), às 9h, a mesa-redonda As relações da saúde pública com a imprensa: o caso da febre amarela, que debaterá a cobertura jornalística dos recentes casos da doença. Participarão o jornalista do Observatório da Imprensa, Venício Lima, a editora do caderno Cidades do Correio Braziliense, Samanta Sallum, a diretora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, Glória Teixeira, e o presidente da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, José Carvalheiro.

O evento dá continuidade a uma série de seminários promovidos pela Fiocruz/Brasília sobre temas de saúde pública em voga na mídia e nos meios acadêmicos e científicos. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo sítio da Fiocruz-Brasília. O seminário será realizado no auditório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), no setor de Embaixadas Norte, lote 19 D. Mais informações pelos telefones (61) 3340-5810 e (61) 3347-4514.

Fonte: Fiocruz

ONU prevê mais dificuldade para acordo sobre clima

Roberto do Nascimento

O principal executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima (UNFCCC), Yvo de Boer, afirmou durante encontro em Copenhague para discutir o mercado de carbono e suas tendências para no curto prazo e além 2012 que a grande dificuldade de negociar um acordo global entre 190 ou mais países para o período pós-2012 será a adoção de metas obrigatórias pelos principais países emergentes, como Brasil, China e Índia. Para De Boer, a dificuldade não estará em conseguir chegar a um acordo, mas a algo que possa ser ratificado pelos membros por todos os países. O especialista em vendas de crédito de carbono do ABN Amro Real, Maurik Jehee, destaca que o atraso na ratificação foi um dos maiores problemas do atual acordo, o Protocolo Kyoto.

De acordo com o boletim do Real, o executivo do UNFCCC considera ser mais fácil que os Estados Unidos assumam o compromisso com reduções significativas de emissões de gases que provocam as mudanças climáticas do que alcançar um acordo sobre as metas para os países emergentes. Segundo De Boer, reduções obrigatórias dos emergentes não são "nem realistas, nem alcançáveis". Se paises como Índia, China (e provavelmente Brasil) não realizarem reduções verdadeiras, dificilmente o acordo será ratificado pelos países industrializados. O espaço de manobra para se chegar a um eventual acordo é limitado. O encontro de Copenhague deixou claro também que os projetos de desenvolvimento limpo deverão enfrentar critérios ainda mais rígidos para comprovar que estão contribuindo para a redução das emissões, a chamada adicionalidade. Como exemplos foram dados os projetos de energia renovável (eólica e de grandes hidrelétricas) na China, informam Jehee e Desiree Hanna, responsáveis pelo boletim do Real. "Existe um plano nacional de investir significativamente em energia eólica, para suprir a demanda crescente de energia na China, que não pode ser alcançada com o carvão somente, apesar de ser mais barato", afirmam.

"Vamos ficar de olho nas próximas reuniões, porque se a tendência se confirmar, obviamente pode haver um impacto para projetos brasileiros também. Sabemos que a maioria dos projetos de energia renovável no mundo tem seu retorno interno elevado com a venda de crédito de carbono, mas comprovar que o projeto somente existe graças ao MDL é obviamente bem mais difícil." Foram mencionados ainda outros critérios socioambientais, como as restrições para projetos de reflorestamento e hidrelétricas acima de 20 MW. Critérios mais rígidos da Comissão Européia ou impossibilitam ou dificultam a venda de reduções certificadas de carbono desses projetos na Europa. "É um direito de cada membro definir critérios adicionais, mas obviamente do ponto de vista do mercado seria mais eficiente se todos os critérios fossem alinhados e definidos no âmbito da UNFCCC", observam.

Fonte: DiárioNet

Seis ativistas do Greenpeace são detidos na Nova Zelândia

Seis ativistas do Greenpeace que tentaram impedir hoje que uma embarcação carregada de carvão zarpasse do porto neozelandês de Lyttelton foram detidas por ordem das autoridades portuárias, informa a imprensa local. Um porta-voz do Greenpeace afirmou que a ação foi um sucesso do ponto de vista de chamar a atenção internacional sobre o aumento do número de cargueiros de carvão e a atitude do Governo da Nova Zelândia, apesar de seu objetivo de evitar que a embarcação zarpasse ter fracassado.

O "Rainbow Warrior II", a embarcação do Greenpeace, participou da operação e se colocou em frente ao navio carregado com 60.000 toneladas de carvão pertencentes à empresa estatal neozelandesa Solid Energy. O Greenpeace realiza uma campanha internacional contra o aquecimento global, o que inclui a promoção do uso de energias limpas e a denúncia das que produzem o efeito estufa, como o carvão.

No dia 10 de julho de 1985, os serviços secretos franceses afundaram o primeiro "Rainbow Warrior" na baía de Auckland, antes de um protesto contra os testes nucleares que a França realizava nessa ilha do Pacífico sul.

Fonte: EFE

Engenheiro usa bambu, areia epedra em tratamento de esgoto

Um método para tratamento de esgotos e obtenção de água para reúso, utilizando filtro anaeróbio preenchido com anéis de bambu, combinado com filtro de areia e reator de desnitrificação, foi pesquisado pelo engenheiro químico Adriano Luiz Tonetti. O sistema, destinado a pequenas comunidades e avaliado quanto a parâmetros físicos, químicos e biológicos, originou tese de doutorado que acaba de ser apresentada ao Departamento de Saneamento e Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp. Tonetti foi orientado pelos professores Bruno Coraucci Filho e Roberto Feijó de Figueiredo.

Efluente pode ser usado para vários fins

O trabalho se reveste de importância quando se sabe que cerca de 50% dos municípios brasileiros não contam com saneamento básico. Mesmo nos centros urbanos que o mantêm, as distâncias não permitem que chegue à área rural ou a núcleos populacionais mais afastados constituídos de bairros e condomínios. A dispersão das moradias na zona rural, onde vivem mais de trinta milhões de habitantes, dificulta também a instalação de métodos convencionais de tratamento de esgotos. Embora principalmente a partir dos anos 90 os serviços de saneamento básico tenham sido ampliados para cidades com mais de 300 mil habitantes, nos agrupamentos urbanos menores é crônica a deficiência sanitária. Na maioria dos casos, os dejetos são lançados in natura no ribeirão mais próximo ou escorrem pelo arruamento, comprometendo corpos hídricos e a saúde dos moradores.

Com base nessas constatações, Tonetti considera importante desenvolver sistemas de tratamento baratos e acessíveis a comunidades carentes com baixo poder aquisitivo. Ele lembra que desde 1996 a Unicamp vem realizando pesquisas nesse sentido. Um dos sistemas estudados é o do tratamento de esgotos sanitários por filtros anaeróbios (em que não há a presença de oxigênio livre) com enchimento de bambu, de baixo custo e pouca demanda de energia, mas que não realiza a remoção de nutrientes e matéria orgânica de forma suficiente e, por isso, exige um pós-tratamento para o efluente. Essa limitação levou o grupo de pesquisa a introduzir um filtro de areia após o filtro anaeróbio, de instalação e operação simples e manutenção mínima e que conduz a resultados que atendem à legislação vigente.

Mesmo assim, ao final do processo havia grande geração de nitratos provenientes das transformações verificadas nos estágios anteriores e que, se presentes acima de determinados limites, comprometem os sistemas hídricos. Este problema foi solucionado ao adicionar ao conjunto um terceiro reator, também de grande simplicidade construtiva e operacional, que transforma parte dos nitratos em gás nitrogênio, pouco solúvel em água e liberado para a atmosfera em que constitui 78% do ar respirado. Estava construído um sistema simplificado para o tratamento de esgotos de pequenas comunidades, composto por três estágios. No primeiro, um filtro anaeróbio com recheio de bambu em que os microorganismos que se desenvolvem na superfície do bambu se alimentam dos compostos orgânicos e nutrientes contidos no esgoto. No segundo estágio, um filtro de areia em que os contaminantes orgânicos são depurados pelos microorganismos em processo aeróbio e dão origem a gás carbônico e água, e os compostos nitrogenados, na forma orgânica e amoniacal, se transformam em nitratos.

Finalmente, o reator que contém pedra brita e é responsável por transformar parte significativa dos nitratos em nitrogênio. O efluente que resulta do tratamento pode ser utilizado na descarga sanitária, lavagem de calçadas, jardinagem, irrigação ou descartado nos cursos d’água, após uma simples desinfecção.

Fonte: Jornal da Unicamp

Compensação indesejada

Mais um efeito danoso do aumento da poluição acaba de ser destacado em um novo estudo. A pesquisa indica que à medida que aumentam os níveis de dióxido de carbono as plantas se tornam mais vulneráveis ao ataque de insetos.

Segundo o trabalho, feito por cientistas argentinos e norte-americanos, a elevação do dióxido de carbono afeta um componente importante no sistema de defesa das plantas. Os resultados estarão em artigo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). Os autores ressaltam que a combinação entre deflorestamento e queima de combustíveis fósseis promoveu um grande aumento nos níveis de dióxido de carbono desde a segunda metade do século 18. “Atualmente, o CO2 na atmosfera está em cerca de 380 partes por milhão. No início da Revolução Industrial, era de 280 partes por milhão e havia permanecido ali por pelo menos 600 mil anos, provavelmente muitos milhões de anos”, disse Evan DeLucia, chefe do Departamento de Biologia de Plantas da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign e um dos autores do estudo.

Participaram também pesquisadores da Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires. DeLucia lembra que as atuais previsões é de que os níveis chegarão a 550 partes por milhão até 2050 – ou até antes, a depender da acelerada industrialização de países em desenvolvimento como China e Índia. O estudo usou as instalações do Soybean Free Air Concentration Enrichment, em Illinois, espécie de laboratório ao ar livre que permite expor plantas a diferentes níveis de dióxido de carbono ou ozônio sem ter que isolá-las de outras influências ambientais, como chuva, luz solar ou insetos. Sabe-se que níveis atmosféricos elevados de CO2 contribuem para acelerar a taxa de fotossíntese e aumentar a proporção de carboidratos relacionados ao nitrogênio nas folhas. Ou seja, em teoria estimulariam um maior crescimento nas plantas.

O problema é que a alteração da proporção normal entre carbono e nitrogênio faz com que os insetos comam mais folhas. No estudo, feito em soja, as plantas na área de teste exibiram mais sinais de danos causados por diversas espécies de insetos em suas folhas do que em outras áreas. Os pesquisadores verificaram ainda que insetos em plantas de soja submetidas a maiores níveis de dióxido de carbono viveram mais e, como conseqüência, se reproduziram mais. O mesmo não ocorreu com insetos submetidos à dieta com mais açúcar, que os autores usaram como comparação. O grupo responsável pelo estudo voltou a atenção para os caminhos de sinalização hormonal das plantas, especialmente para os componentes químicos específicos que elas produzem para evitar o ataque de insetos. Quando insetos comem folhas, algumas plantas como a soja produzem ácido jasmônico, um hormônio que inicia uma cadeia de reações químicas nas folhas que aumenta a capacidade de defesa.

Normalmente, essa seqüência de efeitos leva à produção de altos níveis de um composto chamado de inibidor de protease, uma enzima que, ao ser ingerida por um inseto, inibe a capacidade de digerir folhas. “Descobrimos que as folhas que crescem sob altos níveis de CO2 perdem a capacidade de produzir ácido jasmônico. O caminho de seu sistema defensivo se desliga e as folhas não conseguem mais se defender adequadamente”, disse DeLucia. “Os resultados indicam que eventuais aumentos na produtividade da soja devido à elevação dos níveis de CO2 podem ser reduzidos pelo aumento à suscetibilidade a pragas”, destacaram os autores no artigo.
O artigo Anthropogenic increase in carbon dioxide compromises plant defense against invasive insects, de May Berenbaum e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

Fonte: Agência Fapesp

Comissão de Mudanças Climáticas poderá debater impactos do aquecimento na Antártida

Iara Guimarães Altafin

A Comissão Mista de Mudanças Climáticas realiza reunião nesta quinta-feira (27), às 10h30, para votar requerimentos e tratar de questões administrativas. Conforme informações da assessoria do senador Renato Casagrande (PSB-ES), relator do colegiado, o parlamentar deverá submeter à comissão proposta para realização de um ciclo de debates sobre os impactos do aquecimento global na Antártida. Em janeiro, Casagrande integrou comitiva que visitou a base brasileira Comandante Ferraz, naquele continente.

A comissão, criada em março de 2007, teve sua vigência prorrogada até junho próximo, com o objetivo de encaminhar as sugestões contidas no relatório final de Casagrande, apresentado em dezembro. No texto, o senador destaca a necessidade de ampliação das medidas de combate ao desmatamento ilegal e afirma que 75% das emissões brasileiras de gases de efeito estufa decorrem de desmatamentos e queimadas. Visando buscar medidas para reduzir o problema, os parlamentares realizaram audiência pública com autoridades e especialistas no último dia 6. Os oito projetos de lei reunidos no relatório de Casagrande, propondo mudanças na legislação ou criando novos ordenamentos jurídicos, foram enviados às Mesas da Câmara e do Senado. Entre as medidas propostas, está a que trata da regulamentação dos certificados da redução das emissões, medida essencial para incentivar o mercado brasileiro de créditos de carbono.
A Comissão Mista de Mudanças Climáticas é presidida pelo deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) e tem como vice-presidente o senador Magno Malta (PR-ES).

Fonte: Agência Senado

segunda-feira, 24 de março de 2008

Bolsa Floresta deve ser ampliado em ação conjunta entre governo e ONGs

Amanda Mota

O governo do Amazonas e organizações não governamentais querem ampliar o programa Bolsa Floresta. Esta semana, na capital amazonense, o assunto foi tema de análise durante o Seminário Impactos das Mudanças Climáticas sobre Manaus e a Bacia do Rio Negro, promovido pelo Instituto Socioambiental (Isa).Criado em em junho do ano passado, na mesma ocasião em que foi sancionada a Lei Estadual de Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento, o Bolsa Floresta prevê uma remuneração mensal de R$ 50 aos moradores de Unidades de Conservação Estadual cadastrados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).

Os beneficiários da bolsa não podem, em suas atividades de subsistência, prejudicar o meio ambiente amazônico e devem contribuir para a manutenção das áreas de floresta. Segundo dados da secretaria estadual, atualmente existem duas mil famílias cadastradas pelo Bolsa Floresta, mas a meta é chegar a oito mil famílias até o fim deste ano.Além dos recursos repassados aos moradores das unidades de conservação estaduais, existe também a previsão de implementação de outros dois tipos de bolsa floresta nos próximos meses.

Trata-se do Bolsa Floresta associação, onde 10% dos recursos destinados às famílias vão para as associações comunitárias, e também um plano de investimento comunitário, onde cada comunidade que faz parte do programa recebe R$ 4 mil para aplicar na localidade.Para o coordenador do Instituto Socioambiental (ISA), Márcio Santilli, o Bolsa Floresta caminha num sentido positivo. Ele avalia que a importância do programa está em ir além das políticas de controle, mas ressalta que isso deve ser apenas um ponta-pé inicial para a construção de políticas públicas de maior "envergadura"."Creio que seja a primeira iniciativa nesse sentido do país e por isso pioneira no Amazonas. Evidentemente, precisamos pensar em um conjunto de políticas, não apenas só na remuneração das pessoas, mas em políticas que sejam estruturantes e que possam, a partir dessa remuneração, construir ações de maior envergadura na produção sustentável de maneira que essa bolsa não seja apenas uma bolsa que leve à passividade das pessoas", enfatiza Santilli.

O consultor do Centro Estadual de Mudanças Climáticas, Carlos Rittl, destaca que a idéia é a valorização dos produtos e serviços ambientais – como o de crédito de carbono e a proteção dos recursos hídricos - com a ajuda dos próprios comunitários.Quanto aos recursos, explica, são provenientes do Fundo Amazonas Sustentável, criado no segundo semestre de 2007 pelo governo do Amazonas – que aportou R$ 20 milhões."Futuramente, com novas parcerias e acordos, esse fundo irá crescer. Os recursos serão utilizados na implementação de diversos programas e entre eles a manutenção do próprio Bolsa Floresta. A meta é chegar a R$ 300 milhões paraalcançar o apoio desejado aos programas de forma significativa e efetiva. Não há um prazo ou cronograma para isso, mas já há vários outros representantes do setor privado que têm interesse nisso", antecipa Rittl.

Ainda de acordo com ele, as outras duas modalidades de bolsa são passos seguintes na implementação do programa. Ele revela que até 2010 pretende-se incluir 60 mil famílias no Bolsa Floresta, sem deixar de lado toda a orientação necessária aos comunitários envolvidos nessa ação.Para aderir ao programa, a comunidade passa por um oficina promovida pela secretaria visando a qualificação dos agentes comunitários para que eles entendam seu papel enquanto moradores de uma unidade de conservação. Além disso, existe um sistema de monitoramento do programa que passa pelo acompanhamento das famílias e ainda pela observação das florestas, onde via satélite, são verificados o controle - ou não - do desmatamento.

O Amazonas possui área equivalente a 1,5 milhões de quilômetros quadrados. Desse total, 428, 4 mil são terras indígenas, 260, 7 mil são áreas protegidas e 170 mil quilômetros quadrados são de áreas de conservação. Atualmente, segundo o governo do Amazonas, o estado comporta 34 unidades de conservação estadual em 17,4 milhões de hectares. Mais de 8 mil famílias residem nessas áreas.

Fonte: Agência Brasil

Planta invasora altera ecossistema em parque dos EUA

Jim Robbins

O verdejante vale de Lamar, no canto nordeste do Parque de Yellowstone, nos Estados Unidos, é famoso por sua fauna, especialmente as grandes manadas de bisontes e cervos, e as alcatéias de lobos que os caçam. Mas o aquecimento favorece o crescimento de uma planta não-nativa que está sobrepujando as outras. As conseqüências são o desequilíbrio ambiental e a formação de um novo ecossistema.

Ao caminhar pela região de Lamar no final do ano passado, Robert Crabtree, diretor científico do Centro de Pesquisa Ecológica de Yellowstone, em Bozeman, Montana, encontrou um vasto número de mudanças ecológicas em curso. O número de ursos e de gophers (animais semelhantes às marmotas) aumentou consideravelmente, no vale. Segundo Crabtree, a expansão foi possibilitada pela difusão de uma planta invasiva de origem mediterrânea, cujo crescimento é beneficiado pelo clima mais quente. "Estamos nos estágios iniciais de desenvolvimento de um novo ecossistema", diz ele, "e diferente do que tínhamos visto até o momento".

A planta, conhecida como cardo do Canadá, oferece alimento aos ursos de mais de uma maneira, mas também pode estar expulsando as plantas nativas, que não conseguem concorrer contra ela. O cardo do Canadá apareceu inicialmente na América do Norte centenas de anos atrás e existe em Yellowstone pelo menos desde o século XIX, segundo Crabtree. Devido à vasta extensão de seu sistema de raízes, é difícil eliminá-las por fumigação, e os funcionários do parque em larga medida abandonaram os esforços para controlar sua presença. E a elevação das temperaturas médias as beneficiou. As áreas ao longo do rio Lamar, que no passado eram pantanosas, terminaram por secar devido a uma seca iniciada por volta de 2000 e à medida que o solo perde a umidade, o cardo do Canadá se expande. Crabtree teoriza que seu ritmo anual de expansão no vale tenha dobrado desde 1989, quando ele começou a pesquisar o ecossistema local.

Planta traz o gopher

E aí surge o gopher miniatura, um animal muito enérgico, com peso de cerca de um quarto de quilo, que escava túneis de profundidade não muito grande. Os gophers adoram as raízes abundantes da planta, repletas de amido, e escavam por sob elas para encontrar os tubérculos. O que eles não comem, armazenam sob plantas ou rochas. A expansão dos gophers miniatura e do cardo do Canadá não é gradual, diz Crabtree, mas funcionam na forma de um loop acelerado de reforço positivo. À medida que os gophers escavam, eles revolvem o solo da superfície e criam o habitat ideal para ainda mais cardos do Canadá. Em outras palavras, os roedores ajudam na difusão da planta, e o crescimento do volume da planta na área ajuda a atrair mais gophers.
"Os animais estão, inconscientemente, cultivando sua fonte de alimento", afirma Crabtree. O número deles triplicou na região, desde o final dos anos 80, diz.

Gopher atrai ursos

De sua parte, os ursos descobriram os depósitos de comida dos gophers, e costumam saqueá-los. Como resultado, o vale de Lamar está repleto de buracos deixados pelos ursos que escavam em busca de raízes acumuladas pelos roedores. Os ursos também se alimentam dos gophers e de seus filhotes. Crabtree acredita que os ursos tenham começado a se alimentar a sério com essa nova fonte de comida em 2004 - um ano desfavorável para a produção de outro dos componentes da dieta básica ursina: as pinhas dos pinheiros de casca branca que são característicos da região. Agora, acrescenta o especialista, eles parecem ter transformado o consumo das raízes de cardos do Canadá e dos gophers miniatura em hábito.

Tom Oliff, o diretor científico do parque de Yellowstone, confirma que a temporada de crescimento do parque se expandiu em 20 dias ao ano, da metade da década de 90 para cá, o que pode explicar a difusão do cardo do Canadá. Oliff diz que o parque reduziu os esforços de controle porque indícios apontam que a planta passa por ciclos de expansão e contração, e que seu alcance provavelmente se reduziria naturalmente. Quanto à idéia de um novo ecossistema, Oliff responde que "é interessante. Será que é verdade? Uma boa pergunta". Charles Schwartz, líder de um grupo de estudos que pesquisa os ursos, diz que sua organização não tem como determinar se existem de fato mais ursos no vale, agora. "Acredito que o que ele esteja constatando seja verdade", afirma sobre o trabalho de Crabtree. "Não seria surpresa ver uma transferência de espécimes individuais para tirar vantagem do suprimento abundante de comida em algum lugar".Determinar se essas mudanças persistirão em prazo mais longo, diz ele, é outra questão.

À medida que as alterações climáticas modificam os ecossistemas, diz Crabtree, as espécies que sairão vitoriosas são aquelas que conseguem adaptar melhor seus sistemas de alimentação, como os ursos, que comem de tudo - de formigas a cervos -, e as que sairão derrotadas são as espécies mais especializadas, que não conseguem se adaptar. Ele diz que uma das espécies especializadas que se encontram em declínio é a da doninha de cauda longa. Ela se alimenta primariamente de ratos silvestres, uma outra espécie em declínio. As mudanças no vale de Lamar talvez apontem para uma nova abordagem com relação às espécies invasivas, que vêm sobrepujando muitos sistemas naturais. "As invasivas são a maior ameaça individual à biodiversidade", afirma Crabtree. Com a redução dos orçamentos dedicados ao controle de espécies invasivas, ele sugere um sistema de triagem. "Se você vai desistir de uma espécie", ele diz, "é melhor desistir de uma que tenha valor ecológico".

Fonte: The New York Times

Apenas 25% do esgoto coletado no país é tratado

Luana Lourenço

Os números do saneamento básico mostram que o Brasil ainda tem muito a avançar na data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) comemora o Dia Mundial da Água. O índice médio de coleta de esgotos no país é de 69,7%, sendo que o tratamento atinge apenas 25%. Os números são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades.

A ONU elegeu 2008 como o Ano do Saneamento e deve recomendar aos países a formulação de políticas públicas para universalizar o acesso a esse serviço. “No mundo todo, 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento e estão expostas diariamente a doenças, como diarréia e cólera”, aponta o representante da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), José Turbino.
Os números de coleta e tratamento de esgotos no Brasil refletem diferenças regionais históricas do país: no Sudeste, o índice de coleta é de 91,4%, já na região Norte, não chega a 9% das habitações. “Temos uma distribuição desigual do desenvolvimento e, evidentemente, a conseqüência disso é que as políticas públicas muitas vezes também acompanham esse desnível. [A diferença] é decorrência da falta de políticas de saneamento no âmbito nacional em sucessivos governos”, avalia secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Luciano Zica.

Entre as capitais, as diferenças chegam a mais de 90%. Enquanto em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre a coleta de esgoto atinge quase toda a população (com índices superiores a 85%), em Porto Velho, apenas 2,2% têm saneamento básico. Os dados fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento no país. “Um dos principais desafios do Brasil é a coleta e tratamento de esgoto, em especial nas áreas mais urbanizadas. Tivemos um período muito grande de descaso, há um déficit a ser cumprido. Temos que parar de transformar o Brasil, que é o país dos rios, no país dos esgotos”, alerta uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately.

Além de investimentos em programas de saneamento, Whately também aponta a necessidade de políticas específicas para tratamento de resíduos sólidos, avaliação compartilhada pelo representante do MMA. “A questão do ambiente urbano e dos resíduos sólidos foram agregadas ao debate dos recursos hídricos, que até bem pouco tempo eram políticas bem desfocadas. Teremos condições de trabalhar de forma harmônica segmentos que têm impactos diretos na qualidade da água; não há como dissociar a questão do lixo da boa gestão da água”, avalia Zica. O Ministério das Cidades prevê a aplicação de R$ 40 bilhões até 2010, no chamado PAC do Saneamento, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento.

A previsão de investimentos precisa ser cumprida para que o país alcance a meta estabelecida pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Fonte: Agência Brasil

Carbono negro é a maior causa do aquecimento global

A concentração de carbono negro na atmosfera, resultante da queima de combustíveis e biomassa, é a segunda maior causa do aquecimento climático depois das emissões de dióxido de carbono, segundo um artigo publicado hoje pela revista britânica Nature.

Um estudo realizado por especialistas das universidades da Califórnia e de Iowa indica que o carbono negro é uma substância que absorve a radiação solar e não permite que a radiação refletida pela superfície terrestre saia da atmosfera, por isso eleva a temperatura do planeta. O carbono negro pode viajar longas distâncias pela atmosfera terrestre, em um percurso no qual se mistura com outros aerossóis, como nitratos, sulfatos e cinzas. Esta mistura origina colunas de nuvens marrons de 3 a 5 quilômetros de espessura que não deixam que a radiação solar visível chegue à superfície terrestre, o que prejudica o ciclo do hidrogênio e aquece a atmosfera. Este fato é agravado porque a maior concentração do carbono negro ocorre nos trópicos, onde a radiação solar é maior. Além disso, a deposição de carbono negro pode também escurecer a neve e o gelo, aumentando sua absorção do calor local e contribuindo com o derretimento das geleiras e os pólos, em particular do Círculo Polar Ártico e da Cordilheira do Himalaia.

A queima de biocombustíveis, de combustíveis fósseis e de biomassa é a principal fonte de emissão do carbono negro na atmosfera. As maiores concentrações são dos países em desenvolvimento localizados nos trópicos e no leste asiático, especialmente grande parte do Brasil e do Peru, a Índia, o leste da China, o Sudeste Asiático, o México e a América Central. De acordo com o estudo, os efeitos do carbono negro são a segunda maior colaboração humana para o aquecimento do planeta, depois das emissões de dióxido de carbono.

Fonte: EFE

Convênio viabiliza início das pesquisas na Mata do Krambeck

Professores do Departamento de Botânica da UFJF recebem apoio da Hiper-Roll

O Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), professor Henrique Duque, assinou, no final da manhã desta quarta-feira, um contrato com a empresa Hiper-Roll Embalagens Plásticas que vai viabilizar a realização do projeto de pesquisa "Diversidade Florística da Área de Proteção Ambiental Mata do Krambeck", coordenado pela professora do Departamento de Botânica, Fátima Salimena. "Nosso objetivo é estimular ações em defesa do meio ambiente", disse o Reitor da UFJF.

Os recursos repassados pela empresa serão investidos na compra de material permanente e de custeio, além de pagamento de bolsas de iniciação científica. Haverá ainda a doação de dois computadores para o herbário da UFJF. "Entendemos que temos um papel social a cumprir", afirma o diretor da empresa Paulo Machado, que assinou o documento em conjunto com a Gerente de Recursos Humanos, Rosângela Vidal. De acordo com a Pró-Reitora de Pesquisa, professora Marta D'Agosto, a iniciativa da Hiper-Roll tem dois aspectos relevantes. O primeiro, pelo fato de estar apoiando pesquisa básica, sem interesse específico para sua linha de produção e, o outro, pelo fato de poder servir de estímulo a que outras empresas também se interessem pela proposta. O contrato é resultado de um encaminhamento realizado através do site FORDEPESq, mantido pela Pró-Reitoria de Pesquisa.

Segundo a professora Marta D'Agosto a proposta foi lançada aos pesquisadores para que apresentassem seus projetos e, assim, receber o investimento da empresa. Essa, esclarece a Pró-reitora, foi uma das ações pensadas com o objetivo de buscar parceiros na região para viabilizar o projeto de criação do jardim botânico. A parceria vai viabilizar ainda a troca de conhecimento entre a Universidade e a iniciativa privada. A solenidade contou ainda com as presença do Coordenador de Pesquisa, professor José Paulo Mendonça.

A pesquisa

Rosângela Vidal, Paulo Machado, Henrique Duque, Marta D'Agosto e José Paulo Mendonça
Com o apoio da empresa, a área coberta pela Mata do Krambeck, que estava envolvida em uma polêmica a respeito de seu desmatamento, vai se tornar um centro de pesquisas para a implantação de um Jardim Botânico. As pesquisas começarão com um estudo da flora local e, de acordo com a coordenadora do projeto, professora Fátima Salimena, "o objetivo é conhecer as espécies de plantas que fazem parte da mata e destacar aquelas com maior interesse de preservação".

A professora salienta que a comissão já vem visitando o local para estudar a composição da mata e a viabilidade de tornar real a construção do Jardim Botânico. Para isso, conseguiram que a proprietária permitisse a visitação do local, além de uma licença do Instituto Estadual de Florestas (IEF), órgão que executa políticas florestais sustentáveis. Essas pesquisas serão financiadas pela Hiper-Roll, empresa de embalagens que sedimenta práticas de cunho social e ambiental.

A Mata do Krambeck é a maior reserva urbana privada de Mata Atlântica do mundo (29,9 hectares), com grande importância sócio-ambiental. Os benefícios de sua transformação em Jardim Botânico serão grandes, entre eles, a conservação de espécies da fauna e da flora, a criação de um espaço de lazer e a conscientização ambiental na cidade. Segundo Fátima essa é a primeira vez que uma empresa local ajuda a financiar um projeto. Além da professora Fátima Salimenta, ainda estão envolvidos no projeto, os professores do Departamento de Botânica da UFJF - Luiz Menini Neto, Daniel Pimenta e Andréa Luizi Ponzo, além dos bolsistas Felipe Souza e Sabrina Roman. A professora afirma que a iniciativa contribuirá também para a criação de uma disciplina de campo, que permitirá aos alunos um estudo mais prático. Outras informações: 2102-3224 / 3967

Fonte: UFJF